postado em 04/11/2012 08:00
A 4km quilômetros da Esplanada, no centro de Brasília, existe um paraíso cheio de esquinas. Um lugar onde as ruas têm nome, as pessoas sentam na janela e observam quem passa. Acredite se quiser, os moradores vão ao supermercado a pé e alguns vão até trabalhar sem carro. Não tem ônibus atrapalhando o trânsito e há bicicletas por todos os cantos. Os vizinhos se cumprimentam quando se cruzam na calçada e patrões e empregados moram um do lado do outro. É lá, na Vila Planalto, nesse resquício de cidade ;normal; no meio da capital, que ateliês, brechós, salões e restaurantes super-refinados têm se refugiado em busca de um lugar bucólico e charmoso, que foge dos comércios tão parecidos das superquadras.Empreendedores da cidade têm apostado no bairro, que pertence à Região Administrativa de Brasília, como o próximo polo comercial da capital. Mas não é qualquer tipo de loja que combina com o ambiente. O charme de cidade de interior da Vila Planalto ;exige; estabelecimentos que oferecem produtos exclusivos ou servem a um público selecionado. Gente que gosta de garimpar peças únicas, saborear comida especial e consumir serviços de profissionais que destoam do trivial.
O interesse partiu do boom dos restaurantes de comida caseira; comandados em sua maioria por pioneiros ; que se multiplicaram nos últimos sete anos na Via L4. Esses estabelecimentos ganharam destaque depois de cair nas graças dos funcionários públicos da Esplanada e dos políticos do Congresso Nacional. Ajudou também o aumento do número dos moradores do Setor de Hotéis de Turismo Norte, que usam os comércios, como o supermercado e a farmácia, do bairro.
Esse novo público ; com dinheiro para gastar ; começou a exigir algo além dos restaurantes self-service. Cresceu a demanda de lojas que vendessem presentes e cabeleireiros que atendessem na hora do almoço, por exemplo. Há pouco tempo, instalaram o primeiro caixa eletrônico, na praça Nelson Corso. Foi por conta desse novo tipo de cliente que profissionais já estabelecidos em centros comerciais de Brasília e Lago Sul optaram por se mudar para o novo bairro.
Além do público com poder aquisitivo alto, o local tem um aluguel mais em conta, embora esteja aumentando gradativamente ao longo dos anos. Há uma infestação de prédios de quitinetes irregulares (Os lotes da Vila Planalto são de propriedade da Terracap. Os moradores não têm escrituras, apenas um documento de concessão de uso) por lá. Viver em uma casa ali custa entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil por mês. Para alugar um espaço comercial, paga-se em torno de R$ 600. Outro ponto forte é a localização. Fica no meio da cidade, entre as asas Sul e Norte. Com a reforma da L4, o bairro ficou ainda mais evidente. Segundo estimativas da Administração de Brasília, em um dia cheio, mais ou menos 5 mil pessoas passam pela Vila Planalto durante o almoço, fazendo com que o volume de carros muitas vezes não caiba dentro das estreitas ruas.
Para resolver esses problemas que afetam moradores, clientes e empresários, há um projeto de revitalização de algumas ruas do local (a avenida L4, que corta a Vila, a Avenida JK, a Rua da Praça e a Via Acampamento Rabelo). A ideia é arrumar as calçadas, limpar as ruas, fazer paisagismo nos canteiros, restaurar as praças (inclusive a cobertura do coreto da praça Nelson Corso), providenciar espaço para estacionamento (será construída uma passarela que liga a Vila Planalto ao estacionamento do Senado), restaurar casas tombadas (incluindo o conjunto Fazendinha e a escolinha da Vila). Está prevista a construção de um parque (em uma área entre o Palácio da Alvorada, do Jaburu e da Vila Planato) e até a troca dos postes altos por modelos mais baixos com iluminação bucólica.
;A Vila Planalto já está consolidada como um polo gastronômico e isso é uma oportunidade de fazer o nosso bairro ainda melhor, atrair cada vez mais um comércio especializado e transformar a Vila em um ponto turístico;, avalia Luciano Lucas, diretor de desenvolvimento econômico da Administração de Brasília. A execução do projeto deve começar em 2013. Ele já foi previsto na Lei Orçamentária Anual de 2012 do Distrito Federal, dentro do Orçamento Participativo.
Leia esta matéria na íntegra na edição n;390 da Revista do Correio.