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Jogue a toalha!

O brasiliense redescobriu o prazer de ocupar os espaços públicos da cidade, sobretudo os parques, para fazer o bom e velho piquenique, prática que havia sido relegada a segundo plano

postado em 19/05/2013 08:00

Quilômetros e quilômetros de verde foram, tradicionalmente, um convite para os primeiros brasilienses incluírem a natureza como área de lazer nos fins de semana. Em mãos, uma sacola com toalha e lanche para matar a fome de adultos e crianças que se aglomeravam, com frequência, no Parque da Cidade. Esse era apenas um dos cenários para despretensiosos piqueniques candangos realizados entre as décadas de 1960 e 1980.

Com o tempo, no entanto, a ideia de estender uma canga no chão e abrir uma cesta de frutas perdeu o posto para passeios em shoppings, idas ao cinema e a outros locais fechados. Até que, no último ano, um movimento "toalha xadrez" coloriu os parques e os espaços públicos da cidade. Com pouco dinheiro e muita criatividade, os piqueniques voltaram à moda como um divertido programa familiar e um animado encontro entre amigos.

O brasiliense redescobriu o prazer de ocupar os espaços públicos da cidade, sobretudo os parques, para fazer o bom e velho piquenique, prática que havia sido relegada a segundo plano



Liberdade no parque
Aos sábados e domingos, é possível flagrar alguns convescotes pela cidade. Há duas semanas, por exemplo, o técnico em informática Pedro das Mercês, 28 anos, e a namorada, Flávia de Jesus Silva, 25, técnica administrativa, celebraram o aniversário de 2 anos da filha, Maria Fernanda, em um piquenique no Parque da Cidade. Para o pai, essa alternativa de lazer tem gostinho de infância. "Essa é uma lembrança viva na minha memória. Me lembro de vir muito ao Parque da Cidade com meus pais; Dos sanduíches e frutas que trazíamos para lanchar à tarde. Era um momento de diversão", conta.

Flávia, no entanto, não teve a mesma experiência quando criança, mas na adolescência. A recordação de momentos bucólicos à sombra dos pinheiros, acompanhada de uma cesta de frutas, fez parte de encontros de um clube do livro do qual participava. "É muito boa a sensação de estar ao ar livre. Queria que minha filha pudesse passar por isso. Tanto que, no aniversário, ela brincou descalça, se sujou e teve esse contato com a natureza. Bem diferente de qualquer salão de festa", explica. Depois da experiência, Maria Fernanda pede todos os dias por mais um piquenique. "O duro é explicar que só no fim de semana dá para fazer", conta a mãe.

A psicóloga Náddia Lopes, 32 anos, passa pelo mesmo com a filha Letícia, de 5 anos. Depois que a filha pisou na toalha xadrez, há dois anos, Náddia é requisitada para uma "próxima vez". "Acho ótimo porque minha filha aproveita esse tempo fora de casa perto da natureza e sempre chama uma amiga. As crianças adoram", conta Náddia. Outro ponto positivo observado pela psicóloga é que a filha aprendeu a esperar pelos amigos para comer o lanche. Além de, é claro, compartilhar os docinhos mais cobiçados.

Ana Alice, de 4 anos, é uma da amigas com quem Letícia costuma se encontrar para brincar e lanchar sob a sombra das árvores. No próximo mês, será a vez de ela convidar todos os amigos para uma festa-piquenique, que está sendo planejada pela mãe, a analista de tecnologia da informação Jany Queiroz, 36 anos. "A ideia de poder comer lanches saudáveis, correr, brincar de pique-pega e propor outras brincadeiras da minha infância foi o que mais me encantou", conta. Marido de Jany e pai de Ana Alice, Paulo Selveira, 37, foi a favor. "Nasci em Brasília e, desde pequeno, fazia esse tipo de programa com a minha família. Para mim, essa onda do piquenique nunca terminou e acho que não vai terminar", acredita.

A reportagem completa você lê na edição n; 418 da Revista do Correio.

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