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"O gosto frenético pela novidade está sendo revisto"

Natalie Oliffson, cabeça à frente Première Brasil, conta para a Revista quais tecidos serão tendência no verão 2013 %u2014 e reflete sobre o caráter efêmero da moda

Flávia Duarte
postado em 22/01/2012 08:00

Natalie Oliffson, cabeça à frente Première Brasil, conta para a Revista quais tecidos serão tendência no verão 2013 %u2014 e reflete sobre o caráter efêmero da modaEnquanto alguns estilistas exibem nas passarelas do São Paulo Fashion Week as ideias para o inverno 2012, outros já antecipam o que vai ser usado no verão 2013. Gente que faz moda circulou no Expo Center Norte, em São Paulo, esta semana, para conhecer as apostas do segmento têxtil para a próxima estação quente, daqui a muitos meses ainda. Imagine: você ainda nem usou as peças de inverno, mas já tem uma ideia do que virá na estação seguinte. Pelo menos no que se refere a matéria-prima.

Durante o Premi;re Brasil, um dos eventos mais importantes do gênero, foi possível conferir os tecidos, as cores e os fios que prometem ser hit no ano que vem. Sim, a moda é prevista mesmo com muita antecedência, por isso os profissionais se preparam desde já. A Revista entrevistou Natalie Oliffson, coordenadora de moda do Premi;re Brasil e representante Premi;re Vision e Premi;re Brasil para a América Latina, para ficar por dentro das novidades. O evento é promovido em sociedade por Premi;re Vision e Fagga / GL exhibitions. São realizadas 20 edições por ano, em vários países, incluindo os Estados Unidos, a China e a Rússia.

Há quanto tempo a Premi;re é realizada no Brasil e qual é o principal objetivo do evento?
Premi;re Vision, com sua visão global, iniciou seu processo de internacionalização há alguns anos, realizando salões em importantes países cujo mercado têxtil moda tem grande relevância. Assim, além do grande Premi;re Vision Paris, visitado duas vezes por ano por mais de 50 mil profissionais do setor, realizamos salões em Nova York, Shangai, Beijem, Moscou e Japão. Acompanhando o desenvolvimento econômico do Brasil, e de seu mercado têxtil, entendemos a importância de se construir um evento forte em São Paulo. O Premi;re Brasil teve sua primeira há dois anos e estamos consolidando sua presença nesta 5; edição.

Considerando que o evento já discutiu, no ano passado, as tendências em tecidos para inverno 2012, você pode nos dizer o que vais fazer sucesso na estação fria do ano?
Para o feminino, casacos e conjuntos com estruturas legíveis, tweeds exuberantes, peludos e sofisticados. Vestidos e peças pequenas em lãs leves, crepes, brilhos tipo asfalto, fluidez suave, lavados. Nos aspectos decorativos, destaque para motivos gráficos, geológicos, calorosos, metálicos. Para a roupa casual e relax, dublados cosy, induções visíveis, casacos e calças com lavagens refinadas, flexibilidade intensificada, tecidos calorosos. Blusas e camisas em xadrez lenhador, e texturas com imperfeições naturais. Para o formal, casacos e paletós molengos, chevrons, double-faces e feltrados. Ternos com uma nobreza tecnológica, falsos lisos calorosos. Camisas autênticas e chiques, ultradiscretas e lavadas. Para os tecnológicos, peças outdoor com aspectos vívidos e grande influência da lã. No esporte ativo, contraste de cores e tecido ultraliso.

E qual é a grande aposta para o verão 2013?
Podemos adiantar que promete ser uma estação sob boas influências e cheia de mistérios. Uma estação luminosa e colorida, que se abre a desenvolvimentos explosivos e mudanças calmas.

Podemos dizer que hoje os tecidos são a maior inovação de uma coleção? O que temos de mais moderno hoje, em termos de matéria-prima?
Efetivamente, nos últimos anos, importantes criações têm acontecido nas matérias-primas, seja na utilização de novas fibras, nos novos processos, seja nos efeitos e acabamentos. Em Paris, uma vez por ano, realizamos o PV AWARDS, um prêmio que valoriza a criação têxtil. As belas matérias, bem feitas e diferenciadas são muito importantes para a moda e proporcionam um grande diferencial no produto acabado.

Alguns estilistas estão analisando o processo perecível da produção de moda, que, com menos de 6 meses, é descartada ; e o processo criativo tem que recomeçar. No Brasil, podemos dizer que o movimento começou com Jum Nakao. Este ano, o SPFW perde o desfile de Ronaldo Fraga e da Reserva, que decidiram questionar a moda. O que você pensa sobre isso?
No mundo todo este questionamento está sendo feito. A moda está em busca de um novo caminho do criar, produzir e consumir moda. A moda já vivenciou vários momentos de crise, reflexões e mudanças. Acredito que isso faz parte de sua própria dinâmica.

Será que consumo não está, realmente, acelerado demais? Veja, tem-se um evento que já apresenta tendências de um verão 2013, quando ainda nem foram desfiladas a coleções de inverno 2012?
Premi;re Brasil é um evento de matérias-primas, fios, tecidos, desenhos e acessórios. Enquanto as coleções de inverno estão sendo desfiladas e lançadas para lojistas, as equipes de criação já estão preparando a próxima estação.

Você não acha que os consumidores também podem se perder nesse calendário da moda, que tem preview, alto verão, inverno, verão etc?
Os consumidores são bombardeados por muitas informações que geram desejos de moda. Isso faz parte do mundo globalizado. Entendemos que a moda se mantém em constante evolução. Essa ideia de descarte já está se modificando e o consumidor está amadurecendo em suas escolhas.

Qual é a solução para não tornar descartável a pesquisa de moda, incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias e tecidos?
Cada vez mais, assim como os consumidores, as empresas e marcas vão em busca de sua identidade. Não falamos mais de tendências de moda, mas de histórias e caminhos de moda, que vão ser desdobrados, criados, desenvolvidos de maneiras diferentes e próprias pelas empresas. Não entendemos essa ;obrigatoriedade; como o único caminho ; é uma escolha de acordo com o posicionamento de cada empresa. O gosto frenético pela novidade e o ajuste dos calendários em todo o mundo estão sendo revistos. E a entrada do Brasil no grande mercado global exigirá mais das empresas brasileiras.

Nesse processo de consumismo desenfreado, há muitas cópias também. Como frear isso e manter a identidade da moda?
Estamos vivendo o tempo do tudo ao mesmo tempo agora. É natural, faz parte da dinâmica desse momento. Não há como frear o acesso às informações. Acredito que a maturidade irá chegar e, com ela, uma nova maneira de criar, fazer e consumir moda.

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