O que os adultos nem imaginam é que a insegurança do filho é diretamente proporcional à insegurança deles próprios, seja em relação à escola na qual está matriculado, seja por não acreditar que alguém possa cuidar da criança tão bem quanto eles mesmos. "Os filhos percebem a insegurança e a tristeza dos pais, e pensam: ;Mamãe está triste. Vai acontecer alguma coisa ruim;", explica Luciana Delella, psicóloga especializada em infância. Sempre que alguma criança com problema para se adaptar à escola aparece em seu consultório, ela conversa também com o pai e a mãe. Na sua experiência clínica, percebe que em mais de 90% dos casos o casal está inseguro também.
Carolina Tzemos, 26 anos, promotora de eventos, admite a hesitação que sentiu ao colocar o filho Matheus, de 2 anos e 8 meses, na escola, em 2012. "Eu estava aterrorizada e tinha um pouco de ciúmes", confessa. Resolveu, então, tirá-lo e tentar de novo este ano. Mais confiante, conversou muito com o garoto, que já está na escola há dois meses. "Ele foi acolhido muito bem aqui e eu sempre explico que volto pra buscá-lo", conta. Para evitar a angústia sentida por Carolina na primeira tentativa de inserir Matheus na vida escolar, Nancy de Fátima explica que tanto filho quanto pais devem ser amparados pelo colégio: "A adaptação não é só da criança, mas de toda a família".
O mais importante é que haja extrema confiança entre os pais e a escola. Eles precisam escolher com calma onde os filhos vão estudar. A psicóloga Luciana Delella é frequentemente questionada sobre a escola ideal para matricular o filho. "Eles querem um nome, e eu preciso explicar que não existe uma regra. O que é bom para uma criança pode não ser tão bom para outra", relata.
Um pedacinho da casa
Catarina, de 1 e 9 meses, levava seu bico e sua mamadeira. "Eram as referências dela quando sentia minha falta", conta a mãe, Gleice Valéria Silva, que estava de férias no início das aulas e, assim, pôde ajudar muito a filha. "Às vezes, eu ficava duas horas com ela na sala de aula." A menina já tinha um irmão que frequentava a escola, mas a experiência dele foi um pouco traumatizante. "Ele demorou cerca de três meses para ficar lá sem chorar", lembra Gleice. Com turmas muito grandes, a escola não permitia que os pais ficassem por perto, pois eram muitos. Na vez de Catarina, a mãe resolveu tentar uma outra escola e levou o filho mais velho junto. Demorou cerca de um mês o sofrimento de mãe e filha, até que, um belo dia, Gleice estava preparada para ficar na escola, pelo menos meia hora, e ela deu um beijo na mão e um tchau. "As professoras transmitiam calma."
Leia a íntegra da matéria na edição impressa