postado em 02/06/2013 08:00
Antes do primeiro ano de idade, é comum os donos de animais de estimação receberem dos veterinários a recomendação de castrar os pets. A justificativa é que o procedimento previne tumores e infecções nos úteros e testículos dos cães. Entre os gatos, diminui a libido, impedindo o cruzamento com animais de rua. A castração também é indicada quando os bichinhos estão mais velhos e já apresentam alguns problemas de saúde. A reação dos donos pode ser de espanto e até de resistência. A estudante Isadora Wertemeier tinha receio de submeter sua cadela, Deise, à castração. "Quando pegamos Deise, ela ainda era um filhote. Nem pensamos nessa opção, achava que era uma intervenção desnecessária", comenta Isadora. Hoje, Deise está com 16 anos e passou por várias cirurgias, que poderiam ter sido evitadas.
Aos 12, a vira-lata começou apresentar caroços nas mamas. Os exames mostraram ainda que Deise estava com vários tumores no útero. O diagnóstico foi câncer. "Ficamos bastante preocupados. A castração foi, então, necessária." A cadela teve o útero e todo o tecido mamário retirados. Hoje, ela passa bem, apesar da idade avançada. "Talvez se tivéssemos feito a castração mais cedo, não teria esse tipo de problema", comenta a estudante.
Os veterinários recomendam em geral que a cirurgia de castração seja feita por volta dos 4 meses. Geralmente, antes do primeiro cio das cadelas, pois, a cada cio, as fêmeas ficam mais suscetíveis a tumores de mama. "A castração feita na hora certa previne não só o câncer, mas a obesidade em cães", afirma o veterinário Marco Aurélio Gomes.
Nas cadelas, a retirada dos órgãos do sistema reprodutivo evita infecções no útero. Além disso, a extração dos ovários cessa a produção de hormônios sexuais que podem causar tumores quando os animais estiverem mais velhos. "Já nos machos, a retirada das gônodas previne hiperplasia da próstata", explica o veterinário.
Quanto à questão da redução da agressividade, não é uma verdade absoluta. Com a castração, os pets podem, sim, ficar mais dóceis, já que os hormônios responsáveis pela disputa territorial e sexual pararam de ser produzidos. "No entanto, um cão de guarda, por exemplo, continuará a defender seu território mesmo quando castrado", completa Marco Aurélio.
Outra vantagem do procedimento é o controle dos animais nas ruas. Algumas prefeituras, perante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, adotaram como alternativa o método de castração química, prática não cirúrgica que também torna os animais inférteis. A técnica ainda é recente, existe há apenas quatro anos e começou a ser implantada para conter a população canina.
Um dos diferenciais do método feito por meio de medicamentos é o preço. "A castração química é bem mais barata do que a cirúrgica. Além disso, não exige pós-operatório. Por isso, foi privilegiada pelo Estado", afirma Ricardo Lucas, veterinário e diretor da empresa responsável pela produção do medicamento no Brasil.
A técnica consiste na aplicação de uma injeção no testículo do cão. Após a aplicação, depois de um período entre 20 e 30 dias, ele se torna infértil. O princípio ativo do líquido é o zinco, substância que modifica as células, impedindo a formação de espermatozoides suficientes para a fecundação. O medicamento funciona somente em cães machos.
Os donos podem se questionar se tal método não seria doloroso demais para os pets. No entanto, se aplicado de forma correta, com um anti-inflamatório, o cão ficará bem, garante Ricardo Lucas. "A agulha é bastante fina, é como uma agulha de insulina", reforça. Um estudo publicado pela Universidade de São Paulo (USP), no entanto, mostrou a necessidade da aplicação de analgésicos com o medicamento, de modo a amenizar o desconforto.
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