Há quem ache a cena estranha: o embaixador e escritor Antônio Rocha, de cabeça branca e equipado com patins, capacete, cotoveleira e joelheira, deslizando pelo estacionamento n;3 do Parque da Cidade. Ao redor dele, vários colegas fazem demonstrações de destreza em cima de rodinhas. Febre nos anos 1990, a patinação está sendo redescoberta por quem prefere se exercitar ao ar livre e com uma dose alta de desafio. E não são só os jovens que procuram a modalidade ; é cada vez mais comum ver a terceira idade se aventurando nos patins. ;Desde que o idoso tenha boa saúde, musculatura adequada e experiência com esse tipo de esporte, o risco é o mesmo daquele enfrentado por um adulto. Ressalte-se que, havendo qualquer acidente, as consequências e o tempo de recuperação podem ser maiores devido à fragilidade dos tendões, principalmente os do ombro;, afirma o geriatra Renato Maia. Para quem faz uso de medicamentos controlados, é bom prestar atenção aos que têm alguma influência no equilíbrio e nos reflexos, como tranquilizantes e anti-hipertensivos.
Como fitness, a prática é puxada. Trabalha bastante as pernas e o bumbum, mas sem deixar de lado os braços, que são acionados para manter o equilíbrio, além da região abdominal, que fica sempre contraída. Em uma aula de uma hora, o aluno consegue queimar cerca de 600 calorias. ;Além dos benefícios musculares, a patinação ainda traz condicionamento físico, melhora a área cardiorrespiratória, a coordenação e o equilíbrio;, explica a professora Fátima Figueirêdo, que dá aulas de patins há mais de dez anos. Antônio Rocha adiciona mais benefícios à modalidade: ;O exercício físico ajuda na memória, e eu percebi diferença nas minhas habilidades. Além disso, minha pressão está estabilizada e eu que sempre fui um cara meio desajeitado, tenho trabalhado o meu equilíbrio com o patins;. Para os iniciantes, uma dica importante é respeitar os próprios limites, sem abusar da velocidade e sempre consciente de que acidentes podem acontecer com qualquer um.
Mesmo com os equipamentos de segurança, cair de mau jeito pode resultar em fraturas e lesões sérias. ;Uma pessoa de 65 anos que caia do patins e bata com a cabeça, embora usando capacete protetor, pode desenvolver um hematoma intracraniano cujos sintomas podem demorar três meses para serem notados;, relata Renato Maia. As quedas assustam, mas a professora Fátima conta que, com acompanhamento de um profissional, é possível, inclusive, aprender a cair diminuindo o impacto. ;Temos aulas em que não há nenhuma queda, no máximo uns escorregões simples. Quando se aprende com técnica, com uma fase no gramado, onde há mais resistência para que o aluno aprenda a se equilibrar, a parte do asfalto fica mais fácil;, explica.
Antônio Rocha, que faz aulas há dois meses, lembra que só caiu uma vez ; e a culpa nem foi dele. ;Estava na ciclovia quando um ;arrastão; de corredores me atropelou. No ambiente controlado das aulas, nunca tive nenhum problema;, conta. O diplomata sempre foi daqueles que procuram desafios e, quando a esposa, Nice, resolveu começar as aulas de patins, Antônio aderiu à ideia. Para ele, o mais gratificante da aula é simplesmente se equilibrar. ;É como andar no fio da navalha.; E Antônio aprende rápido. Nos próximos meses, ele vai participar de uma corrida no Rio de Janeiro que funciona nos moldes das corridas de rua: sem pódio. O objetivo é completar o percurso.
Benefícios
- Auxilia no controle do peso;
- Fortalece os ossos, músculos, tendões e ligamentos;
- Desenvolve a flexibilidade, equilíbrio, agilidade, força e resistência;
- Aumenta a resistência muscular, modela a musculatura dos membros inferiores, especialmente coxas e glúteos;
- Quando o tronco é levemente projetado para frente, trabalha costas e abdômen;
- Auxilia no desenvolvimento da coordenação motora e também melhora o condicionamento respiratório.
Fonte: Fátima Figueirêdo