O método inventado em 1920 por Joseph H. Pilates chegou às academias nos últimos anos e continua ganhando incrementos. Uma variante do pilates, o flymoon, foi o destaque da 17; Brasília Capital Fitness, evento que se encerrou na semana passada após três dias de treinamentos, oportunidades de negócios e demonstrações de novidades do mercado fitness.
Na aula com o flymoon, o principal desafio é equilibrar-se. Durante os 50 minutos de prática, uma peça em formato curvo é usada em exercícios em pé e no chão. Para conseguir equilibrar-se em cima do equipamento, é necessário contrair a musculatura interna. "A partir do equilíbrio, você consegue acionar os músculos mais internos" explica a professora Juliana Dall Antonia. Os músculos do tronco devem estar sempre contraídos, mas a atividade trabalha o corpo de forma integrada. "A pessoa termina a aula se sentido mais comprida, com mais espaço", completa Juliana.
O equipamento é versátil. Pode ser usado no condicionamento físico de atletas e também na reabilitação. "É um excelente restaurador dos joelhos e das articulações dos membros inferiores", afirma Juliana. No caso de idosos, a atividade requer atenção especial para que não haja quedas. O desafio tem recompensas. Ganhos no equilíbrio e na postura corporal, fortalecimento dos músculos internos e melhora da flexibilidade são os principais benefícios. A essência lúdica da aula também é um dos atrativos.
Para Ana Regina Rovaris, 51 anos, o maior ganho foi mesmo no equilíbrio. Ela sente a diferença principalmente ao correr, esporte que pratica desde os 17 anos. Além da corrida e das aulas de pilates, a psicóloga faz musculação. Apesar do preparo físico, Ana conta que subir é a parte mais difícil. "Tem de ter força na perna e na região central do corpo", revela.
Criadora do flymoon, a dançarina e coreógrafa Clara F. Trigo destaca outras vantagens proporcionadas pela modalidade. "Quando desafiamos, trabalhamos e, finalmente, equilibramos o nosso sistema proprioceptivo, mexemos diretamente com nossa percepção do corpo de dentro para fora e de fora para dentro. Assim, trabalhamos a consciência corporal, além da consciência do espaço ao redor", explica.
Desenvolvido a partir de um objeto do pilates, a meia-lua, cuja função é servir de superfície estável de apoio, o flymoon trabalha com a intenção oposta: desestabilizar o aluno para treinar seu equilíbrio. Clara conta que a inspiração surgiu de sua prática artística como dançarina e coreógrafa, especialmente na experiência vivida no espetáculo Ideias de teto. Foi o ponto de partida para ela trazer o que chama "instabilidade poética" para o pilates, que pratica desde 1995. "Tanto na dança como na sistematização de exercícios, uso a poesia e a instabilidade como mote criativos", resume.
Benefícios
Fortalecimento dos músculos internos e externos do corpo.
Melhora no alongamento e ganho de flexibilidade.
No caso de idosos, que têm o equilíbrio reduzido por conta das degenerações do sistema nervoso central, o flymoon atua como instrumento de prevenção de quedas.
A aula é extremamente lúdica, devido ao formato do equipamento.
Indicado para corredores e ciclistas por trabalhar de forma integrada tronco e membros.
(Fontes: Juliana Dall Antonia e Clara F. Trigo)
Malhação na piscina
Pelo que se viu no Brasília Capital Fitness, outra tendência é o investimento das academias em water pilates, modalidade originalmente desenvolvida no âmbito da fisioterapia, mas que ganha versões mais hard. A aula consiste em exercícios com movimentos de dentro para fora realizados em uma piscina aquecida, na faixa dos 32;C. A maioria dos aparelhos tradicionais fica fora d;água, mas são usados flutuadores, mesa aquática e alguns materiais de resistência. Os princípios são os mesmos da modalidade em solo: concentração, respiração, alinhamento, controle do centro, eficiência e fluência do movimento. A atividade pode ser individual ou em grupo, mas sempre com atenção às necessidades de cada aluno.
"A vantagem em relação à técnica tradicional do pilates é que, na água, não se tem o peso do corpo e a diminuição da gravidade anula qualquer sobrecarga articular", explica a fisioterapeuta Ana Claudia Lamotté, instrutora de water pilates. Dessa forma, a atividade é uma opção para quem quer fazer musculação, mas sente dores. O ambiente aquático também é ideal para treinar o equilíbrio. A instabilidade gerada pelo fluxo exige maior força muscular para manter o controle postural durante os exercícios. Os músculos abdominais e os do tronco estão sempre contraídos.
O water pilates é bastante efetivo para melhorar a flexibilidade, uma vez que muitas posições são potencializadas, como é o caso do alongamento de perna. A água aquecida contribui para uma maior amplitude do movimento, devido ao relaxamento muscular. Ana Cláudia afirma que a modalidade pode ainda ser usada na reabilitação e no tratamento de algumas patologias, como fibromialgia, artrose, artrite, acidente vascular encefálico em grau leve a moderado, hérnia de disco e degenerações discais específicas, entorse de tornozelo e de joelho, no pós-operatório em geral e nos desvios posturais.
Andrea Mello, educadora física e professora de water pilates, recomenda a atividade para gestantes. "Elas ficam mais leves dentro da água. É interessante porque há mais possibilidades de trabalho. Além do efeito da água de auxiliar o retorno venoso, o que combate a retenção hídrica, as varizes e os problemas circulatórios", afirma. Pesquisadora do método há cinco anos, ela usa em suas aulas molas, elásticos, plataformas e um equipamento do pilates chamado círculo mágico.
Benefícios
Melhora no alongamento, aumento de flexibilidade e de concentração.
Maior controle postural e respiratório e alinhamento da coluna vertebral.
Ganho de consciência corporal
Melhora da coordenação motora, aumento de condicionamento físico e de força.
Prevenção de lesões.
(Fonte: Ana Cláudia Sued Lamotté)
Menos peso, mais músculos
Outra inovação apresentada na feira ; por enquanto, inédita em Brasíla ; é o kaatsu training. A técnica promete facilitar o ganho de músculos com cargas mais leves. O método é baseado na oclusão vascular e consiste em diminuir o fluxo sanguíneo com o uso de torniquetes nos braços e pernas durante a musculação. De acordo com pesquisas, o uso da oclusão vascular em treinamentos físicos de baixa intensidade contribui com a ação de fatores anabólicos, especialmente a produção do hormônio do crescimento.
De acordo com o educador físico e doutor em fisiologia Alex Souto Maior, pesquisador do método, o objetivo é provocar um ambiente ácido, com baixo teor de oxigênio nos músculos.
"A partir de um manguito de pressão, cria-se um ambiente ácido local, que gera processos adaptativos fisiológicos. O principal para promover o aumento do tamanho do músculo seria o aumento da produção do hormônio do crescimento", explica. Segundo o especialista, o aluno levanta de 30% a 40% da carga máxima que conseguiria levantar, mas para o corpo, a resposta é como se o peso respondesse a 80% do total.
O kaatsu training surgiu há mais de 40 anos no Japão com o objetivo de evitar a atrofia muscular em pacientes acamados, em que o desuso dos músculos causa perda da funcionalidade. No Brasil, por enquanto, a novidade pode ser encontrada em academias no Rio de Janeiro e em São Paulo e é indicada para pessoas em reabilitação pós-cirúrgica ou que busquem melhorar o desempenho na musculação. Alex Souto Maior afirma que a prática não representa riscos à saúde. "Quase 100% dos estudos mostram que não há efeito de trombose nem risco algum", afirma. No entanto, o treinador faz uma ressalva: "Exige-se um conhecimento básico para aplicar a oclusão". Além disso, pessoas com fragilidade vascular, como varizes, não devem adotar o método. O kaatsu training ainda está em fase de teste.