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Amigos rastejantes

Exóticos e independentes, os répteis têm sido cada vez mais adotados como animais de estimações. No Brasil, porém, há um legislação rigorosa para a sua criação

postado em 13/10/2011 18:39

Exóticos e independentes, os répteis têm sido cada vez mais adotados como animais de estimações. No Brasil, porém, há um legislação rigorosa para a sua criaçãoSeja por admiração ou pelo exotismo das espécies, os répteis sempre chamam a atenção. E, por serem mais independentes e necessitarem de cuidados mais simples do que os dispensados aos tradicionais bichos de estimação, a compra deles como pets tem aumentado no mundo. No Brasil, no entanto, não é tão fácil adquirir um amigo réptil. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no país, apenas é possível a comercialização por criadores autorizados e legalizados, e somente as seguintes espécies podem ser vendidas: tigre d;água brasileira; jabuti (tartarugas); jiboia; jiboia arco-íris (cobras) e iguana (lagarto).

Mesmo sabendo de todas as dificuldades legais, os professores Alexandre Sales, 33 anos, e Maione Fernandes, 36, não desistiram de ter um amigo réptil. Por isso, antes de comprarem a jiboia macho Hassan, há quatro anos, seguiram à risca a recomendação de especialistas. Fizeram muitas pesquisas para identificar o lugar certo para adquirir o pet e para entender as necessidades do animal e o tipo de alimentação ideal. O casal participou ainda de grupos de discussão e comunidades em redes sociais para conhecer melhor o animal.

Ter uma cobra como bicho de estimação era um sonho antigo de Maione ; nunca autorizado pelos pais. ;Assim que casamos, minha mulher me perguntou se eu toparia criar uma cobra. Levei um susto. Mas, quando pegamos no animal pela primeira vez, decidimos seguir adiante;, diz Alexandre. Depois de serem selecionados em uma lista de espera de reserva dos animais, puderam ter a primeira jiboia. ;Foi bem tranquilo cuidar dele e decidimos, três meses depois, comprar uma fêmea, a Naja, para fazer companhia ao Hassan;, conta o professor.

A relação entre o casal e os répteis é tão boa que Alexandre conta que costumam sair com as cobras para tomarem sol em parques do Distrito Federal ; evitando, claro, chamar a atenção. ;As pessoas têm medo, por isso vamos para lugares mais afastados dentro dos parques. Além disso, andamos com nossas autorizações e avisamos às autoridades para não ter problemas;, explica.

Tudo legal
A discussão e as restrições para adquirir um pet réptil giram em torno da criação da chamada Lista Pet, surgida com a resolução Conama n; 394/2007, do Ibama. Segundo a instituição, a lista ainda não foi publicada porque necessita de muitos estudos e critérios técnicos para a aprovação. Também não há consenso sobre as espécies a serem liberadas para criação e comercialização. Segundo o veterinário Pedro Henrique Siqueira, o interessado em cuidar de um réptil deve, em primeiro lugar, garantir que a compra seja legalizada. Para isso, é necessário que o dono guarde a nota fiscal e se certifique de que o pet tem microchip com suas informações (no caso dos répteis) ou anel identificador (aves).

Em Brasília, atualmente, existe o grupo Criadores de Animais Silvestres Nativos e Exóticos do Distrito Federal (CaseDF), criado para conscientizar a população sobre a importância de preservar e respeitar os animais, sem maus-tratos, e combater o tráfico. ;O projeto visa a revisão das normas vigentes que inibam ou restrinjam, por qualquer meio, ou de qualquer forma, o desenvolvimento da criação e reprodução da fauna nativa e exótica;, apresenta-se o grupo em seu site. De acordo com o presidente do CaseDF, Wesley Lara, qualquer pessoa pode ser membro ; criador ou não. A única exigência é que os interessados sejam apaixonados por animais.

Atualmente, os répteis ainda representam muito pouco na comercialização brasileira de animais silvestres ; 0,1%. No topo do ranking estão os passarinhos (90%), seguidos dos psitacídeos (araras, papagaios, periquitos) e outras espécies de aves (9%). O Ibama também alerta que, em nenhuma hipótese, o animal deve ser solto no meio ambiente. Assim, evita-se o desequilíbrio ecológico com as espécies que já vivem naquele meio. Por isso, os interessados devem ter certeza de que não desistirão de cuidar do seu amigo.

Como cuidar
O veterinário Siqueira explica que é muito importante que seja feita limpeza diária do terrário ; local criado para reproduzir o ambiente natural, com galhos, para os répteis subirem, e pedras de aquecimento, usadas para que os animais se aqueçam no período frio. Assim, previne-se o aparecimento da doença conhecida como salmonelose ; causada pela bactéria salmonella. O problema pode provocar meningite e desequilíbrios gastrointestinais graves em humanos.

Outra dica é sempre ter um termômetro para medir a temperatura e a umidade do lugar. Dependendo da espécie, é importante que o espaço conte tanto com água quanto com uma área seca para os animais tomarem sol. Para o veterinário Rafael Bonorino, essa preocupação com o banho de sol, aliada com uma boa alimentação, é fundamental para a saúde dos pets porque ajuda na prevenção da descalcificação (perda de cálcio) e consequente fratura espontânea de ossos. ;Os répteis conseguem transformar a vitamina D do sol em D2 e D3, essenciais para metabolizar o cálcio e formar ossos fortes;, explica. Mais uma importante dica é vermifugar o pet de três em três meses e, a qualquer diferença notada no animal ; coloração, por exemplo ;, levá-lo ao veterinário.

A alimentação, de acordo com Siqueira, varia em cada espécie, mas, de uma maneira geral, as tartarugas e os lagartos devem ser alimentados diariamente com coquetéis de frutas, legumes, verduras ou rações específicas. Já as cobras são alimentadas, geralmente quinzenalmente. No caso delas, o recomendável é uma alimentação à base de ratos, comprados de fornecedor credenciado.

Agradecimentos
Point Animal
Zoológico de Brasília

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