No mundo animal, nem sempre os relacionamentos resultam em lindos filhotes. A rejeição também existe entre os bichos. Questões comportamentais ou relacionadas à anatomia do cão, além de doenças infectocontagiosas, podem impedir o acasalamento. Para solucionar o problema, os donos podem recorrer à inseminação artificial. A enfermeira Alessandra Baqui optou pelo procedimento depois de tentativas frustradas com a golden retriever Mel, 3 anos. ;O macho não conseguia ficar o tempo necessário para que a cópula funcionasse. O cachorro chegava a penetrar, mas depois saía;, conta. A enfermeira, que cria 11 cães ao todo, desembolsou R$ 500 pela inseminação artificial.
Antes de realizar o procedimento são necessários exames para avaliar a fertilidade do cão. O sêmen do macho, por sua vez, pode ser usado assim que coletado, ou refrigerado a 5;C por até cinco dias, ou mesmo congelado por tempo indeterminado, como explica Alexandre Rodrigues Silva, especialista em reprodução animal pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). ;Neste meio tempo, a fêmea passa por avaliação ginecológica. Realizam-se exames de citologia vaginal, ultrassonografia e, dependendo do caso, dosagens hormonais para se detectar o seu período mais fértil;, detalha Rodrigues
A especialista em reprodução animal Claudia Godoi foi a responsável por inseminar a cadela Mel. ;A técnica foi realizada com sêmen fresco, pois tem maiores chances de êxito;, explica. Alessandra conta que antes de procurar a inseminação, ela tentou o cruzamento quatro vezes. ;Tentei com alguns machos, mas a Mel já estava ficando estressada e cansada;, lembra.
A inseminação artificial em cães dura cerca de 30 minutos a uma hora. É semelhante ao procedimento realizado em humanos: o médico veterinário coleta o sêmen do cão e depois introduz o material na vagina ou diretamente no útero da fêmea, dependendo da qualidade do sêmen. ;Deve-se deixar claro que a inseminação artificial é um procedimento alternativo e deve ser utilizado apenas quando existe algum impedimento para o acasalamento natural;, ressalta Rodrigues.
Depois de optar pelo método, alguns fatores devem ser observados para garantir a eficácia. O primeiro deles é a idade do animal. A época adequada para cadelas, em geral, é a partir do segundo ou terceiro cio. ;Nos machos, a idade mínima limitante se refere àquela em que o indivíduo ejacula um sêmen de boa qualidade, o que é variável de acordo com o porte da raça;, destaca Rodrigues. Saber a linhagem do animal que vai ceder e daquele que vai receber o sêmen é o segundo ponto que deve ser considerado pelo dono. Doenças genéticas de determinadas raças podem se perpetuar e comprometer a saúde do futuro filhote, por isso existe a necessidade de exames detalhados antes da inseminação.
Além disso, algumas técnicas podem contribuir para o sucesso do procedimento. No caso de fêmeas, o chamado controle de sincronização do ciclo estral é usado para fazê-las entrar no cio em épocas favoráveis ou mesmo quando o período fértil não ocorre naturalmente, como explica o coordenador do mestrado em Ciência Animal e professor de reprodução animal na União Pioneira de Integração Social (Upis), Helio Blume. ;Outra técnica é a citologia vaginal, para identificar problemas reprodutivos e conhecer o ciclo sexual da fêmea. Com o macho temos o exame andrológico com o espermograma para conhecer e corrigir problemas de infertilidade, além de terapias hormonais para machos com idade avançada;, completa Blume.
Agradecimento: Hospital Veterinário São Francisco de Assis
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