A noiva do momento é Kim Kardashian. A socialite é protagonista do reality show Keeping up with the Kardashians e vai se casar em 20 de agosto com Kris Humphries, jogador de basquete do New Jersey Nets. Ela anunciou que vai tirar o sobrenome de solteira e colocar o do futuro marido ; como manda a tradição norte-americana. Mas Kris Jenner, mãe e empresária de Kim, há semanas vem criado polêmica com a decisão. Ela deu diversas entrevistas em sites de fofocas dizendo que está tentando convencer a filha a manter o sobrenome de solteira, pois foi o Kardashian que a fez famosa junto com as irmãs Kourtney e Khloé.
O programa é sucesso de público há seis temporadas. E as três irmãs construíram um pequeno império de produtos licenciados com o nome Kardashian. O sobrenome virou uma marca. São esmaltes, perfumes, linha de sapato, elástico de cabelo e roupas. Além de três lojas ; em Nova York, Miami e Los Angeles ; com o nome D-A-S-H, derivado do sobrenome. Kim Kardashian é a mais famosa das três e com o maior número de contratos. Por isso, a preocupação da mãe ; que ganha 10% de comissão em cima de qualquer negócio das filhas ; é que Kim perca oportunidades de trabalho se trocar nome. Khloé, a irmã caçula, casou-se em 2009 com Lamar Odom, jogador de basquete do Los Angeles Lakers, e acabou acrescentando o nome do marido sem tirar o sobrenome que lhe fez famosa. Hoje, é conhecida como Khloé Kardashian Odom.
A questão do nome de casada não afeta apenas as celebridades. É uma decisão que qualquer noiva de qualquer lugar tem que pensar. Na hora de fazer o pedido do registro matrimonial em cartório, antes da cerimônia, é preciso decidir o regime de bens e a situação do sobrenome do casal. Antigamente era fácil, a mulher tirava o nome dos pais e adotava o sobrenome do marido. Mas, desde 1977, com a Lei do Divórcio, ela tem a opção de usar o nome de solteira ou acrescentar o do marido. E com a mudança do Código Civil em 2002, o homem passou a poder adotar o nome da mulher. Tantas opções de variações criou uma confusão na cabeça dos casais: como criar um novo sobrenome para a família moderna?
Keeping up with the Kardashians
O clã Kardashian sempre foi rico. Robert Kardashian, pai de Kim, Kourtney e Khloé, foi o advogado de OJ Simpson na época do lendário julgamento de assassinato da mulher do lutador. Quando Kris, a mãe, se separou de Robert, ela se casou com o corredor e medalhista olímpico Bruce Jenner. Mas a família ganhou status de celebridade em 2007 quando Kim apareceu em um vídeo caseiro fazendo sexo com o então namorado, o rapper Ray J. A família vendeu os direitos de imagem do vídeo para uma produtora de filme pornô e lucrou US$ 5 milhões. No mesmo ano, eles lançaram no canal E! o reality show Keeping up with the Kardashians, que contava a história dessa família milionária. O programa até hoje é produzido e já rendeu três novas séries: Kourtney and Khloé take Miami, Kourtney and Kim take New York e Khloé & Lamar. Aparecem lá as três irmãs e o irmão, com a mãe, o novo marido e as duas filhas do segundo casamento. Tanta fama lhes rendeu três lojas, produtos licenciados, contratos de propaganda e capas de revistas. Mas a família ganha dinheiro mesmo cobrando por aparições em eventos. Kim chega a cobrar US$ 250 mil e as irmãs, US$ 25 mil cada.
Kris Jenner
A própria mãe de Kim teve problemas com o nome de casada e solteira. Apesar do seriado se chamar Keeping up with the Kardashians, há duas décadas ela não usa o sobrenome. Kris se casou com Robert Kardashian em 1978 e adotou o nome do então marido até o divórcio, em 1990. Quando ela se casou, em 1991, com Bruce Jenner, passou a assinar Kris Jenner. Na última temporada do seriado ; que está no ar nos Estados Unidos e ainda não começou a passar no Brasil ;, ela cogita adotar novamente o nome do ex-marido. Robert morreu em 2003, o que tornaria o processo mais complicado. Mas as filhas não gostaram nada da ideia e ajudaram Bruce a convencer Kris a deixar o nome como está. O que não se faz por dinheiro?
Trocar ou não trocar? Eis a questão
Quando o assunto é mudança do nome, diversas questões são levantadas pelas noivas. A primeira é sempre o feminismo. Há quem defenda a tese de que adotar o sobrenome do marido é submisso e antiquado. Mas com a inserção da mulher no mercado de trabalho, essa questão tomou um viés mais prático. Muitas mulheres acabam construindo um nome profissional antes de se casar. A alteração dele pode dificultar o reconhecimento no ambiente de trabalho. O maior discurso hoje em dia, entretanto, é a praticidade. Muitas noivas têm preguiça da burocracia de trocar todos os documentos ; e na eventualidade de um divórcio alterá-los novamente.
No outro lado da moeda estão meninas que acreditam que adotar o nome do marido é um rito de passagem. A construção de uma nova família. É menos uma questão conservadora e mais de tradição. Outro argumento comum é que as mulheres querem ter o mesmo sobrenome dos filhos. Por isso, colocam o do marido. Mas as mulheres que têm filhos de um relacionamento anterior têm tido problema com a tradição. ;Uma mudança muito drástica no nome pode atrapalhar na identificação mãe e filho. Se essas mulheres fizerem questão, elas devem apenas acrescentar o novo sobrenome e não alterá-lo por completo;, aconselha a advogada e professora de direito da família da UnB Suzana Viegas.
A nova moda, entretanto, é que o homem adote o nome da mulher e a mulher o do homem. Assim, cria-se um novo sobrenome. Acaba-se com a discussão do feminismo e leva para outro patamar o argumento da criação de um sobrenome para a nova família. ;No fim das contas, a decisão é estritamente pessoal. Mas é importante avaliar o quanto vai afetar a sua carreira, a vida de familiares e se é realmente desejo do noivo e da noiva;, argumenta Suzana. Para pegar argumento dos dois lados, a Revista conversou com duas noivas jovens e que tomaram duas decisões diferentes sobre a questão do nome.
As questões jurídicas
- Não existe regra para mudar o nome. Acrescentar o do cônjuge tem sido o mais comum. Mas pode-se suprimir ou substituir um ; ou mais ; de solteiro. Não importa se é o nome paterno ou o materno.
- Desde a Lei do Divórcio, de 1977, não é mais obrigatório trocar de nome ao se casar. Isso é uma opção do casal. Com a mudança do Código Civil em 2002, tanto o homem quanto a mulher podem acrescentar o nome do cônjuge.
- Quando trocar o nome, deve-se alterar todos os documentos. Andar com a documentação antiga pode causar complicações de identificação.
- A escolha deve ser tomada com cuidado, pois é muito difícil voltar ao nome de solteira sem um processo de divórcio.
- Deve-se considerar como essas mudanças vão afetar a sua vida profissional e a de familiares ; como os filhos de um relacionamento anterior. Por isso, o ideal é que não se faça mudanças bruscas.
- No divórcio, a pessoa tem direito de continuar com o nome de casada. Se quiser voltar ao de solteiro, deve ser requisitado no processo.
- Quem quer ficar com o nome após o divórcio pode se justificar por motivo profissional ou pessoal.
- Caso um dos cônjuges não aceite que o companheiro continue com o nome, ele tem que provar a culpa do parceiro no divórcio. A culpa é determinante nessa parte do processo.