Ao entrar na academia, não procure pelos alunos no solo. Olhe para o alto. Enrolados em tecidos e pendurados em trapézios, os praticantes das aulas de circo querem mesmo é tirar os pés do chão. ;É uma atividade intensa, em que a pessoa desenvolve, gradativamente, força, flexibilidade, resistência, equilíbrio, consciência e expressão corporal, tudo dentro do seu ritmo individual;, explica a professora Tallyta Torres.
Alguns são atraídos pela prática por causa da intimidade com o picadeiro, mas cresce o número dos que procuram a atividade para modelar o corpo e deixar as formas mais bonitas. O principal benefício sentido por esses circenses é a tonificação dos músculos. Abdominal, costas e braços são as partes mais trabalhadas durante a aula, que dura cerca de duas horas.
Emagrecer é outro ganho. ;Muitos alunos notam a perda de peso. Pela intensidade da modalidade, isso realmente acontece;, explica a professora. ;Mas vale lembrar que a alimentação é fundamental, se esse é o principal objetivo;, acrescenta. Alternar as aulas com corridas ou passeios de bicicleta também é indicado para acelerar o emagrecimento.
Na primeira parte da aula, que dura entre 45 minutos e uma hora, todo mundo fica no chão. Começa então uma série de alongamento meticulosa. ;Para uma performance aérea bem bonita e plástica, é importante ter força e flexibilidade. O alongamento é um excelente hábito, traz consciência corporal e acaba virando rotina;, afirma a professora Marta Corrêa. A parte de solo da aula é finalizada com uma sessão ;maromba;, com abdominais e exercícios de força para as pernas e braços. Segundo Tallyta, assim o corpo fica pronto para subir nos aparelhos. Além disso, as lesões são prevenidas e fica mais fácil aprimorar os movimentos.
Já no alto, uma das preocupações frequentes dos novos alunos é o risco de despencar dos equipamentos. As duas professoras, porém, tranquilizam os iniciantes: com acompanhamento de um profissional capacitado, são raras as quedas. ;Até porque, quando o aluno está começando, não consegue ir muito alto e, qualquer coisa, podemos subir para ajudar;, explica Marta.
No início, nada de pressão ou peripécias ousadas. Todos os limites, físicos e psicológicos, dos alunos são respeitados. ;Até aprender e repetir a montagem e desmontagem dos movimentos em uma altura segura, toda a prática suspensa é amparada com colchões que ficam embaixo dos aparelhos. É mais comum o aluno ficar preso do que cair;, complementa Tallyta. Mesmo assim, é normal que os novatos tenham pequenas queimaduras pelo atrito com o tecido ou dêem mau jeito em alguma parte do corpo. Mas tudo simples e fácil de resolver.
A analista de métricas e professora de canto Isabela Bueno, 25 anos, faz aulas de circo desde a metade de 2010. Já perdeu 11kg desde então. Com os exercícios, aprendeu a controlar alimentação com a ajuda de uma nutricionista. Apesar de já ter tentado acrobacias em outros aparelhos, o preferido da analista é o tecido ; e ela lembra que se machucou só uma vez. ;Quando o tecido escorrega muito rápido, a gente acaba se queimando. É como um ralado mais profundo. Eu queimei o braço, fizemos um curativo na hora e eu fui ao médico depois, só para ele me receitar uma pomada cicatrizante;, explica Isabela.
Para ela, o alongamento também é muito importante. Dançarina de balé por nove anos, mas parada há cinco antes de começar a fazer aula de circo, Isabela recuperou a flexibilidade, inclusive nos pulsos e nos ombros. ;Ajuda muito até no trabalho. Antes, meus pulsos doíam na hora de digitar. Agora, com a flexibilidade adquirida, não sinto mais dor;, conta.
Agradecimentos: Academias Aginoc e Scala.