Muitos cães e gatos vivem abandonados nas ruas. As organizações não-governamentais e outros cuidadores voluntários costumam recolher, tratar e abrigar esses bichinhos até que apareçam pessoas dispostas a adotá-los. Mas, se já é difícil conseguir um lar para cachorrinhos órfãos, encontrar ;pais adotivos; para gatos é ainda mais complicado, embora a disparidade já tenha sido muito maior. Apenas em uma das ONGs, a Sociedade Humanitária Brasileira (SHB), 110 gatinhos esperam para ser adotados. ;O número de animais que chega é sempre maior que a quantidade de pessoas interessadas em adotar;, lamenta a presidente da entidade, Vanusa Lopes. Todos os animais abrigados pelos voluntários normalmente já passaram por uma avaliação do veterinário.
Da mesma forma que os cães, os gatos carregam consigo uma triste história de abandono. ;São casos de casais que se separam, pessoas que perdem o emprego, animais que crescem demais e ocupam muito espaço, mudança de casa até viagem prolongada;, enumera Graça Perdigão, que trabalha como protetora independente há 10 anos e promove feiras de adoção.
Em alguns casos, os animais são vítimas de maus tratos. Ainda assim, continuam sendo capazes de aliviar a solidão ou proporcionar momentos de pura alegria para seus donos. ;O Miguel foi um presente que ganhei no ano passado;, derrete-se Kathia Regina Vieira, 48 anos. Por meio do grupo Salvando Vidas Protetores Independentes, a professora ficou sabendo da história do gato que tinha levado uma tijolada no meio de uma briga. Atingido na coluna, ficou impedido de andar. A família que o criava o abandonou. Miguel se arrastava pelas ruas. Alguém que passava pelo local viu o gatinho tentando se proteger e o levou a uma clínica, onde ele recebeu todos os cuidados necessários. ;Fiquei penalizada;, lembra Khatia.
Além de uma gangrena, o gato perdeu os testículos e o pênis. Precisou passar por uma cirurgia de reconstrução da saída da uretra e ficou internado durante 40 dias. Ainda sofre com as sequelas, mas já consegue movimentar as patinhas de trás, antes totalmente imobilizadas. ;É uma vitória vê-lo se recuperando dessa forma;, diz Kathia. O tratamento inclui acupuntura e fisioterapia uma vez por semana. Conviver num local com outros animais também o estimula. Na casa onde Miguel mora, há outros 13 gatos, além de dois cachorros. Ainda assim, ele consegue impor suas vontades.
A companhia de outro bichinho também foi importante na adaptação de Snow, adotado aos 3 meses por Raquel Cavalcanti, 31 anos. A servidora pública morava sozinha e, em determinado momento, sentiu necessidade de ter uma companhia. Viu pela internet a foto de um gatinho todo branquinho para adoção. Entrou em contato com o site e soube que ele estava em uma clínica. Raquel foi até lá e se apaixonou pelo bichinho. Nem o diagnóstico de problemas respiratórios foi o suficiente para que ela desistisse. Em abril do ano passado, o gatinho tinha casa nova.
As duas primeiras noites, Raquel passou em claro. O gatinho miava o tempo todo. Não dormia. No terceiro dia, veio o início da adaptação ; mais ao local do que propriamente à nova dona. O relacionamento dos dois só melhorou um pouco com a chegada de Mel, também adotada. Eles se relacionaram perfeitamente desde o início. Brincam juntos o dia todo. Na hora de dormir, os dois pulam na cama de Raquel, que continua, no entanto, respeitando o espaço de Snow, que é mais arisco a colo.
Tem um lar para mim?
Contato: Sociedade Humanitária Brasileira (SHB) ; Vanusa (8172-2817)
Serviço: Próxima Feira de Adoção: 26 de maio, no Pet shop Dr. Caetano, das 10h às 14h, na 413 Sul
Agradecimento:Clínica Casa do Gato
Leia na edição impressa dicas para quem quer adotar um gato.