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De olho na validade

Veterinários alertam: não adianta manter a carteirinha de vacinação do pet em dia se o medicamento estiver vencido

postado em 01/09/2011 18:26

Veterinários alertam: não adianta manter a carteirinha de vacinação do pet em dia se o medicamento estiver vencidoA maioria dos donos de pets busca protegê-los de doenças logo no nascimento, com as vacinas de praxe. A atitude garante que os recém-chegados não tenham problemas de saúde em um futuro próximo. Mesmo assim, alguns cuidados devem ser observados, de modo a evitar casos como o do gato Pança, de sete meses. O bichano recebeu um lote vencido de medicamentos.

;Eu tinha esquecido a carteirinha de vacinação e só fui perceber o problema (da data de validade) quando cheguei em casa e colei os adesivos das vacinas na carteira do Pança;, relata o dono do felino, o estudante de marketing Raphael Prado, 25 anos. A surpresa foi ainda maior por conta do descaso do profissional que acompanhava o animal desde filhotinho. ;Ele disse que, como não teve efeito colateral, não havia nenhum problema. Nem se desculpou pelo erro;, desabafa.

A atitude de Raphael, então, foi pedir pelo reembolso das vacinas e procurar outro especialista. ;O principal problema das vacinas vencidas é o fato de o dono achar que o pet está protegido, mas, na realidade, não está. Continua o risco de pegar doenças das quais deveria estar imunes;, explica o veterinário Carlos Vilarim Muniz.

Fiscalização
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do DF (CRMV-DF), atualmente, no Distrito Federal, existem 115 clínicas veterinárias ativas. Além disso, estão em funcionamento 146 consultórios veterinários e 13 hospitais veterinários, incluindo o da Universidade de Brasília (UnB). O CRMV calcula que, dos 2.850 profissionais veterinários e zootecnistas cadastrados, somente 903 exercem a atividade.

O presidente do conselho, Ricardo Miyasaka de Almeida, diz que são raros os incidentes com vacinas fora da validade, visto que há fiscalização das lojas, além da exigência de alvará de funcionamento, de CNPJ reconhecido e de inscrição no conselho. Miyasaka, porém, lamenta o fato de que apenas dois fiscais estejam disponíveis para todo o DF. ;O ideal seriam quatro ou cinco, mas, como ainda somos um conselho relativamente novo (criado em 2004), estamos buscando a solução;, diz.

Hoje, para funcionar regulamente, um pet shop deve contar com a presença de um zootecnista ou de um veterinário por, no mímino, 6 horas por semana. A carga de trabalho é muito baixa, avalia a entidade. "Eventuais problemas seriam minimizados pelo aumento e desse horário para, ao menos, 40 horas semanais ; além de melhorias dos salários e contratação, por tempo integral, de técnicos", analisa Miyasaka.
Em condições ideais
As geladeiras para a conservação das vacinas devem ter um termômetro apropriado, instalado na parte interna, e um indicador de temperatura (que deve variar de 2;C a 8;C) do lado de fora, de modo a facilitar o controle das condições de armazenamento. Os medicamentos jamais devem congelar, pois podem perder suas propriedades.

Para evitar que o produto estrague durante quedas de energia, é preciso que o estabelecimento tenha um gerador à disposição. Segundo Carlos Vilarim Muniz, uma boa alternativa para os profissionais é comprar quantidades maiores das substâncias e deixar o armazenamento por conta dos fornecedores. ;À medida que precisamos, solicitamos às empresas as vacinas já compradas. Assim, também temos a garantia de que, caso a validade vença, a troca já será feita no próprio fornecedor, que tem o controle do estoque;, explica.

Como funcionam a imunização
As vacinas são fabricadas com vírus ou bactérias mortas ou inativadas. O sistema imunológico reconhece a inoculação desses organismos e deflagra um combate, produzindo anticorpos. É uma espécie de alarme falso, já que os vírus e bactérias injetados não são capazes de causar doenças ao animal. Costuma haver doses de reforço. Após esse processo, o pet estará apto a reagir à presença dos organismos realmente nocivos.

Para vacinar
Gatos
Após fazer o exame clínico do animal ; por exemplo, com controle de peso e vermifugação ;, o veterinário decide se o felino tem condições de tomar a vacina sem riscos de ficar doente. A indicação é que os gatos sejam vacinados com 45 dias de vida, sendo necessárias três idas ao veterinário. A vacina chama-se Feline 4, por combater as quatro doenças mais comuns nessa idade: rinotraqueíte, calicivírus, panleucopenia felina e clamidiose.
Depois de 21 dias, o dono deve levar o bicho para um reforço. Há outro período de descanso antes da última dose. A partir daí, recomenda-se vacinar apenas uma vez ao ano. É importante lembrar que, após seis meses de idade (isso vale para cães também), deve ser ministrada a vacina de raiva.

Cães
Também recomenda-se vaciná-los com cerca de 45 dias de vida, mas, diferentemente dos gatos, eles voltam ao veterinário para reforçar a vacina quatro vezes. A principal dose é a da vacina múltipla ; V8 ou V10 ;, que os protegem das sete doenças mais comuns em filhotinhos (cinomose, hepatite infecciosa canina, adenovírus tipo 2, parainfluenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose). Além do preço, a principal diferença dos dois tipos de vacina é o fato de a V10 combater dois tipos de leptospirose a mais.
A segunda dose ocorre 21 dias depois. Desta vez, também são combatidos possíveis problemas respiratórios. Mais 21 dias e é a vez do terceiro reforço. Por fim, após igual período de espera, o pet recebe sua última dose. A partir daí, recomenda-se vacinar o cão uma vez ao ano.

Agradecimentos:
ISA ; Instituto de Sanidade Animal

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