postado em 23/09/2012 08:00
O açúcar, conhecido tecnicamente como sacarose, tem alto teor glicêmico e poucos nutrientes. É um dos grandes inimigos da saúde e do corpo dos sonhos. O consumo exagerado dele é um problema entre pessoas de todas as idades. Quando se fala do açúcar livre, então ; aquele que adicionamos aos sucos e aos alimentos ;, o risco é ainda maior. De acordo com a nutricionista e mestre em saúde pública Maria Fernanda Elias, a quantidade de açúcar na alimentação é um dos marcadores da qualidade da dieta, assim como gordura saturada e o sódio.A última Pesquisa de Orçamentos Familiares, conduzida pelo IBGE, constatou que 61% dos brasileiros ingerem quantidades de açúcar livre acima do limite recomendado pelo Ministério da Saúde. Segundo o órgão, esse consumo deve ser inferior a 10% do consumo energético total diário. Isso evitaria a incidência do excesso de peso, obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes.
A substituição da sacarose por outros adoçantes é aconselhável, principalmente para os diabéticos e para quem pretende perder peso. Cada grupo, no entanto, tem seus substitutos ideais. A dieta dos diabéticos é bem mais severa em relação ao açúcar. O nutrólogo e neurologista Arnoldo Velloso lembra que de nada adianta cortar o açúcar e viver de forma sedentária, sem exercícios físicos. Os adoçantes alternativos apenas fazem parte de um conjunto de alimentos que compõe um regime saudável e deve-se tomar cuidado na escolha, já que alguns são mais prejudiciais à saúde do que outros.
A estudante Taís Koshino, 19 anos, descobriu o diabetes há quatro anos e precisou se adaptar à dieta sem açúcar. A única opção que teve foi substituí-lo por adoçantes. O sushi que a avó prepara para ela, por exemplo, é especial: leva adoçante no arroz, em vez de açúcar. Mas nem todo adoçante a agrada: ;Alguns têm o gosto mais amargo. Eu gosto da sucralose;. O substituto que Thaís cita tem um poder de adoçar menor do que o dos outros, mas é menos absorvido pelo organismo, o que o deixa mais saudável.
Entre os adoçantes, há dois tipos: os naturais e os sintéticos. Os naturais, normalmente, têm maior valor nutritivo, mas também são um pouco mais difíceis de encontrar e mais caros, pois, atualmente, só um é produzido em escala industrial: o steviosídeo. Outro problema é que poucos deles são liberados para diabéticos.
Quanto aos sintéticos, o problema está na incerteza sobre os males que eles causam. Não existem cálculos seguros da quantidade que se pode ingerir por dia, pois depende da sensibilidade de cada um. É justamente isso que define a indiferença do corpo àquela substância. Velloso explica que há alguns mais nocivos que outros: ;Eu sempre aconselho o xilitol, por exemplo, pois ele não é metabolizado;.
Embora seja um dos adoçantes mais consumidos, o nutrólogo é contra o uso do aspartame. Com base em estudos de especialistas como J. H. Roberts, autor de diversos livros sobre o assunto, parte da substância, quando ingerida, se transforma em metanol, o que provocaria convulsões e problemas neurológicos.
Conheça as alternativas naturais e sintéticas ao açúcar
Naturais
Agave: vendido na forma líquida, é um adoçante extraído da Agave tequilana, planta da qual se faz a bebida alcoólica tequila. Ele tem menos calorias do que o açúcar e adoça três vezes mais, o que diminui o consumo e pode ajudar no emagrecimento. Devido ao grande teor de frutose, também deve ser consumido com moderação pelos diabéticos.
Mascavo: é um açúcar escuro, mais grosso e mais úmido do que o açúcar branco. Ele é o açúcar recém-extraído da cana-de-açúcar. A vantagem é que ele não recebe aditivos químicos em sua composição, mas favorece o ganho de peso, como o açúcar refinado. O consumo por diabéticos deve seguir a mesma recomendação médica dada em relação ao açúcar comum.
Mel: produzido pelas abelhas, a partir do néctar das flores, o mel é uma grande fonte de energia. É mais calórico do que o açúcar, mas o poder de adoçar dele é maior, portanto o consumo é menor. Ao contrário do açúcar, ele contém vitaminas e sais minerais, além de propriedades bactericidas e antissépticas. Como o açúcar branco, ele provoca oscilações na quantidade de glicose no sangue.
Steviosídeo: é o único adoçante natural produzido em escala industrial. Feito da planta Stevia, muito encontrada na região entre Brasil e Paraguai, ele tem grande poder adoçante, com a vantagem de não ter calorias. É adequado para diabéticos e para quem quer perder peso sem ingerir produtos sintéticos.
Sintéticos
Aspartame: é o adoçante mais usado no Brasil. Com apenas quatro calorias por grama, adoça até 200 vezes mais do que o açúcar comum. Há ainda divergências a respeito dos danos que pode provocar à saúde. Há várias pesquisas a respeito do aspartame, pois parte dele é metabolizado como metanol. No entanto, o comitê especializado em aditivos alimentares do órgão americano Food and Drug Administration constatou que a quantidade de metanol no aspartame é segura. Ele só não seria recomendado para quem tem fenilcetonúria.
Suclarose: esse é obtido do açúcar e tem a vantagem de não deixar o famoso gostinho amargo na boca, além de não dar cáries. Adoça cerca de 600 vezes mais que a sacarose e tem até quatro calorias por grama. Ao contrário do aspartame, que perde a doçura ao ser aquecido, a sucralose aguenta altas temperaturas e pode ir ao fogo.
Sacarina (Ciclamato): foi o primeiro adoçante artificial, bastante usado durante as duas Guerras Mundiais, pelo seu baixo custo de fabricação e pelo escasso acesso ao açúcar comum naquela época. Não contém calorias. A desvantagem é o sabor, um pouco amargo. É ela que está presente em refrigerantes light e diet. Nos Estados Unidos, ela é proibida, devido a evidências de que a substância seja carcinogênica, mas essa proibição está em processo de análise. A Anvisa, com base em outros estudos, autorizou o comércio desse adoçante no Brasil.
Xilotol: esse adoçante, além de substituir o açúcar branco, ainda é um aliado contra cáries. Ele é produzido a partir de fontes celulósicas como casca de árvores. Tem o mesmo poder de adoçar que o açúcar e 40% a menos de calorias. Por ser metabolizado independentemente da insulina, é ideal também para diabéticos.