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Vocação para a vanguarda

postado em 20/05/2012 08:00

Apesar de a indústria da moda não ser a campeã de vendas nas internet ; no Brasil, ela ocupa a quinta posição, com 7 % das vendas ;, é ela que mais cria modelos comerciais na internet. Uma das grandes inovadoras desse mercado é a polonesa Aslaug Magnusdottir, nome por trás do site Guilt, que criou o conceito de vender produtos de luxo em promoção na internet. Na época em que o site foi criado, muitos estilistas acharam que seria o fim do mercado de luxo. Afinal, ninguém mais queria pagar o preço cheio das peças.

Mas, em 2010, Aslaug teve uma nova ideia e se juntou à colabora da Vogue Lauren Santo Domingo para pô-la em prática. Elas criaram um e-commerce chamado de Moda Operanti, que vende roupas direto da passarela. Em até 48 horas após desfilarem, estam à venda no site. Os consumidores podem escolher diretamente da passarela o que querem usar. Assim, os aficionados por moda não precisam passar pelo crivo dos compradores sobre o que será ou não tendência ; além de ter que esperar apenas quatro meses para receber as peças, e não os seis meses habituais entre o desfile e as prateleiras das lojas. A única condição é que o cliente pague 50% do valor da peça na hora do pedido e os outros 50% quando o produto for entregue.

Entre uma temporada e outra, eles oferecem bijuterias e acessórios de estilistas pouco conhecidos, mas supercharmosos. Já foram convidadas para vender suas peças lá a estilista brasileira Cris Barros e a marca de joias H.Stern. ;Espero trabalhar novamente com designers brasileiros após o São Paulo Fashion Week;, falou à Revista. Talvez alguém da equipe dela venha acompanhar a principal semana de moda do país.

Após cinco temporadas de moda on-line, vocês já perceberam que esse modelo supriu uma lacuna que o mercado tinha?

Tem duas questões nesse quesito. A primeira são os produtos. Nossos consumidores pedem peças para os estilistas que, apesar de estarem na passarela, normalmente não seriam fabricadas porque não são comerciais o suficiente. Um exemplo são os sapatos de Nicholas Kirkwood que tiveram apenas dois pares. Um foi para mim e o outro, para a nossa consumidora número 1. Esse sapato nunca teria sido feito se não estivesse à venda em nosso site. É questão de você arranjar um consumidor para um produto que é uma visão do designer. A outra questão é que os nossos clientes podem ter como certo o recebimento de peças que desejam muito. Eles não precisam ficar torcendo para que o comprador da loja perto da sua casa faça o pedido daquela peça. Às vezes, os compradores não imaginam que uma peça vai fazer muito sucesso e ela rapidamente esgota. Mas o nosso consumidor recebe a informação que aquela vai ser uma peça desejo e ela garante o seu modelo assim que ele foi desfilado na passarela. Ano passado, por exemplo, vendemos muito uma bota da Isabel Marant que depois foi impossível encontrar nas lojas.

Qual é o futuro do e-commerce? E como a Moda Operanti vai entrar nessa onda?

A primeira coisa é que vai existir mais ferramentas para ajudar a experiência de comprar on-line. No mercado americano, por exemplo, não existem mais pessoas preocupadas em colocar as informações do cartão de crédito. A única preocupação é se o tamanho da roupa está certo. Há empresas desenvolvendo tecnologia para ajudar as pessoas as escolher os produtos corretos. Outra coisa é a integração do nosso conteúdo editorial e do nossos produtos. Cada vez mais serão usados vídeos ; eles são muito importantes para que a pessoa veja aquele produto em movimento. Mais especificamente, eu acredito que o ciclo da moda vai mudar. As pessoas vão querer diminuir o tempo entre o que elas veem na passarela e o que chega ao armário ; hoje, essa espera é de seis meses.

Você acredita que a moda tem ditado a direção do e-commerce?
Acho que a moda tem sido, sim, uma das áreas mais inovadoras quando se fala de comérico on-line. Ao mesmo tempo, estamos atrasados. A indústria da música, por exemplo, passou por esse processo anos atrás. A moda demorou um pouco mais para entrar nesse mercado. Mas eu acredito que houve mudanças extraordinários nos últimos cinco anos.

Que tipo de mudança o e-commerce está fazendo na indústria da moda?
Em 2007, quando lançamos o Guilt e levamos a moda da passarela, muitas pessoas que não compravam roupas de estilistas passaram a comprar por causa do custo benefício. Além disso, muitas começaram a comprar na internet por causa dos descontos em roupas de marca. Ao mesmo tempo, as pessoas começaram a querer preços mais baixos dentro das lojas. Quando estávamos começando a Moda Operandi, havia, por parte das marcas, o receio de que esse consumidor não quisesse jamais pagar o preço cheio. E esse não era um jeito saudável de a industria funcionar. O nosso conceito também pode mudar a indústria ao mostrar aos designers que existe gente que quer comprar os seus produtos mais vanguardistas e que esse produtos sobrevivem fora da passarela. Isso sem ninguém correr o risco de essas peças encalharem na passarela. Além disso, as mulheres que usam roupas de tamanhos maiores podem garantir o seu exemplar.

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