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Alienígenas bem-vindos

Alguns frutos exóticos que circulam nas mercearias chiques da cidade também são considerados funcionais, com propriedades benéficas

postado em 25/11/2012 08:00
Exótico: "1. Não originário do país em que ocorre; que não é nativo ou indígena; estrangeiro. 2. Esquisito, excêntrico, extravagante". As duas definições saíram do dicionário Houaiss e podem causar alguma confusão quando falamos de frutas. Para os acadêmicos, o que vale é a primeira, mas os consumidores usam o termo para se referirem a variedades que não conheciam até então.

Na verdade, a maioria das frutas comuns para os brasileiros são exóticas. É o caso, entre outras, da manga, vinda da Índia, e da laranja, trazida da China pelos portugueses. O pesquisador Marcelo Fideles, da Embrapa Cerrados, explica que os frutos brasileiros são chamados silvestres. É aí que entram o maracujá, o abacaxi e aquelas espécies típicas do cerrado, como o pequi, a mama-cadela, o cajuzinho do cerrado e a mangaba.

A migração de frutas é antiga. "São plantas nativas das Américas (mas não do Brasil), da Europa, da Ásia ou da África que, por terem muitas qualidades, foram trazidas para nosso país. Isso vem acontecendo há muito tempo, desde antes da chegada dos portugueses", explica o botânico Gil Martins Felippe, autor do livro Árvores frutíferas exóticas. Conhecer o local de origem é fundamental para estudar as plantas e trabalhar no melhoramento da espécie. Para determinar se a variedade já existia aqui antes da chegada dos europeus, os pesquisadores estudam registros fósseis da planta em outros períodos, como sementes, grãos de pólen, restos de folhas e de madeira.

Muitas das frutas exóticas contêm antioxidantes que auxiliam no combate de radicais livres e atuam na prevenção de doenças crônicas. Conheça algumas frutas que vieram de longe e que podem contribuir para sua alimentação.

Pitaya (fruta-dragão)
Alguns frutos exóticos que circulam nas mercearias chiques da cidade também são considerados funcionais, com propriedades benéficas Tanto por sua aparência quanto por sua origem, a pitaya é bem exótica. Em Brasília, o tipo mais fácil de achar é o de casca vermelha. A polpa é esbranquiçada, tem várias sementes pretas e o sabor lembra uma mistura de kiwi e maracujá. É comida crua ou em calda, em saladas, sobremesas, sucos, xaropes e coquetéis. Da fruta se produz até vinho e, no Brasil, tem se tornado popular como ingrediente da famosa caipirinha. Comestíveis, as flores são colocadas em sopas.

A origem exata da pitaya não é conhecida. Sabe-se que os astecas já a apreciavam e a consideravam refrescante, aponta o botânico Gil Felippe. Os principais produtores mundiais são Colômbia e México, mas o Brasil também fornece exemplares. No cerrado, ela é considerada uma alternativa para o aproveitamento de solos pedregosos, arenosos e maciços rochosos. A Embrapa Cerrados tem trabalhado no melhoramento da espécie com o objetivo de atingir uma padronização no cultivo. O processo consiste na coleta e na caracterização de pitayas de diferentes regiões. "As plantas mais vigorosas, mais produtivas e com frutos maiores são selecionadas. São feitos cruzamentos entre elas e as plantas filhas são novamente selecionadas e intercruzadas. O objetivo é, após 10 anos, termos uma que possa ser recomendada para cultivo pelos fruticultores", explica Fábio Faleiro, pesquisador de genética e biotecnologia da Embrapa Cerrados.

Por que consumir?

A fruta-dragão, apelido vindo de seu nome em inglês (dragon fruit), é rica em vitamina A, importante para o desenvolvimento infantil, auxiliar no funcionamento dos olhos e na defesa do organismo, informa a nutricionista Patrícia Inácio Martins, da FR Nutri. As sementes da fruta também ajudam no funcionamento do intestino.

"O mais indicado é ingerir pela manhã, já que as sementes têm efeito laxante, mas quem não sofre do problema pode consumir em qualquer horário", recomenda a nutricionista Vivian Goldberger. Também é rica em vitamina C, cálcio e potássio. Daísa Pinhal, nutricionista do Oba Hortifruti, acrescenta outros benefícios. "A polpa contém uma substância que atua como calmante. Além disso, possui ação antioxidante, auxilia na imunização do organismo e na formação da pele", afirma.

Atemoia
Alguns frutos exóticos que circulam nas mercearias chiques da cidade também são considerados funcionais, com propriedades benéficas Também chamada atemola, nasceu do cruzamento da fruta-do-conde com a cherimoia em países da África, nos Estados Unidos e em Israel. Aliás, "ate" é a palavra mexicana para fruta-do-conde.
O fruto tem forma de coração, com casca rugosa e pontiaguda, e pesa até dois quilos e meio. A polpa é macia, de cor branca ou creme, com sementes negras. "A polpa do fruto é muito saborosa. É uma fruta para ser comida ao natural, mas pode ser usada em sucos e sorvetes", afirma Gil Felippe. O primeiro plantio no Brasil foi em 1950 no Instituto Agronômico de Campinas. A produção é concentrada nos estados do Sul e do Sudeste ; e também na Bahia. A atemoia já entrou de vez no cardápio dos brasilienses e é, hoje, muito procurada na Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa), que a comercializa na casa de toneladas por mês.

Por que consumir?

De acordo com a nutricionista Patrícia Martins, da FR Nutri, o fruto é muito nutritivo, de sabor doce e sem acidez. Apresenta boa quantidade de fibras e de vitamina C. Porém, deve ser apreciado com moderação. "Ela apresenta valor calórico moderado, por isso, não deve ser consumida em grandes quantidades", alerta. Cada 100g de atemoia têm cerca de 24g de carboidrato e 0,4g de gorduras. Vivian Goldberger indica a fruta para praticantes de atividade física, já que ela é fonte de potássio (importante para a contração muscular).

A atemoia tem ainda elevados teores de cálcio, ferro, zinco, magnésio, proteínas e vitaminas B1 e B2 (atuantes no sistema imunológico).

Mangostim

Conhecido também como mangostão, é natural da Malásia, mas seu apelido, fruta-da-rainha, vem da Inglaterra (dizem que era a fruta preferida da rainha Vitória). Pode ser consumido em seu estado natural ou servir de ingrediente para doces, sucos e geleias. O sabor é doce e levemente ácido, similar ao do melão. Os gomos brancos são similares ao da polpa da lichia, e as sementes, comidas cozidas ou assadas. A fruta chegou ao país na década de 1940, primeiro no Pará, onde ainda é cultivada. Também é produzida no sul da Bahia e, em menor escala, no Espírito Santo e em São Paulo. Quem abastece a praça do DF são os baianos, que também usam a madeira da árvore do mangostim na fabricação de móveis.

Por que consumir?

De acordo com a nutricionista Vivian Goldberger, a fruta é rica em agentes fenólicos, substâncias com ação antioxidante que combatem os radicais livres e previnem o envelhecimento celular. Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (ESALQ) confirmou essas propriedades. Nos Estados Unidos, o mangostim é usado na produção de suplementos dietéticos.

Granadilla
Alguns frutos exóticos que circulam nas mercearias chiques da cidade também são considerados funcionais, com propriedades benéficas Parecida com o maracujá, mas menos ácida, é nativa das montanhas andinas entre a Bolívia, a Venezuela e a Colômbia. Também cresce na Argentina e no norte do México. A casca é dura e escorregadia, e a polpa, gelatinosa e transparente. O sabor é suave e doce. Curiosamente, o Brasil é um dos maiores produtores mundiais da fruta, ficando ao lado do Peru, da Venezuela, da Colômbia, do Equador, da África do Sul e do Quênia. Pode ser consumida ao natural ou misturada ao iogurte, salada de frutas e sorvetes. É considerada um tranquilizante natural.

Por que consumir?

A granadilla é fonte de minerais e vitaminas A, C e K. "Ela contém muitos nutrientes benéficos, como alguns fitoquímicos que contribuem para a diminuição do colesterol", afirma Patrícia Inácio Martins. Já a presença de fibras solúveis faz com que essa fruta seja ótima para o controle do diabetes. Por conter cálcio, ferro e fósforo, a granadilla também é indicada para crianças em fase de crescimento, segundo Vivian Goldberger. A fruta também é fonte de potássio e de vitaminas B1 e B2.

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