postado em 09/06/2013 08:00
Após o grande boom do MMA (Mix Marcial Arts) ; devido, em grande parte, ao sucesso do evento esportivo americano UFC (Ultimate Fighting Championship) ;, muitas academias passaram a oferecer cursos e aulas da modalidade. Após um tempo, a febre arrefeceu, mas a tendência das lutas como uma alternativa de atividade física continua. Há segmentos especializados para mulheres, idosos, jovens e crianças.Quando se trata de ensino de artes marciais para crianças e jovens, são muitas as preocupações que surgem na cabeça de pais e educadores. A principal dúvida é se a prática incita a violência. Outra desconfiança paira sobre a qualificação dos instrutores ; em geral, basta demonstrar conhecimento prático para se tornar professor, não são exigidos certificados ou registros específicos.
O professor e faixa preta de judô Matheus Queiroz Lopes explica que o MMA dificilmente funciona como a primeira opção de luta. Normalmente, o aluno já tem experiência em outro segmento, como uma modalidade base, e busca o MMA como uma forma de se aproximar de outras lutas. Em favor do judô, Lopes argumenta que a modalidade ajuda os jovens a vencerem barreiras, ensina a lidar com derrotas e prepara física e psicologicamente.
O professor Jan Lucas Ludgero acumula, além da faixa preta de jiu-jítsu, a faixa roxa de judô e a ponteira azul-escura de muay thai. Ele estimula o treino desde cedo, e dá como exemplo sua história pessoal: começou aos 4 anos e, aos 13, já experimentava outras técnicas. Ludgero explica que, para crianças e adolescentes em fase de formação, as modalidades ideais são as lutas com filosofia e aspecto mais lúdico, "sem golpes como chutes e socos, porque ensinar a bater qualquer um ensina, a criança precisa aprender a se defender". As artes marciais que se encaixam nessa categoria são as chamadas "agarradas", como o judô e o jiu-jítsu.
São muitas as federações e associações de lutadores. Porém, ainda não existe uma que centralize todas. O professor Ludgero acredita que um órgão unificador, apto a discernir os profissionais qualificados, traria a regulação desejável para o setor. Enquanto esse anseio não se concretiza, o lutador aconselha aos pais a "participar das aulas, matriculando-se na classe, não como uma forma de fiscalizar o jovem, mas, sim, com o intuito de criar laços mais íntimos e, claro, ver de perto a conduta do professor".
Na família Vendramini, é fácil enxergar os benefícios de treinos bem orientados e com acompanhamento por parte dos pais. Durante a infância, Luigi, 17 anos, gostava de observar o pai, Augusto, treinando e sempre teve vontade de seguir os passos. Quando completou 13 anos, começou as aulas de jiu-jítsu e, desde então, pai e filho lutam juntos. Augusto, 48, acredita que o fato de sempre ter treinado com professores consagrados, que colocam a filosofia da luta acima da violência, foi essencial em sua formação, e quis passar os mesmos valores ao filho, ressaltando o papel da família. "Procure um mestre idôneo e acompanhe o seu filho, assista aos treinos, vá aos campeonatos. Ter essa participação é muito importante", aconselha.
Hoje, Luigi é faixa azul no jiu-jítsu, enquanto o pai, que começou os treinos antes, ostenta a faixa marrom. O jovem iniciou também o treino de MMA, pois busca a carreira de lutador, com o total apoio e orientação de Augusto. Luigi acredita que a presença do pai foi essencial em sua formação e não lhe poupa elogios: "Sinto o maior orgulho de ver o meu pai lutar, é meu super-herói". De Augusto, ouviu muito a frase: "Não brigue, lute".
O mestre Altaceste Batista, professor de boxe, kickboxing e karatê, explica que as aulas de MMA não são as mais interessantes para crianças e adolescentes. O mestre ressalta que "qualquer modalidade mal-orientada faz mal". As dicas que Batista dá a pais e jovens é fazer aulas experimentais, para conhecer a modalidade, e sempre verificar se o professor é associado a alguma federação.