A inspiração que rege o universo criativo dos artistas tem as mais diversas procedências. Picasso buscou matéria-prima artística nas guerras bascas; Claude Monet, nas cores dos jardins franceses; e Tarsila do Amaral, na arquitetura barroca das cidades mineiras. Na gastronomia, o processo de criação não é diferente. As inspirações surgem de qualquer forma, cheiro ou sabor novos que chamem a atenção do chef. Nesse quesito, um detalhe é unanimidade: nada melhor que novos ares e paisagens para despertar a imaginação. A banqueteira Renata La Porta, por exemplo, leva essa teoria às últimas consequências e, em busca de aventuras e inspirações culinárias, já rodou a África, a Ásia, a Polinésia, a Europa, o Oriente Médio e até a Oceania. ;Não tenho restrições. Qualquer viagem me interessa e me inspira;, diz.
A mania de viajar foi motivada pelas experiências gastronômicas pelo mundo, que marcaram sua infância. ;Lembro direitinho de coisas que eu comi em viagens com meus pais, quando era menina. Lembro-me especialmente de um Linguini com vongole que eu comi em Genebra, em um restaurante italiano chamado Roberto, que nem sei se ainda existe. Nunca esqueço, tinha 8 anos;, conta. Enquanto a irmã ficava no hamburger com batata frita, Renata saboreava escargots, rãs, trufas e tudo o mais que viesse à mesa. ;Acho que todas as minhas viagens ficaram marcadas por algum sabor em especial. E eu acabo trazendo isso para a minha cozinha.;
Por exemplo, na viagem que fez à Polinésia Francesa, onde passou a maior parte do tempo em Bora Bora, trouxe a ousada mistura de frutos do mar com coco e flores. ;A inspiração virou um prato que já fizemos muito para os buffets de Brasília, que era de peixe com coco e manga. Era maravilhoso, e quando eu provava sempre lembrava da viagem;, revela. Já o tour para a Tunísia e o Marrocos foi responsável por um dos pratos mais desejados da chef, um tangine de cordeiro com ameixas, além do mel de alecrim. Da viagem pelo Alaska, trouxe para Brasília os king crabs, espécie de crustáceos gigante que, apesar de muito caro, faz sucesso entre os clientes. ;Tem também a influência que as viagens pela Itália exercem. Sou apaixonada pela comida italiana, mesmo que, em geral, o que faço está mais próximo da culinária francesa. Mas a gente pega o que cada lugar tem de bom;, pontua, recordando viagem pela Ásia. ;Era incrível como os mercados de lá só vendem alimentos vivos. Você não acha peixe no gelo. Está tudo em grandes aquários. Essa coisa da comida sempre fresca, eu também tento trazer, da maneira que é possível, para a nossa rotina.;
A dica para os viajantes que querem unir o turismo à experiência gastronômica é pesquisar. ;Quando eu era nova, meus pais pediam para gente buscar nas enciclopédias sobre os países que iríamos conhecer. Nesse meio tempo, minha mãe fazia jantares com os pratos típicos desses países. Hoje, também sempre pesquiso antes de partir. Tento descobrir os melhores restaurantes, leio livros, participo de fóruns virtuais. Porque se você chega em uma cidade nova sem nenhuma informação, acaba comendo nos restaurantes turísticos, que quase sempre são ruins. Outro jeito é conversar com os locais, saber onde o povo come ; sempre rende uma experiência gastronômica genuína.; Para a Revista, La Porta preparou receitas inspiradas em suas andanças.
Ingredientes:
3 colheres de (sopa) de manteiga
2 colheres de (sopa) de azeite extravirgem
600g de camarões médios (descascados e eviscerados)
2 xícara de arroz carnaroli
Raspas das cascas de 2 limões sicilianos
Suco de 1 limão siciliano (coado)
1 xícara de vinho branco seco
1,5 litros de caldo de peixe com legumes
Parmesão ralado a gosto
1 cebola picada
Sal e pimenta-do-reino moída na hora (a gosto)
Como fazer:
Tempere os camarões com o suco de limão e sal. Refogue os camarões com 1 colher de manteiga misturada a 2 colheres de sopa de azeite até ficarem levemente dourados. Reserve.
Na mesma panela, coloque o restante da manteiga e a cebola. Refogue.
Aqueça o caldo e o mantenha em fogo baixo. Junte o arroz e as raspas de limão à panela com a cebola. Refogue por 2 minutos. Adicione o vinho e espere evaporar.
Adicione uma concha de caldo por vez e mexa sem parar. Volte a adicionar mais caldo quando o anterior tiver sido absorvido. Continue até que o arroz esteja al dente (20 a 25 minutos).
Desligue o fogo, junte os camarões, o suco, o parmesão e acerte o sal. Sirva imediatamente.
Ingredientes:
500g de um peixe branco firme
1 cebola ralada
2 cabeças de alho finamente laminadas
4cm de gengibre fresco finamente laminados
1 pimenta-chilli finamente laminada
1 colher de chá de curcuma
5 colheres de sopa de óleo vegetal
3 colheres de sopa de caldo de peixe
2 colheres de sopa de saquê
4 cebolinhas picadas
1/4 maço de dill fresco picado
sal e pimenta-do-reino moída na hora (a gosto)
100g de amendoin descascado, tostado e triturado para decorar
Como fazer:
Limpe o peixe, retirando os ossos e a pele. Corte em cubos de 3cm e separe em uma vasilha de vidro ou cerâmica. Rale a cebola em um ralador de queijo para formar uma polpa grosseira. Em uma tigela, misture a cebola, o alho, o gengibre e a pimenta.
Adicione a curcuma, 2 colheres de sopa óleo, o caldo de peixe, o saquê e mexa.
Coloque essa mistura nos cubos de peixe e deixe marinar no refrigerador de 2 a 3 horas.
Para o molho, aqueça as 3 colheres de sopa de óleo restantes em uma frigideira aquecida em fogo médio. Adicione a cebolinha e o dill. Frite por 2 minutos até soltar a o cheiro. Tire do fogo e permita a infusão.
Mergulhe uma porção de palitos de bambu de coquetel na água fria por, no mínimo, 30 minutos para evitar que queime. Esquente a panela. Espete pedaços de peixe marinado no palitinho de bambu. Tempere com sal e pimenta-do-reino.
Grelhe os brochetes por 2 minutos de cada lado, misture com a cebolinha e o dill enquanto
grelha. Após cozido, decore com o amendoim triturado, sirva quente e com limão nas
bordas.
Serviço
Renata La Porta
Comércio local da QI 9, bloco D, loja 70, Lago Sul
3364-6006 |