Revista

2012, o ano que foi um presente

Histórias de brasilienses que vão comemorar incríveis conquistas neste Natal, graças a um esforço pessoal

postado em 23/12/2012 08:00
Papai Noel não se esquece de ninguém, diz aquela canção que embala, até hoje, os desejos infantis sobre o presente de Natal. A gente cresce, mas não desiste nunca de aguardar algo que nos surpreenda: aquela promoção no trabalho, a quitação da casa própria, o show do artista favorito, a chegada de um filho. Porém, às vezes, nem mesmo os nossos melhores sonhos nos preparam para as dádivas que o destino proporciona. E, às vésperas do Natal, há quem tenha muito a agradecer.

A Revista conta agora a história de cinco pessoas que jamais esquecerão 2012. Nesse ano, cada uma delas recebeu um presente até esperado, mas que não deixou de surpreender. São vitórias pessoais que tocam em um ponto: quando há esforço, tudo é possível, inclusive tornar-se o Papai Noel de si mesmo.

O foco no resultado
Histórias de brasilienses que vão comemorar incríveis conquistas neste Natal, graças a um esforço pessoalO esporte profissional não deixa margem para meio-termo: o objetivo é vencer. E, quando se opta por isso, a vida é de privações, esforço e suor. Mas os segundos que precedem a vitória podem justificar tudo sem qualquer arrependimento. Hudson Lee, 21 anos, sabe disso. Lutador de jiu-jítsu, ostenta na cintura o valor da sua luta. O título tem nome forte: campeão absoluto do Circuito Tarja de Jiu-Jítsu, um dos maiores do país. E, conhecendo sua história até chegar ao ano de 2012, quando ele conseguiu a glória maior, vê-se que ele não venceu oponentes apenas no tatame.

"Sempre pratiquei esporte, desde os 6 anos, passando por várias modalidades. Mas comecei a ter problemas com meu peso na adolescência, por volta dos 16 anos. Nessa época, cheguei a pesar 115kg." Uma temporada na Europa o fez adquirir hábitos alimentares pouco saudáveis e, em dois anos, a balança acusou o mal. "Mesmo continuando com o esporte, não conseguia perder os quilos a mais. Mas tinha consciência que minha alimentação era vergonhosa. Tudo do pior e mais gordo possível, em horários totalmente errados e sempre em quantidade elevada."

De volta ao Brasil, procurou auxílio. Mais do que uma questão estética, o excesso de peso atrapalhava o treinamento. Com acompanhamento de um nutricionista, Hudson levou a sério a reeducação alimentar. Garante que não fez nenhuma revolução em seu cardápio. Apenas aprendeu a comer corretamente. "O esforço é grande, nada vem fácil, mas a questão é manter o foco de que você quer mudar seu corpo." Diminuição dos carboidratos, elevado consumo de proteínas ; para recuperação dos músculos após os treinos, já que ele ainda pratica natação e musculação, além do jiu-jítsu ;, retirada gradual dos excessos e suplementação o transformaram. Hoje, o atleta pesa 85kg e tem um índice de gordura corporal na casa dos 15% ; antes o percentual era de 35%. "A meta para 2013 é chegar a 82kg."

Hoje, ele já não consegue mais comer nem perto da quantidade de antes. Para chegar a esse resultado, teve que perceber seus antigos hábitos alimentares como vícios. Só assim foi possível vencê-los. "Sempre tenho o domingo para fugir da dieta. Mas, ainda que liberado, evito comer demais, para não atrapalhar meu desempenho durante a semana", assegura.

O ano de 2012 serviu para coroar esse trabalho. Em seu segundo ano como profissional, Hudson colocou como seu maior objetivo vencer o Circuito Tarja. "Ano passado, perdi na semifinal. Pus na minha cabeça que, dessa vez, eu ia conseguir." No campeonato, há a primeira fase, em que competem atletas na mesma faixa de peso ; a dele é meio-pesado, com até 88kg já com o quimono. Na outra, a situação é mais extrema. Há apenas uma chave, no qual todos os lutadores se enfrentam. "Assim, um atleta de 50kg pode lutar com um de 150kg", explica. E foi nesse mata-mata que Hudson sagrou-se campeão.

A cena ainda é clara na sua mente: "Faltava apenas um minuto para o fim da luta, que estava empatada, e o oponente estava por cima. Muitos juízes usam isso como critério de desempate. Vi que precisava fazer alguma coisa". Nesse ínfimo espaço de tempo, Hudson vislumbrou uma chance e conseguiu fazer uma raspagem ; golpe no jiu-jítsu no qual o lutador que está embaixo consegue ficar por cima, o que lhe rendeu dois pontos e o tão almejado cinturão. "Nos vídeos, dá para ver minha energia, a emoção no rosto e, ao ouvir o apito, saí correndo do tatame para comemorar. Foi demais saber que meu objetivo foi conquistado. Eu acreditei que iria levar esse cinturão em 2012."

Hoje, apenas um atleta detém o título de campeão absoluto: Hudson Lee. E isso garante mais estímulo ainda para que ele continue no esporte. "O que vai ficar de 2012 é muita batalha, um ano em que muitos duvidaram de onde eu poderia chegar, até mesmo pessoas bem próximas a mim. Só que fica a certeza de que estou sendo abençoado, em todos os aspectos."

Leia esta matéria na íntegra na edição n;397 da Revista do Correio.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação