Quem nunca sonhou em ter vários animais, sobretudo após um passeio ao zoológico? Para muitas crianças, a época de Natal é uma chance de aumentar a ;coleção;. Aí caberá ao Papai Noel avaliar se a nova mascote é uma aquisição saudável ; para todos os envolvidos.
Yasmin Rabelo, 8 anos, é uma dessas exageradas: mantém 12 bichinhos na casa da avó: três cachorros, um hamster, dois pintinhos, quatro peixes, um preá e um coelho. E quer mais. ;Ela nunca pede brinquedos de aniversário, sempre animais. É assim desde pequena;, conta a mãe e apoiadora, a farmacêutica Wanessa Silva, 32 anos. Vale enfatizar: são todos muito bem cuidados pela menina.
Os pets habitam a casa da vovó porque Yasmin mora em apartamento. As visitas têm de ser diárias, pois é a veterinária-mirim quem dá comida, organiza as gaiolas e confere as necessidades de todos. ;Ela até olha se tem carrapato nos cachorros e quer tirar. Eu tenho que explicar que vou levar ao veterinário, mas ela observa tudo;, comenta Wanessa, que vê na experiência da filha uma forma de cultivar responsabilidade. Ela atribui o jeito carinhoso de Yasmin ao contato com os animais e acredita que valores, como o respeito, se estendem para os amiguinhos da escola.
A psicóloga e pedagoga Penélope Ximenes concorda e vê como positiva a presença de animais no desenvolvimento das crianças. Só faz duas ressalvas: ;Não necessariamente vai trazer responsabilidade;. A outra é que o afeto pelos bichos não pode virar uma fuga da realidade que impeça a socialização. ;Deve-se observar para que o animal não seja a única referência;, alerta. Por isso, os pais devem sempre conversar e servir de modelo, ajudando em um primeiro momento. Depois, os filhos ganham mais autonomia.
Entre os cuidados o veterinário Luciano Cardoso lembra que, além da limpeza de gaiolas, é necessário orientar as crianças em relação a sua própria higiene. A primeira regra é lavar sempre as mãos. Os pequenos também não devem se deixar lamber ; por mais fofo que o pet seja. ;Tem que observar ainda se os animais estão vermifugados, estar atento a pulgas, a carrapatos e checar as datas de vacinação;, completa.
Assim como Yasmin é carinhosa com os animais, a mãe observa se eles fazem o mesmo e não demonstram agressividade. ;Quando eu vejo algo diferente, fico atenta. A chinchila, por exemplo, ficou arisca depois de ter filhotes e descobri que não estava vacinada. Tive que doá-la;, relata. Em outra ocasião, quem também teve de se mudar foram os pintinhos, que ficaram grandes demais para o espaço disponível. Ela conversou com a filha e explicou o que era melhor para o animal.
Um dos bichos preferidos da menina era o galo Alex. Ela começou a criá-lo quando era pintinho e fez questão de ficar com ele porque a galinha o estava machucando e causou uma deficiência na pata. ;Tinham vários pintinhos, mas eu preferi o Alex. Eu peguei e sarei ele;, conta Yasmin, orgulhosa. Nesse caso, foi autorizada pela mãe, mas, volta e meia, ela tentava pegar animais na rua. Uma vez, foi um pombo. ;Se a gente não explicar que tem doença, ela traz pra casa;, confessa Wanessa. Yasmim aproveita a deixa e conta uma novidade: ;Eu tenho um gato, ele vem aqui sempre e o nome dele é Pretinho, mas eu nunca peguei ele;, tenta se explicar a garota. Supreendida, a mãe emenda: ;Pois continue não pegando, é gato de rua;.
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