Por Rafael Campos e Juliana Contaifer ; Especial para o Correio
Dizem que listas de começo de ano existem apenas para serem relembradas com pesar 12 meses depois. Deixando o pessimismo de lado, o fato é que os sonhos também precisam de planejamento a fim de prosperarem. E isso dá trabalho. Para inspirar os leitores, a Revista foi atrás de gente que não espera sentada pelo sucesso em 2013. Detalhe importante: os planos devem caber no bolso. Afinal, não dá para contar com a Mega-sena da Virada, né?
; abrir um negócio
A empresária Camila Benez, 31 anos, sempre viveu em meio à moda. Nos anos 1980, sua mãe teve uma loja de confecções multimarcas e ela se lembra bem de como gostava de se vestir e desfilar com o que era vendido. "Eu, muito criança, adorava ver aquelas roupas rodadas com laços de fita. Amava me vestir como boneca, princesa, menina fofa." Naquela época, ela não fazia ideia que esse prazer se tornaria sua profissão.
Hoje, é dona da marca infantil feminina Frederica Perna Fina e quer tornar seu negócio ainda mais profissional em 2013. Isso inclui expandir as vendas e ainda abrir uma grife que contemple os meninos. A Revista levou a história dela para o analista Rodrigo Estrela de Freitas, da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae. Ele analisou as metas da empresa ; e deu uma luz a todos que pretendem se lançar no mercado.
1- A escolha do negócio
Camila sempre gostou de moda e conheceu todos os lados da engrenagem. Além do seu passado de brincadeiras com as vestimentas, já foi modelo profissional, fazendo desfiles, capas de revistas e campanhas. Começou a faculdade de turismo, mas viu que seu caminho era diferente. "Trabalhei com outras atividades, mas nunca consegui me enxergar, me apaixonar e me envolver. Até que resolvi fazer o que mais gostava: design de moda. Foi aí que vi um filme passar, me vi novamente no mundo que cresci e me identifiquei muito."
Para Rodrigo, a empresária começou bem. Ele diz que muitos chegam ao Sebrae na expectativa de reinventar a roda em negócios que estão fazendo sucesso, mas não têm o histórico do empreendedor. "O critério de escolha de Camila é o que recomendamos: empreenda naquilo que lhe dá prazer e identificação. Então, a ideia será boa se você gosta e acredita. Isso já dá 50% de certeza que seu negócio é a melhor opção."
Ela garante que esse foi seu primeiro pensamento: juntar uma atividade prazerosa com a possibilidade de ganhar dinheiro. "É muito mais agradável ganhar com aquilo que você gosta de fazer. Fui atrás do que adoro, produzir roupas." Sua análise, porém, não ficou restrita a essa constatação. Ela levou em conta, inclusive, a possível concorrência com lojistas já estabelecidas. Camila explica que há poucas marcas com foco nas meninas, ainda mais com o viés clássico que ela põe nas peças que cria.
2 -Mercado
Mesmo que você ame o que faz, é preciso entender o mercado que vai consumir a sua ideia. A maioria dos clientes de Camila são das classes A e B. Ela garante fazer um preço menor, por saber que essa clientela já tem suas marcas preferidas. Acredita que, cobrando menos, ela possa conquistar mais compradores. "Mas é preciso começar devagar para conhecer o mercado."
Rodrigo Estrela garante que essa identificação é crucial, ainda mais em um mercado tão flutuante como o da moda. É preciso fazer perguntas: Qual público comprará as peças? Que preço esse público está disposto a pagar? Qual tecido será usado? Será que meu público pode comprar essa peça? "No momento de avaliar o investimento, não basta saber apenas se o que você gastou vai ser suficiente depois para dar lucro, mas se o produto que você colocou no mercado é viável para a área escolhida."
3- Investimento
Camila ainda está analisando todos os gastos que teve após virar pessoa jurídica. Ela calcula já ter investido por volta de R$ 40 mil. O valor ainda não dá o retorno de lucro esperado, mas ela entende. "Não criei muitas expectativas porque o primeiro ano não é de retorno, mas de investimentos. E é o momento de sentir se é isso mesmo que você quer fazer, de que forma você projetará seu negócio e quanto ainda precisa ser investido." Ela ainda conta que, mensalmente, seus gastos ficam na casa dos R$ 2 mil, principalmente com tecidos, aviamentos, etiquetas, divulgação e a terceirização do trabalho final (ela contrata uma empresa de confecções).
Nesse aspecto, Rodrigo recomenda sempre a reflexão, pois o planejamento financeiro é o aspecto crucial que definirá a sobrevivência de um negócio. "Se esses R$ 40 mil não atrapalharam a situação dela, tudo bem. O problema é quando o que é colocado na empresa começa a trazer problemas para as contas da família." Ele sabe que é necessário correr riscos, principalmente no mundo dos negócios. "O ponto de equilíbrio pode demorar. Por isso, o planejamento precisa existir. Hoje, temos a postura mais de alerta que de estímulo: verifique as armadilhas antes de começar o empreendimento. Corra riscos, mas se planeje financeiramente."
Leia na edição impressa a história Cláudia Costa, que pretende viajar em 2013, e de Rafaela Schlucat e Marcos Grimm, que vão se casar.