Destruição de móveis e objetos, barulho demais, agitação exagerada e distração. O comportamento indesejado, muitas vezes confundido com falta de educação, pode ser sintoma de hiperatividade. Sim, os animais também sofrem desse mal. O problema pode ter causa genética - deficiência na produção de serotonina, por exemplo - ou ser fruto do contexto social vivido pelo bicho, como uma rotina entediante e ociosa, de hábitos alimentares inadequados (muito calórico) e de ambiente muito estressante. Para o adestrador Carlos Roberto Júnior, é importante estar atento às características de uma raça, antes de comprá-la. "Quem não tem tempo para brincar com o animal não pode criar um tipo que esbanja muita energia a ser gasta."
A hiperatividade não é tão comum em gatos. A maioria das reclamações está relacionada aos cães e aos filhotes em geral, dos quais, de acordo com a veterinária e acupunturista Camila Bello, 60% são hiperativos. A agitação dos bichos é aliviada com o passar do tempo, com a idade. Até lá, os donos precisam saber lidar com os pets. A veterinária Márcia Scharth alerta: "Não é certo exigir dos animais coisas que não são da essência deles, não, permitindo, por exemplo, que entre em contato com a natureza, com outros bichos". Os profissionais ensinam que os pets precisam de exercícios físicos, companhia, de mudança na rotina e contato com outros animais. Se nada for suficiente, há técnicas às quais recorrer. Listamos algumas delas
Adestramento
Os três passeios diários de Bartô, um westie de 9 meses, não eram suficientes para acalmá-lo. A administradora Patrícia Maia, 27 anos, dona do levado cãozinho, conta que ele estragava muitas coisas na casa: "Tivemos que jogar um tapete fora, porque ele cavou inteiro". Acompanhado por um adestrador há três meses, Bartô já melhorou muito, mas ainda não está 100%: "Agora, ele está em observação porque engoliu 20 pílulas de um remédio da minha mãe. Além disso, quando dá a hora do passeio, ele já está nervoso para sair e morde a própria pata". De acordo com o adestrador Carlos Roberto Júnior, cachorros hiperativos como Bartô são até mais fáceis de serem adestrados, pois eles têm mais interesse em interagir com quem os ensina. Mas o profissional alerta: Se, após o fim do aprendizado, a rotina ociosa se prolongar, alguns comportamentos indesejados podem reaparecer. "Pode acontecer também de o cão abandonar hábitos desagradáveis, mas ficar depressivo e estressado por não ter atividades nas quais se envolver", acrescenta.
Castração
Muitos relacionam a hiperatividade ao excesso de hormônios sexuais. %u201CO animal é tirado da sua natureza da prática sexual, o que causa desequilíbrio hormonal%u201D, explica a veterinária Márcia Scharth. O ideal é optar pela castração antes do período da puberdade - 8 meses -, pois é quando o comportamento do bicho mais muda e começa a dar problemas. Márcia alerta para o fato de que a castração tardia pode não funcionar, caso as atitudes desagradáveis do animal já tenham se tornado um costume dele. A castração também previne o aparecimento de tumores no aparelho reprodutor, resultado da multiplicação exagerada de células, estimulada pelos hormônios sexuais.
Fitoterápicos, homeopatias e Florais de Bach
Esses medicamentos são agrupados na categoria de ansiolíticos. Todos têm diferenças na composição. Segundo a terapeuta floral Flaviana Araújo, os Florais de Bach são feitos apenas de flores, já os remédios homeopáticos e fitoterápicos levam princípios ativos, como caule e planta. Os compostos funcionam nos animais da mesma forma como em humanos, trabalhando a parte emocional. A veterinária Márcia Scharth recomenda a associação de ansiolíticos e acupuntura. Esses medicamentos desobstruem canais com energia estagnada, equilibrando o corpo e o humor, enquanto a acupuntura tonifica os órgãos.
Acupuntura
A distração e a ansiedade da égua Surraila já tinha até envolvido sua dona, a estudante e amazona Marina Carvalho, 17 anos, em um acidente. A garota ficou desacordada por alguns minutos. "Por qualquer coisa, a Surraila corria, era difícil saltar." Para acalmar Surraila, Marina recorreu à acupuntura com agulhas, ventosas e também choques. Segundo ela, no dia seguinte, já se via resultado. Segundo a veterinária e acupunturista Camila Bello, a técnica tem a capacidade de estimular a produção de hormônios relacionados ao bem-estar e, dessa forma, tranquiliza o animal.
Agradecimentos: A Bela e a Fera Veterinária; Casa do Gato Clínica Veterinária e Esperto pra Cachorro Adestramento de Cães
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