postado em 25/12/2011 08:00
Dizem que o que vivemos na infância pode se refletir diretamente em nosso presente. É assim com o gosto pela leitura. Livros de aventura, monstros e princesas fazem parte do universo infantil e servem de base para criar essa hábito gostoso. Neste período de férias escolares, o mundo mágico das letras pode ser um a ótima pedida para divertir os pequenos, no lugar de jogos eletrônicos e bonecas.
Eis uma maneira de fugir daquilo que, para a professora de formação do leitor da Universidade de Brasília (UnB), Simone Amaral, é um grande desafio para pais e educadores: a visão equivocada de que ler é uma obrigação dos estudos. A comerciante Soraya Cury, 30 anos, sabe dessa dificuldade e instiga os três filhos ; Giulia, 10 anos, Matheus, 6, e Hany, 2 ; a ler de forma divertida. ;No colégio dos meninos tem o Clube do Livro e eles adoram. Também gostam de ler uns para os outros e a pedir opinião para nós (os pais). São eles que pedem para ir à livraria;, conta. A filha Giulia acrescenta: ;O melhor é que somos incentivados a escrever e construir nossos próprios livros, e falar com os autores;.
Especialistas lembram que ler não é importante apenas para disciplinas como português ou história, mas também ajuda o rendimento em outras matérias, até mesmo matemática, em que a interpretação dos problemas é fundamental. Trabalhando há 35 anos na profissão de agente literária ; facilitadora do contato entre autores e editoras ;, Íris Borges, 61, afirma que a integração autor-público, com visitas dos escritores às escolas, é uma orientação educacional que vem crescendo. ;A conversa sobre o processo de criação com os autores ajuda na formação leitores e, também, de novos escritores.;, diz.
Essa é a proposta da Campanha Ler está na moda, cujo objetivo é dar visibilidade aos escritores nacionais. Com foco em jovens de 12 a 18 anos, a iniciativa promove bate-papos mensais com os escritores e seus fãs. O calendário de eventos deste ano já está encerrado, mas, em breve, a programação de 2012 poderá ser vista no site do grupo: http://lerestanamoda.blogspot.com/
Rodízio literário
O Clube do Livro funciona da seguinte maneira: todas as crianças compram um livro e, durante dois meses, as obras são revezadas entre elas. ;Assim, vão ter lido, no mínimo, dez livros, fora as leituras extras que trazemos para a sala. E isso que é bacana: é tudo pelo prazer;, garante o professor de ensino básico Pedro Cavalcante.
Contação de histórias
O livro também tem que ter atrativos para cada momento. Os profissionais da área aconselham que a crianças fiquem íntimas do objeto livro, seja pelo colorido das páginas ou por um boneco que saia de dentro da obra. É essencial fazer com que os pequenos queiram estar perto dos livros. ;A partir do lúdico, do inventivo, é que a gente vai expandindo a nossa percepção da obra. Não é a toa que, para as crianças pequenas, agradam muito as brincadeiras com a palavra;, explica a professora Simone Macedo. O conteúdo da obra não precisa ser, necessariamente, fantasioso. Já existem, por exemplo, diversos livros nos quais questões como consciência ambiental são trabalhadas em linguagem acessível.
Fantoches, desenhos e entonações de voz são recursos comuns para despertar esse interesse. De acordo com o professor Pedro Cavalcante, outra importante medida é o apoio dos pais. E alerta: apesar de a escola ter o papel de incentivadora, a responsabilidade familiar tem um peso maior. ;É interessante que, em casa, exista um canto da leitura. Esse lugar tem que ser aconchegante, ser gostoso, para quando as crianças quiserem ir lá e ler;, ensina.
O momento ideal para que esse contato pai-filho aconteça é antes de dormir, acredita Regina Dalcastagne, professora de literatura da UnB. ;Sempre lia para meu filho nesse período. E ele sempre foi uma criança crítica e interessada por livros. Às vezes, até temos que pedir para ele sair para jogar bola;, brinca, acrescentando: também é fundamental atiçar a curiosidade dos pequenos na hora da leitura.
A Revista selecionou algumas ótimas opções de livros para a criançada. Confira:
Mãenhê!
Autor: Ilan Brenman;
Ilustrador: Guilherme Karsten;
Editora: Brinque-book;
R$29
Todo dia era a mesma gritaria: ;Mãenhê!”. A mãe não aguentava mais os dois filhos chamando por qualquer motivo. Então, resolveu bolar um plano para que isso parasse. Para descobrir o que aconteceu, é só começar a ler!
Madiba: o menino africano
Autor: Rogério Andrade Barbosa.
Ilustração: Renato Alacão;
Editora: Cortez;
R$27
O menino Mandela, que nasceu predestinado a ser o líder de seu país, foi o primeiro dos treze irmãos a estudar em uma escola rural. Mais tarde, tornou-se Nelson e se mudou para Joannesburgo a fim de cursar direito em uma universidade. Formado, lutou pela liberdade de seu povo e foi preso sob acusação de traição e sabotagem ao regime vigente na África do Sul. Saiu da prisão sem ódio ou sentimento de vingança e, quatro anos depois, foi eleito o primeiro presidente negro de seu país.
Pequenos contos para sentir medo
Autora: Christine Palluy;
Ilustração: Vários;
Editora: Cia das Letrinhas;
R$ 31,50
Quem é que não gosta de ouvir histórias de monstros e outras criaturas assustadoras, daquelas que fazem a gente ter vontade de se esconder debaixo da cama? As que foram reunidas neste volume nem são tão terríveis assim, pois apesar dos personagens pavorosos ; um dragão japonês de oito cabeças, uma feiticeira russa, alguns trolls noruegueses, entre outras criaturas assustadoras ;, todas terminam com uma lição valiosa: a sabedoria sempre vence o medo e a força bruta.
O esconderijo das vontades
Autor: Jonas Ribeiro;
Editora: Callis;
R$ 36
Apesar de ser voltada ao público infantojuvenil, a fábula celebra uma temática de gente grande: a conquista dos sonhos. Imagine uma cidade onde as vontades moram dentro das pessoas. A telefonista quer ser locutora de rádio. O piloto de avião quer ser astronauta e o pianista quer fazer parte de uma orquestra. O livro alerta: cuidado, pois se as vontades forem ignoradas, elas vão embora e procuram outros corações corajosos para se abrigar.
Agradecimentos:
Escola Indi
Casa de Autores