Ossos, carne crua, vegetais, frutas, cereais e óleo. Essa é a base da chamada alimentação natural, ramificação da nutrição animal ainda pouco popular no Brasil. A ideia é alimentar seu cão com alimentos crus, que são ricos em vitaminas e nutrientes, e não sofrem intervenção de nenhum tipo de condimento ou processo industrial. A dieta foi criada por veterinários australianos na década de 1980, logo após a chegada das rações ao mercado. Os veterinários resolveram estudar a dieta dos lobos, composta basicamente de carne, e chegaram à proporção de 50% a 60% de ossos carnudos crus, 20%-25% de carnes desossadas com um pouco de vísceras e 1/4 de vegetais por refeição.
A comida é toda preparada em casa, aumentando a interação entre o dono e o pet, além de permitir que o responsável fique de olho no desenvolvimento do animal. ;Por conter peças com ossos crus, a dieta estimula a mastigação, o que ajuda naturalmente a remover a placa bacteriana e a manter os dentes e as gengivas dos cães saudáveis. A maioria dos cães adora a dieta, que é preparada com alimentos variados e minimamente processados;, explica a veterinária Sylvia Angélico.Segundo ela, até os cães mais enjoados para comer ração acabam devorando as refeições.
Entre os benefícios da alimentação crua, informa Sylvia, estão o aumento da resistência natural a infecções, o controle do peso, o hálito mais suave, as fezes mais secas e com menos odor, além da melhora no desempenho reprodutivo. Mas não é qualquer animal que se adapta ao cardápio. ;Cães com gastrite, com doença renal ou hepática, não devem receber esse tipo de dieta. Antes de colocar em prática qualquer medida, converse com o veterinário e se informe direitinho ; pesquise, leia, organize-se;, detalha Sylvia.
A veterinária Bárbara Lopes, por outro lado, prefere que seus pacientes sejam alimentados com ração. ;Existem estudos que tornaram a ração um alimento controlado e específico, que preenche a necessidade calórica de cada animal, sendo, portanto, muito mais segura;, afirma. Segundo ela, os ossos, mesmo crus, são perigosos, já que a mandíbula do cão é forte o suficiente para lascar o osso, o que pode perfurar algum órgão do animal ao ser deglutido. Além disso, se a carne não for confiável, pode oferecer risco de verminose para o cão por ser servida crua. ;A carne crua realmente tem mais nutrientes, tanto é que recomendamos fígado cru para pacientes anêmicos, mas é preciso ter bastante cuidado com a procedência. Normalmente, indico a dieta natural apenas para cães que não comem ração;, explica. A veterinária lembra ainda que a ração é muito mais prática, uma vez que já está pronta e pode ser carregada em viagens.
A criadora de pugs Willyane Pessoa adotou a ideia há dois anos e conta que nunca se arrependeu. ;No começo é complicado preparar a refeição e ver seu cachorro comendo carne crua, mas os benefícios ultrapassam os receios. Alimento meus cães com a alimentação natural há dois anos e não preciso levá-los ao veterinário por motivos de saúde há mais de um ano;, conta. Segundo Willyane, sua casa não tem mais cheiro de cachorro, os cães não têm bafo ou alergias e têm seus dentes limpos graças ao hábito de roer ossos. Para que os pugs não enjoem, a criadora reveza os tipos de carne ; inclui também ovos cozidos e peixe, além de coração, língua e músculo de boi. ;De vez em quando, coloco um filetinho de alho para expulsar pulgas e carrapatos;, lembra. Willyane explica que separa um dia do mês para comprar a carne, preparar e congelar as porções e gasta apenas R$ 200 por mês para alimentar seus nove cães.
Agradecimentos: Cachorro Verde, Clínica Veterinária Dogs e Mitzi.
Cuidados ao preparar a comida
- Desinfete as carnes com vinagre de maçã. Depois, retire o excesso do condimento com água, de preferência, filtrada.
- Tão logo separe as porções, congele-as no freezer. Acondicione os tupperwares ou saquinhos sem amontoá-los, permitindo um espaço entre eles para que o ar gelado os envolva.
- De preferência, só ofereça carnes que estiveram congeladas no seu freezer por um mínimo de cinco dias. Esse procedimento mata boa parte dos helmintos (vermes) e outros parasitas que, por ventura, estejam na carne.
- Evite oferecer carne moída crua. A própria máquina de moagem já pode contaminar as carnes, e, além disso, o processo espalha micro-organismos superficiais da peça por toda a carne.
- Nunca ofereça ossos cozidos ao pet. Durante o cozimento, eles endurecem e perdem nutrientes, tornando-se perigosos.
- Não deixe o alimento exposto ao ar livre por mais de 30 minutos. Se o pet não o comeu, guarde-o na geladeira para oferecer mais tarde. Carnes geralmente permanecem boas para consumo por até 48 horas na geladeira.
Fonte: Cachorro verde
Alimentos proibidos para cães e gatos
- Chocolate
- Ossos cozidos (com exceção do pescoço de frango leve a moderadamente cozido)
- Cebola e alimentos preparados com cebola ;Mesmo em pequenas quantidades, o n propil dussulfito das cebolas pode provocar um tipo grave de anemia nos pets.
- Batatas, inhame, mandioquinha e cará crus ; Apresentam solamina, uma toxina que pode deprimir o sistema nervoso central e provocar distúrbios gastrointestinais.
- Abacate ; Contém persina, uma substância que pode causar desarranjos gastrointestinais.
- Linhaça crua ; Contém ácido erúcico, que pode intoxicar os pets.
- Açúcar e alimentos açucarados ; Podem levar os pets à obesidade, a ter cáries e a apresentar diabetes.
- Frituras
- Alho ; O alho é um santo remédio, mas em excesso causa anemia nos pets. Não ofereça mais do que uma fina lâminazinha (cerca de 1/6 ou 1/7) de um dente de alho cru por dia.
- Macadâmia, naturalmente rica em uma toxina que pode causar até paralisia muscular nos cães.
- Chá preto
- Café
- Bebidas alcoólicas
- Batata germinada
- Brotos de batata
- Pimenta
- Uva e uva passa ; Muitos cães adoram uvas e passas, mas elas possuem uma toxina não identificada que pode provocar sérios danos renais aos cães.
- Adoçantes
- Refrigerantes
- Folhas e caules de tomate
- Folhas de abacate
- Folhas e caules de batata
- Ruibarbo
- Folha de berinjela
- Folha de beterraba
- Sementes de frutas (podem liberar cianeto no estômago, como no caso das sementes de maçã).
Fonte: Cachorro verde