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Raíssa e o pai passavam por um momento difícil. Isso até a chegada de Bolinha, um poodle sapeca e carinhoso, que encheu a casa de alegria

A vida de Raíssa Dantas, 23 anos, e do pai dela, o policial civil Francisco Flávio da Silva, 56, sofreu uma reviravolta em maio de 2003. Foi quando a professora perdeu a mãe. ;Ficamos só nós dois e meu irmão André em casa. Era um vazio muito grande, minha mãe fazia muita falta;, conta a jovem. Para tentar aplacar a dor da perda, ela pediu ao pai, no ano seguinte, um cachorro de presente. Procurando nos classificados, encontraram uma senhora que estava vendendo um cachorrinho que tinha apenas três meses. No encontro, foi amor à primeira vista. ;Era uma bolotinha ; ele parecia uma bolinha de pelos bem pequenininha. Foi daí que saiu o nome dele, Bolinha. E ele mudou a nossa vida desde o momento em que chegou.;

Para a professora, Bolinha ajudou a família a lidar com a saudade da mãe. ;Estávamos em um época muito difícil de superar e ele trouxe alegria pra gente, e desde de então, não tem como viver sem ele;, confessa Raíssa. O policial Flávio, como é conhecido, conta que o cachorrinho ocupou seu tempo e espantou a tristeza. ;O Bolinha me trouxe esperança de dias melhores. Cuidar dele, especialmente após a morte da minha esposa, me fez entender que a vida continua, apesar de obstáculos incrivelmente difíceis, e que podemos ser felizes nas pequenas coisas;, afirma. Até hoje, quando Bolinha percebe que tem alguém triste em casa, fica bem quietinho e perto de quem precisa de consolo. ;A presença dele ao meu lado, sempre que estava triste, chorando, foi um remédio eficaz. Às vezes, parecia que ele entendia o que eu estava passando, mesmo sem falar uma única palavra;, lembra.

E Bolinha é só alegria e amor à família. Antes mesmo de os donos desligarem o carro, o poodle já começa a festa. Quando Raíssa ou Flávio entram em casa, aí é que o cãozinho não para mesmo. Pula, late, deita de barriga para cima, esperando carinho, e só sossega quando consegue atenção. ;Ele fica mais feliz do que se tivéssemos ganho na loteria e, enquanto não abro a porta de casa, isso continua. A recepção dele, às vezes, é a melhor parte do meu dia;, conta o policial. Quando a família viaja, ele fica amuado até ver os donos de volta. E, na recepção, faz uma festa ainda maior do que a diária.

Flávio encontrou em Bolinha um companheiro para as caminhadas diárias. Os dois encaram longos percursos ; uma vez, saíram do fim da Asa Sul e só deram a volta perto da rodoviária. ;O Bolinha vai onde ele for, não importa o quanto meu pai esteja disposto a caminhar. Volta com a língua de fora, mas não desiste;, explica Raíssa. Tamanha é a empatia entre os dois que ela brinca que Bolinha é o filho favorito do policial.

Como membro da família, o pet exige cuidados. Tem que levar ao veterinário, dar banho, cortar o cabelo, comprar brinquedos e comida. O cachorrinho ainda teve catarata e, agora, sua visão é reduzida, mas a família garante que a trabalheira vale a pena. ;A gente é muito mais feliz por causa dele, fazemos tudo com muito prazer;, diz a dona. Na verdade, a visão comprometida não mudou muito a rotina do animal: ele continua reconhecendo todos e identificando as visitas. O problema é só quando Raíssa muda os móveis de lugar. ;Uma vez troquei a posição do sofá e ele pulou direto onde o móvel ficava antes. Parecia uma cena de pegadinha;, diverte-se.

A idade do bicho começa a preocupar. ;Meu companheiro, aquele que ficou ao meu lado durante os momentos mais complicados dos últimos anos, em breve vai descansar e não há nada que eu possa fazer;, desabafa o policial civil. De qualquer forma, cheio de energia ou velhinho, Bolinha é muito amado pelos donos. Raíssa nem sabe explicar a relação dos dois com o cachorrinho. ;É incomparável, não tem como descrever o amor que temos por ele. Bolinha nos faz muito feliz.;