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Os avanços contra o câncer

A doença não é sinônimo de morte. Há diversas opções de tratamento para cães e gatos, sobretudo se o diagnóstico for precoce

postado em 24/03/2013 08:00

A doença não é sinônimo de morte. Há diversas opções de tratamento para cães e gatos, sobretudo se o diagnóstico for precoceCâncer é uma palavra que assusta logo quando pronunciada. Para os donos de animais, não é diferente. Com o avanço da expectativa de vida dos pets, cresceu também o número de neoplasias (tumores malignos) em cães e gatos, mas os donos não precisam se desesperar. Nem sempre o câncer é letal, já existem tratamentos específicos para cada caso: cirurgia, quimioterapia, crioterapia, radioterapia, entre outros. Se detectado precocemente, há grandes chances de cura. Ficou para trás o tempo em que a única saída era a eutanásia. Hoje, a medicina veterinária tem contado com os avanços tecnológicos para tratar não só a doença dos pets, mas proporcionar qualidade de vida aos animais doentes.

Zulu se tornou um boxer manhoso depois dos inúmeros cuidados da dona, Luiza Aguirre. Por coincidência ou destino, o cachorro da médica dermatologista foi diagnosticado com um carcinoma (câncer na pele) há seis meses. Luiza tem o hábito de observar e acarinhar o seu pet diariamente. A médica apalpou um caroço na lateral da barriga de Zulu. "Sabendo que poderia ser um tumor, já fui ao veterinário com a intenção de fazer a biopsia", conta. O boxer fez a cirurgia de retirada do nódulo e, em seguida, quimioterapia. "Nesse caso, foi indicado quimioterapia por conta da agressividade do câncer e da carga genética do animal", afirma o veterinário de Zulu, Paulo Tabanez.

Por ser da raça boxer, Zulu tem predisposição genética a ter câncer. Outro fator que influenciou o cão foi a hereditariedade, já que sua irmã mais velha morreu por conta de um câncer na barriga. Zulu sentiu náusea, vomitou e perdeu bastante pelo. Por causa da baixa imunidade, teve infecções cutâneas e a taxa de leucócitos diminuída. "Enquanto tiver tratamento, eu vou apostar", conta Luiza. Ela gastou por volta de R$ 15 mil com o cão. Os procedimentos ainda são caros, e, por isso, alguns donos optam pela eutanásia. "A medicina veterinária não tem tanto reconhecimento quanto a humana, mas os princípios são os mesmos, por isso tem avançado no mesmo sentido", afirma a oncologista veterinária Sabrina dos Santos. Para Sabrina, a eutanásia deve acontecer em último caso, quando não houver mais alternativas e o animal estiver sofrendo.

Agora, Zulu passa bem. "Os sintomas comuns da quimioterapia em animais é a diarreia e o vômito. A queda de pelo acontece raramente", explica Sabrina. Zulu, no entanto, foi uma das exceções. Além de perder pelo, ficou manhoso durante o tratamento. Luiza, a dona dele, acredita que era por causa da dor. Por isso, quando podia, tentava trocar os curativos, passar um tempo maior com cão, pois ele precisa de cuidados especiais nesse período. "O animal fala com os olhos, temos de perceber quando ele está bem ou não. É como uma criança, precisamos conhecê-lo bem", aconselha a médica.

Várias frentes de tratamento
Entre os tratamentos mais comuns para o câncer estão: a cirurgia, a quimioterapia e a crioterapia. A primeira é a retirada do tumor e de parte do tecido saudável, chamado de margem de segurança. A quimioterapia é usada principalmente em tratamento de linfoma e leucemias, mas também como coadjuvante, para que não haja risco de metástase de tumores como carcinoma, hemangiossarcoma, melanoma, entre outros. A dosagem da medicação é feita de acordo com cada caso. Leva-se em consideração a genética e o comportamento celular do tumor e do animal ; os medicamentos são os mesmo usados em câncer humano. Já a crioterapia congela as células cancerígenas. Esse tratamento é indicado para tratar pequenas lesões cutâneas ou localizadas nas mucosas oral e perianal, como carcinomas basocelular, espinocelular e mastocitomas cutâneos. "A radioterapia é uma alternativa, mas ainda não está tão desenvolvida no Brasil. São poucos os hospitais veterinários que têm o aparelho. Em Brasília, por exemplo, não existe", explica Sabrina. Os aparelhos são caros e exigem estrutura maior. A radioterapia mata e controla as células neoplásicas em áreas determinadas pelo médico.

Durante o tratamento, é necessário fazer um acompanhamento nutricional. O tumor causa vários tipos de deficiência no corpo do animal que são agravados pela quimioterapia. "O tumor prejudica o estado geral do animal, inclusive pode acarretar um quadro de desnutrição e causa emagrecimento", explica Sabrina. Tumores ósseos geralmente causam grande dores aos pets. Por isso, o tratamento deve ser composto também por analgésicos. A veterinária indica cuidado especial com a limpeza de fezes e urina: podem conter metais e substâncias químicas. O ideal é que o dono limpe com uma luva para evitar qualquer tipo de contaminação. "Nada de socialização durante o tratamento", orienta a especialista. Manter o animal doente longe de outros animais é essencial. Como o pet está com baixa imunidade, está também suscetível a outros tipos de infecções.

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