Revista

A capital do amor

Pontos turísticos de Brasília servem de inspiração para casais apaixonados.Com muita área verde, a cidade se torna um dos protagonistas do romantismo

Gláucia Chaves, Janine Moraes
postado em 09/06/2013 08:00

Histórias de amor estão por toda parte. Incontáveis livros, poemas, canções e pinturas já foram feitos tendo o sentimento mais nobre do mundo como tema. Para uma história acontecer, contudo, algumas coisas são indispensáveis. Personagens, por exemplo. O que acontece com eles, como interagem e o que decidem são a espinha dorsal de qualquer conto, anedota ou narração. Toda história precisa também de um cenário. Campos verdejantes, castelos monumentais ou um quarto de motel, não importa. Assim como na arte, a vida real também está recheada de casais que começam, recomeçam ou encerram pequenos roteiros particulares. Neste Dia dos Namorados, a Revista resolveu descobrir quais os lugares preferidos da vida amorosa dos brasilienses. Encontramos casais apaixonados dispostos a dividir histórias e, de quebra, dar dicas de locais bacanas para viver o amor na capital. Mas uma coisa é consenso entre eles: o que vale mesmo é a criatividade.
Pontos turísticos de Brasília servem de inspiração para casais apaixonados.Com muita área verde, a cidade se torna um dos protagonistas do romantismo

Universidade de Brasília
Quando se fala sobre a Universidade de Brasília (UnB), vários temas vêm à mente: livros, seminários, aulas, horários apertados... Mas não é só de estudo que vivem os mais de 40.600 estudantes da instituição. Caminhar por qualquer parte dos 1.650.000m; de área gramada é suficiente para encontrar namorados que, entre uma aula e outra, aproveitam para conversar, trocar carinhos ou simplesmente ficar juntos. Isso sem falar nos outros 513.767,16m; de área construída, com salas de aula e laboratórios recheados de casais que dividem sanduíches, cadernos, canetas e confidências.

A UnB, para Eduardo Zolhof e Diana Doria, serviu para amarrar uma história que começou muito antes do vestibular. Aos 8 anos, ela praticava tae-kwon-do. Ele tinha 12 anos e estava na mesma classe. O tempo passou, eles perderam o contato e chegou a hora de escolher um curso superior. Novamente, 11 anos depois, os gostos parecidos foram os responsáveis por deixá-los no mesmo lugar ; agora, a sala de aula. Os dois cursam desenho industrial. "Quando nos vimos na faculdade, não nos reconhecemos", relembra ela. "Só percebemos depois, quando vimos as coincidências." A partir daí, os dois passaram a colecionar interesses comuns. Um deles, em especial, foi o ponto de partida para o namoro engatar de vez. Ela queria cantar, mas não sabia tocar violão. Ele aceitou o convite, e aproveitou para apresentar um novo jogo de videogame. Agora, Brasília é um imenso jardim: qualquer gramado é suficiente para deixá-los felizes. "Tudo depende da criatividade do casal. Nós aproveitamos qualquer gramado aleatório", resume ela.

Falando em sala de aula, foi graças a uma delas que Fábio Coutinho, 19 anos, e Louise Portela, 18, se conheceram. Os dois não fazem o mesmo curso ; ele estuda história e ela, artes cênicas. Durante a campanha eleitoral da UnB para a escolha de delegados para um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), Fábio passou por várias salas de aula para divulgar a chapa que fazia parte. Louise se interessou (pelo discurso, ela garante) e procurou saber mais sobre o coletivo. Conversa vai, conversa vem, ela entrou para o coletivo, mas a política acabou ficando em segundo plano. "Ainda não estamos namorando oficialmente, mas, quando se começa a ;ficar; sério com alguém, começamos a pensar em tudo o que pode acontecer", analisa o rapaz. Os olhares cúmplices, por enquanto, não são oficiais. "Mas até que seria um bom momento, né?", brinca ela.

Thamires Borges, 23 anos, e Lucas Fernandes, 18, estudam artes cênicas. Juntos há três meses, os dois aproveitam os espaços verdes da UnB para namorar, mas já eram conhecidos antes de dividirem os livros. Em Taguatinga, onde moram, amigos em comum já tinham promovido um ou dois encontros casuais. Ela foi a primeira a entrar na UnB, há quatro anos. Dois anos depois, ele seguiu o exemplo. "Só agora estamos cursando uma disciplina juntos", conta ele. O confinamento dos shoppings não é com eles. "Nunca pisamos em um juntos", gaba-se ela. A liberdade da área externa do Museu Nacional ou do Parque de Taguatinga (conhecido também como Taguaparque, localizado no Pistão Norte) combina mais com o casal. "O Taguapark é o ponto de encontro do nosso namoro", derrete-se Lucas.
Pontos turísticos de Brasília servem de inspiração para casais apaixonados.Com muita área verde, a cidade se torna um dos protagonistas do romantismo
Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek
Talvez seja o ar bucólico proporcionado pelas árvores. Pode ser também o clima de reflexão causado pelos espelhos d;água. Os brinquedos com referências a contos de fadas, como o escorregador em forma de bota, o carro de abóbora ou o castelinho, também devem ajudar. O fato é que o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek ; chamado pelos mais íntimos apenas de Parque da Cidade ; é um dos cenários preferidos dos que querem namorar. De repente, os 4,2km; de extensão do maior parque urbano do mundo dividem-se em pequenos cenários, ocupados por casais que se espalham pela grama, pelos bancos, debaixo das árvores.

Andando pelo Parque, um lugar chama a atenção pela quantidade de casais. Fundado em 1967, o parque de diversões Nicolândia Center Park já recebeu mais de 10 milhões de visitantes, segundo estimativa dos responsáveis pelo local. Dois deles foram Fernanda Marques, 23 anos, e Wellington John, 24 anos. A operadora de marketing e o representante comercial namoram há um ano e seis meses. Conheceram-se em uma festa que não estava bem nos planos originais. "Estávamos em uma e ele me chamou para ir a outra", explica Fernanda. Os dois moram em Samambaia, mas preferem o Plano Piloto quando querem dar uma voltinha ao ar livre. "Lá, até que tem algumas pracinhas, mas aqui é melhor, tem onde se sentar", justifica ela.

Sentados em um dos milhares de bancos do Parque, Poliana Guedes de Oliveira e Kelson Henrique Silva, 26 e 23 anos, respectivamente, aproveitam a tranquilidade da área verde para conversar. "É perto do trabalho, é calmo, então achamos ideal para vir sempre", diz Poliana. Na próxima quarta, os farmacêuticos completam três anos de namoro. Os dois se conheceram no hospital em que trabalhavam. "Saímos para uma festa, acabamos ficando e começamos a namorar", resume a moça. Tímidos, eles contam que, além do Parque, gostam de cenários clássicos de Brasília, como o Pontão do Lago Sul. "Brasília é uma cidade romântica, quem procura acha."

Kamylla Barbosa de Carvalho, 21 anos, e Matheus Ferreira dos Santos, 19, gostam mesmo é da grama do Parque. Não ter uma canga ou toalha para se deitarem não importa: a mochila, usada como travesseiro, é o suficiente. A estudante e o operador de caixa também se conheceram no trabalho. Eram amigos a princípio, mas o relacionamento precisou de um pequeno momento de tensão para deslanchar. "Um dia, passei mal e desmaiei no mercado. Como era horário de pico e eu não queria voltar para casa naquele trânsito, fomos passar o tempo na fonte da Torre de TV", conta Kamylla. "O lugar já é romântico por si só, e a gente se beijou. Nessa hora, descobrimos que não era só amizade." Em 19 de abril deste ano, veio o pedido de namoro, certinho, como manda o figurino, no Museu Nacional ; outro cenário adorado pelos amantes.

Leia a reportagem completa na edição n; 241 da Revista do Correio.

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