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Amigos também da natureza

Você já parou para pensar quanto lixo o seu mascote está produzindo? Os donos precisam estar atentos para não transformar o pet em um poluidor tamanho família

postado em 27/11/2011 08:00

Você já parou para pensar quanto lixo o seu mascote está produzindo? Os donos precisam estar atentos para não transformar o pet em um poluidor tamanho famíliaEm tempos de preocupação ambiental, o cuidado com os pets também se transforma. Atitudes simples podem ajudar no reaproveitamento de materiais, sempre em nome de uma atitude mais sustentável. Segundo a veterinária Simone Bandeira, alguns donos se excedem na compra de objetos, roupas e apetrechos que logo serão descartados. "Chegamos a um ponto em que as pessoas estão confundindo animais, especialmente cães e gatos, com humanos. No entanto, eles têm uma natureza própria e isso precisa ser observado", alerta.

Para Simone, as consequências desse equívoco são muitas. "O animal, às vezes, fica vaidoso, deprimido ou ciumento. O cão é um bicho de matilha, que anda em grupo. Se for muito mimado, começa a se achar o dono do humano", explica. O veterinário Fábio Barreto também faz um alerta: "Humanizar demais cães e gatos pode causar transtornos, como ansiedade, estresse e agressividade. Em alguns casos, eles também podem desenvolver problemas de pele e fungos com o uso de roupinhas". Por isso, os donos precisam ser criteriosos ao visitar um petshop incrementado.

Mas, se embalar o mascote em fraldas é um exagero, deixá-lo defecar nos jardins e passeios públicos não é nada legal (veja SAIBA MAIS) para a vizinhança e para o meio ambiente. O descarte de fezes de cães e gatos é mesmo complicado. Muita gente bem intencionada recolhe os dejetos com pazinhas. Até aí tudo bem, o problema é o uso de sacos plásticos para acomodá-las. É verdade que já existem nos mercados saquinhos biodegradáveis eco-friendly, que levam até 18 meses para se decompor na natureza, bem menos do que os convencionais (que duram até 5 séculos). Mas, na dúvida, o melhor é jogar os excrementos diretamente no vaso sanitário.

Está prometido para o ano que vem o lançamento de uma engenhoca mirabolante desenvolvida pela Universidade Hebraica de Israel. "Em vez de transferir o problema de um lugar para o outro (sacos plásticos), nossa solução vai eliminá-lo totalmente", diz o site que comercializará o AshPoopie. Basta depositar a sujeira em um compartimento que o mecanismo começará a triturá-la, transformando-a em cinzas inodoras dentro de poucos segundos. Inacreditável?

Quem não quer esperar até o ano que vem para adotar métodos ecologicamente corretos pode se inspirar na servidora pública Sônia, 48 anos, e no empresário Fernando Gargiulo, 50. O casal é dono dos animados Simba e Zeca e procura reaproveitar tudo, desde os sacos de ração (que viram sacos de lixo) até as garrafas pet, que se tornam brinquedos adorados pelos dois golden retrivier. Fernando explica que o hábito foi adquirido quando a família morava em um sítio. "Lá, ser sustentável era comum. Separávamos os lixos e até armazenávamos água da chuva. No caso dos cães, usávamos as fezes como adubo, após compostagem", detalha. Para dar prosseguimento a esses hábitos, em breve, eles montarão uma composteira (veja box) no quintal da casa nova.

SAIBA MAIS
Deixar sujeira de cachorro espalhada pela rua é crime. A Lei Distrital n; 2.095, de 1998, obriga o cidadão a coletar as fezes de seu animal doméstico deixadas em espaço público. Para quem não está convencido com a necessidade de legitimar tal necessidade, vale frisar que as fezes não coletadas geram mais que mau cheiro e desconforto para aqueles que têm o infeliz infortúnio de pisar nelas. Cocô na rua atrai vetores de doenças. Por exemplo: seu filho desce para brincar na grama e, dias depois, aparece com bicho geográfico no pé. É bem provável que a culpa seja de um dono que desumpriu a lei. A multa, aplicada pela Agência de Fiscalização (Agefis) do Governo do Distrito Federal, é de R$ 50.

O QUE DIZ A LEI
O artigo 3; da Lei Distrital n; 2.095/98 não deixa dúvidas: "Os proprietários são responsáveis pela manutenção dos animais em boas condições de alojamento, alimentação, saúde e bem-estar, pela remoção dos dejetos por eles deixados nas vias públicas, bem como pelos danos que causem a terceiros".

COMPOSTEIRA

É um recipiente onde se deposita todo o lixo orgânico produzido na casa: de folhas secas a restos de comida, passando pelas fezes dos animais domésticos. Com o passar do tempo, esse material se decompõe e pode ser usado como adubo. Veja como montar a sua:

1) Escolha um recipiente, pode ser cesto de lixo com a tampa furada.

2) Enterre-o, deixando espaço suficiente no topo para levantar e recolocar a tampa.

3) Acrescente uma camada de cascalho no fundo do cesto.

4) Recolha as fezes de seu cão e coloque dentro da composteira. Tampe com firmeza. Uma vez por semana, levante a tampa e polvilhe composto ou enzimas (encontradas na loja de construção mais próxima ou em lojas de jardinagem), obedecendo as instruções da embalagem.

5) Acrescente uma camada de cal ou bicarbonato de sódio periodicamente se o odor estiver incomodando. O adubo estará pronto em alguns dias.

Uma conta que pouca gente faz
O Brasil é dono da segunda maior população de cães domésticos do mundo ; aproximadamente 33 milhões, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação. Dar banho nessa cachorrada toda tem um custo nada pequeno para o meio ambiente, especialmente se consideramos o uso de água quente e de secadores. Daí a importância de saber: higiene excessiva faz mal para o melhor amigo do homem.

Segundo o veterinário Fábio Barreto, o ideal é que os pets sejam lavados uma vez a cada 10 dias. "O banho diminui a proteção oleosa natural deles e também a capacidade que têm de lidar com micro-organismos, como bactérias", observa. Fernando Gargiulo concorda com o especialista e garante que um simples mergulho no Lago Paranoá já resolve muito bem a questão para Zeca e Simba. "Ninguém acredita que os pelos deles ficam ótimos só com isso", afirma.

O falecimento dos bichos também têm consequências para o meio ambiente. O ideal é optar pela cremação do corpo. "A atitude evita que as pessoas enterrem os pets de maneira incorreta, podendo contaminar os lençóis freáticos", ensina Barreto. E acrescenta: "Se o animal morreu com alguma doença infectocontagiosa, vira uma questão de saúde pública".

Agradecimentos: Hospital Veterinário Arca de Noé e Dois Amigos Veterinária

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