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Tolerância zero com as rugas

Exame de RNA, cosméticos personalizados e até ativo encontrado em veneno de cobra estão entre as novidades que prometem uma pele melhor e rejuvenescida

Juliana Contaifer
postado em 25/11/2012 08:00
Exame de RNA, cosméticos personalizados e até ativo encontrado em veneno de cobra estão entre as novidades que prometem uma pele melhor e rejuvenescida Ninguém gosta de assumir as rugas no rosto, as marcas de expressão, as manchas senis. Hoje é até difícil adivinhar a idade de certas pessoas ; tamanha é a obsessão delas pela aparência. É uma preocupação legítima se levarmos em conta que a expectativa de vida do brasileiro está cada vez maior ; 73,5 anos para aqueles nascidos em 2011, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Por trás dessa longevidade espichada estão os avanços da medicina.

O campo da dermatologia é um dos que mais apresenta novidades. Por muito tempo, os médicos da área só contavam com dois exames para confirmar seus diagnósiticos: a biopsia e o exame histológico da pele. Isso explica porque esses profissionais são extremamente capacitados a decifrar indícios clínicos somente com o tato e a visão.

Com o avanço da tecnologia, os médicos da pele agora têm aliados para identificar problemas que os olhos não podem ver. A máquina Visia, por exemplo, fotografa o rosto do paciente usando luzes polarizada e ultravioleta e faz um mapeamento detalhado, apontando diversos problemas invisíveis a olho nu. É possível enxergar a porfirina, uma substância que é liberada pelas bactérias responsáveis pela acne. Quanto maior a quantidade de pontinhos amarelos na imagem, maior a tendência a apresentar espinhas. É possível ver até os vasinhos dilatados. "A foto também mostra manchas invisíveis a olho nu que estão em uma camada mais profunda da pele e que irão para superfície se não forem tratadas. É uma forma de entender o que vem pela frente e definir o tratamento", conta o dermatologista Ricardo Fenelon. O aparelho ainda faz uma comparação com o padrão de fototipo, idade e sexo do paciente para definir qual é a idade da pele e o que falta para entrar na média.

Outra possibilidade de diagnóstico é o exame do RNA da pele. São analisados 18 genes que têm influência no envelhecimento da pele. É o RNA que define como esses genes estão se expressando no tecido epitelial. "O dermatologista só tem condições de diagnosticar sem equipamentos quatro processos de envelhecimento: rugas, manchas, hidratação e vascularização da pele. O teste do RNA permite perceber 11 mecanismos diferentes", explica o farmacêutico e bioquímico Israel Feferman, porta-voz da Skingen, empresa curitibana responsável pela tecnologia. A coleta de material é simples. O dermatologista recolhe uma amostra de pele da área entre a mandíbula e a orelha e envia para análise em laboratório. Quatro dias depois, o laudo fica disponível na internet para o profissional e para o paciente. "Mostramos como está o envelhecimento em cada um desses processos. O médico reúne essa informação à avaliação clínica e tem condições para prescrever um medicamento totalmente personalizado", explica Israel.

Uma vez identificados os problemas que a pele tem ou que pode vir a ter, é hora de eleger um tratamento ; e, nesse aspecto, também há avanços importantes. Depois da análise do RNA, por exemplo, o dermatologista pode administrar um cosmético com ativos específicos e em quantidades absolutamente precisas. "Trabalhamos com a triplonanotecnologia: em um remédio, colocamos três nanoemulsões com afinidade para cada uma das camadas da pele, o que garante que os ativos sejam entregues no lugar certo. Cerca de 70% dos ingredientes que usamos são biomiméticos, ou seja, naturais da pele, o que reduz drasticamente o risco de alergias", afirma Israel. O produto é fabricado em Curitiba e chega ao paciente via correio. O preço ainda é elevado: cada vidro custa entre R$ 500 e R$ 600 e dura cerca de um mês e meio.

Segundo o dermatologista Gilvan Alves, que já trabalha com essa abordagem, Brasília é um mercado promissor para cosméticos personalizados. "Os pacientes querem um tratamento individualizado e os que já o adotaram estão satisfeitos com o resultado, apesar de serem demorados. É preciso de seis meses a um ano de aplicações diárias para que apareçam resultados clínicos", afirma.

Leia a matéria na íntegra, na edição impressa da Revista do Correio.

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