Gonzagão cantou o cheiro de Carolina como irresistível. Fosse no samba ou no xenhenhém, a letra deixa claro: todos ficam caidinhos pelo cheiro que ela tem. O rei do baião entendia de cheiro. Afinal, para quem é nordestino, é impossível não ter na memória olfativa os aromas quentes daquela terra. E, quando eles saem da cozinha, há ainda mais lembranças boas a serem compartilhadas. Comida de avó, feita no fogão de lenha, bem temperada e capaz de dar sustança para aguentar o dia inteiro de labuta no sol quente. Os temperos da região se espalham pelo país inteiro, principalmente pela simplicidade no preparo que a maioria carrega.
Somado ao gosto dos brasileiros por uma cerveja gelada ao fim do dia, o toque nordestino se abunda em petiscos para acompanhar o happy hour. E são deles os principais sabores que saem das panelas do chef Wendel Carneiro. À frente do Botequim 208, ele lembra que a mãe bem que tentou tirá-lo de perto das caçarolas, sem sucesso. ;Minha mãe era cozinheira e sempre fui apaixonado pelo que ela fazia. Mas ela queria que eu seguisse a carreira do meu pai;, lembra. Aos 18 anos, o recifense entrou na cozinha para trabalhar e se mantém nela até hoje. ;Fiz cursos profissionalizantes porque, mesmo gostando, até essa idade eu não sabia fazer nada;, conta, rindo.
Hoje, se diz apaixonado pela culinária contemporânea, ao mesmo tempo em que não consegue largar suas origens nordestinas. ;Gosto muito de azeite de coco e de dendê, além de me preocupar muito com o recheio dos petiscos;, explica. O seu cardápio não é dado a criações espalhafatosas, focando mais no cuidado com o básico. São pratos como o acochadinho de carne seca, camarão com queijo coalho à milanesa, filé diplomata ao vinho, além de coxinhas, bolinhos de bacalhau e empadas.
São essas as dicas que acompanham os degustadores de cerveja e a parte da culinária que mais anima Wendel. Das receitas degustadas, destaque para a minicaldeirada, com seu leve toque apimentado, acompanhada da farofa feita pelo chef. Suas experiências pós-Recife ; como os dois anos em que liderou a cozinha de outro empreendimento parecido, em Goiânia (GO) ;, o fizeram conhecer bem os gostos dessa clientela. ;Tento conhecer o que é regional em cada cidade e vou adaptando as receitas;, explica. Ele diz que não visa apenas o Nordeste, tendo nele apenas uma maior referência. ;O que quero é ver de forma mais ampla e tentar trazer todos os sabores para Brasília;, resume. Ou seja, como Luiz Gonzaga, o chef canta sua terra para o mundo, já que todo mundo merece um pouco de Nordeste na vida. Principalmente na cozinha.
Ingredientes
1 tomate caqui
25g de palmito picado
50g de queijo parmesão
20g de queijo muçarela
10 ml de creme de leite
1 colher de chá de orégano
1 colher de chá de fondor (tempero indicado para temperar carnes brancas, saladas e legumes)
100g de filé mignon temperado com sal
100ml de molho de queijo
100ml de molho de tomate
100g farinha de trigo
100g farinha de rosca
Como fazer
Misturar o palmito, a muçarela, o creme de leite, o orégano, o fondor e metade do queijo parmesão, até que se forme uma pasta.
Cortar a parte superior do tomate na largura de uma colher de sobremesa.
Retirar toda a semente e rechear com a pasta.
Cobrir o tomate com o filé.
Empanar o tomate no trigo, nos ovos e, por fim, na farinha de rosca.
Fritar o tomate totalmente submerso na gordura a 170; por aproximadamente 5 minutos.
Regar o tomate com molho de queijo e molho de tomate.
Polvilhar a outra metade do queijo parmesão e gratinar.
Rendimento: 2 porções
Tempo de preparo: de 15 a 20 minutos
Veja na edição impressa a receita de uma minicaldeirada