Não há paraíso sem boa comida, anote isso. Seja ele terreno ou não, só consigo imaginar essa palavra em plenitude se ela vem acompanhada de um banquete. Ele pode também precisar de música, um bom vinho e, claro, a presença de quem a gente gosta. O paraíso particular do chef português Jorge Santos fica no seu Café com Vinil. E, sendo seu, ele se dá ao luxo de mudar, de vez em quando, o cardápio das delícias que serve.
Na última semana, Jorge lançou os novos pratos do cardápio e contou um pouco de como o Éden pode ser personificado em Brasília. Começou a construí-lo quando fez 40 anos. "Sempre tive jeito para cozinhar. Durante muitos anos, fui diretor financeiro da IBM. Formei-me em gastronomia na Europa, mas apenas para conhecer ainda mais sobre a culinária, e continuei minha vida." Porém, ao chegar àquela idade, entendeu que estava na metade da vida e que, a partir dali, faria apenas o que tivesse vontade.
Num átimo, comprou uma passagem e foi viver em uma pequena cidade do interior da Bahia, Maraú. "Vivi lá por cinco anos, mas percebi que o paraíso era paraíso demais para mim. Não havia banco, farmácia, médicos. Nessa época, conheci muitos veranistas de Brasília, muitos deles ligados à gastronomia. E eles me incitaram a vir para cá", lembra. Em 2007, no dia do próprio aniversário, uma passagem de ida para a capital foi comprada e, de novo, ele começou a se reinventar. Ligou para os conhecidos brasilienses e se surpreendeu com a ajuda que recebeu de todos, mesmo os tendo conhecido apenas naqueles momentos de festa no verão.
"Em uma semana, já conhecia mais de 100 pessoas. Comecei na Taverna do Infante, na Asa Norte, e fui ganhando prêmios com o meu bacalhau, ganhando visibilidade. As coisas corriam muito bem." Com três anos de casa, o senhorio solicitou o ponto de volta e Jorge se viu, de novo, precisando recomeçar. Deu início a um trabalho que envolvia jazz ao vivo, DJs conhecidos da cidade e colegas com outros focos gastronômicos, conhecido como Quituart. Dali, foi surgindo a ideia do Café com Vinil. "Ele já existe há quatro anos e é uma proposta que tem tudo a ver comigo. Numa noite, conversando com meus funcionários, decidimos redesenhar o cardápio, das entradas às sobremesas. Fizemos a carta de vinhos e reeditamos a de cervejas." Nos pratos, muito da sua história portuguesa, mas sem rédeas que o limitem apenas aos seus sabores de origem.
Ingredientes
2 ninhos de massa cabelo de anjo
300g de bacalhau gadhus morua demolhado
4 vieiras cozidas
1 cebola cortada em rodelas
100ml de azeite extravirgem
1 xícara de chá de água
2 xícaras de chá de polpa de maracujá fresco
1 colher de sopa de amido
Broto de alfafa
Modo de preparar
Cozinhe o bacalhau em água por cerca de 15 minutos. Retire a pele e a espinha central e divida a posta de bacalhau em dois pedaços. Numa assadeira, coloque a cebola e os dois pedaços de bacalhau, regue com o azeite e asse a 17; até ficar dourado. Misture o amido na água em uma frigideira em fogo baixo. Adicione a polpa do maracujá e reduza até ficar espesso. Em água fervente, com um fio de gordura vegetal, cozinhe a massa até ficar "al dente". Coloque os ninhos de massa num prato com as vieiras por cima, três sem casca e uma na casca. Coloque os pedaços de bacalhau em cima de cada ninho e cubra com o molho de maracujá. Decore com o broto de alfafa e a flor.
Tempo de preparo: 1 hora e 20 minutos
Rendimento: 1 porção
Café com Vinil
CLN 413, bloco E ; lojas 3 e 5
Telefone: 3037-1110
Horário: de segunda-feira a sábado, das 19h até o último cliente.
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