postado em 11/12/2011 08:00
Por Zuleika de Souza (texto e fotos)Cem quilômetros separam Brasília de Olhos D;Água, mas a distância em quilômetros é pequena em comparação ao estilo de vida e a arquitetura da capital. Zoim é como alguns brasilienses, que foram morar lá em busca de sossego, chamam o lugar. O distrito faz parte do município goiano de Alexânia, fica entre Brasília e Goiânia e, como já disse Carlos Drummond de Andrade, em crônica sobre o arraial: ;É um lugarejo como tantos outros, sem sequer uma fumacinha de importância no quadro de desenvolvimento nacional;.
Só ouvimos notícias daquelas bandas a cada seis meses, quando tem a famosa Feira do Troca. Armando e Laís, professores da UnB, que, na década de 1970 foram se refugiar no lugar, se depararam com a pobreza dos moradores e tiveram a ideia de, com amigos de Brasília, juntar roupas e utensílios. Em vez de doar, propuseram trocar por artesanato ou produtos agrícolas para incentivar a produção local.
A feira deu certo e, na semana passada, foi a 77; edição. Já não é mais como o casal pensou, ficou muito grande e, hoje, atrai vendedores de bebidas e de produtos importados, que descaracterizam a ideia. Mas o artesanato continua sendo uma atração para o lugar. Durante todo o ano, é possível visitar as casas e ateliês dos artistas. Como o famoso Lourenço Silva, que tem suas bonecas de barro espalhas pelo mundo. A Fatinha das fibras, superpremiada e reconhecida pelo Brasil afora, continua morando e fazendo suas lindas santas, pequenas bailarinas, anjos, espíritos santos, com a palha do milho, sementes, flores e folhas do belo cerrado de Olhos. Don;Ana, que recebe os visitantes com um largo sorriso, faz divertidos bonecos de pano e conta muitas histórias do lugar. Edelvais Jeker, que é uma espécie de consulesa da comunidade brasiliense em Olhos D;Água, tem a Oficina do Bem, que faz oratórios e enfeites para jardins, reaproveitando tudo: uma sapateira virou jardim suspenso de plantas suculentas.
Brasilienses que se apaixonaram pelo lugar estão comprando as casas antigas, reformando e mantendo as características originais. Tem alguns restaurantes charmosos e lojinhas de artesanato. Zoim está deixando de ser uma fumacinha e virando uma pequena Piri!