postado em 10/03/2013 08:00
Morder, todo cão morde: por brincadeira, por defesa ou para marcar território. A diferença, no entanto, está no desequilíbrio e no temperamento do animal. Por isso, os veterinários recomendam a boa educação desde filhote. Cachorro sem limite ou mimado tende a se tornar mais agressivo e impaciente."Por natureza, todas as raças são agressivas, mesmo as de pequeno porte ; faz parte do impulso ação/reação", explica a veterinária e terapeuta comportamental Rúbia Burnier. Shant Lee é um shih tzu branco-caramelo de 2 anos, mas o tamanho não acompanha a braveza do animal, que rosna de modo intimidador ao ver qualquer estranho. "Ele é extremamente temperamental", conta o dono, o fotógrafo Fellipe Silveira, 22 anos. O bicho chega a ser conhecido no Lago Norte por sua atitude irascível. "Ele é muito fofinho, então todo mundo quer passar a mão. Aí eu aviso que ele morde, mas ninguém acredita", ironiza Silveira. O problema seria excesso de mimo: o pet pertencia originalmente à psicóloga Luciana Resende, 30, namorada de Fellipe, que fazia todas as vontades do pet. Quando o casal passou a morar junto, Shant Lee estranhou. "Ele morde porque é dominante, agressivo e territorial, não foi bem socializado, e tenta controlar a fêmea do bando, minha noiva", diagnostica o fotógrafo.
Segundo os especialistas, não existem raças mais agressivas do que outras. "O que acontece é: um cão de maior porte machuca mais que um cão pequeno ; por isso, os casos com cachorros maiores ficam mais conhecidos", explica o veterinário Guilherme Soares. Ele diz que existem dois tipos de ataque: por defesa ou por agressividade. O primeiro está relacionado com o medo do animal, que se sente ameaçado de alguma forma. Como foi o caso do Cris, um vira-lata que mordeu a dona. "Ele enganchou um dente na coleira, e fui tentar ajudá-lo. De repente, ele me atacou e mordeu com força, saiu sangue e tudo. Mas foi por instinto, não por raiva", conta a estudante Camila Marques. "As crianças são propícias a serem atacadas por defesa", comenta Rúbia Burnier. A curiosidade infantil faz com os pequenos apertem, enfiem os dedos, incomodem o animal, que tenta se defender. "É preciso que os donos socializem os cães e que os pais alertem as crianças", orienta a especialista.
Já quando o cão ataca por agressividade, não há motivo específico. Casos famosos são de raças de grande porte, como pit bull, pastor-alemão e rottweiler. "Esses cães têm porte atlético e, normalmente, são treinados para atacar. Por isso, desenvolvem esse comportamento", diz Soares. A agressividade pode se dividir em três categorias: territorial, possessiva e por dominância. A primeira está relacionada ao território, a segunda, com o "ciúme" de alguém ou de determinado objeto, e a terceira serve para mostrar quem manda, quem é o líder do grupo. A sugestão dada por veterinários é evitar mais de um cachorro do mesmo sexo por casa, pois, nessa circunstância, as disputas por liderança aumentam.
Segundo Rúbia Burnier, deve-se encarar a agressividade animal como uma responsabilidade compartilhada entre criador, dono e população em geral. Quando se seleciona um cachorro para reprodução, deve-se levar em conta a natureza e o temperamento daquele exemplar. O criador deve evitar cruzar cães de caráter agressivo e buscar linhagens mais adaptáveis ao convívio social. A responsabilidade é do dono quando este incentiva o comportamento agressivo ou estressa o animal, por exemplo, com isolamento. "Todo dono deve buscar orientação após comprar o filhote", afirma a veterinária.
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