Os gatos são animais independentes por natureza, mas nem por isso devemos descuidar dos hábitos e da rotina deles. Geralmente, mudanças abruptas de comportamento são indicativas de que o bicho (de qualquer espécie) enfrenta algum incômodo ou problema de saúde. Entre os felinos, essa constatação é ainda mais verdadeira.
A chamada doença do trato urinário inferior dos felinos (DTUFI) é dessas que tende a passar despercebida pelos donos. Conhecida também como síndrome urológica felina (SUF), consiste em um conjunto de sintomas clínicos variáveis que podem, inclusive, ser reflexo de outros males urinários não tratados.
As causas também são variadas. "A etiologia é muito abrangente", ressalta a veterinária Juliana de Camargos Ribeiro Rosito, especialista em nefrologia e urologia de pequenos animais. Entre as mais comuns, podemos destacar alterações metabólicas e nutricionais, dietas muito secas, pouca ingestão de água, desordens inflamatórias, pedras nos rins, estresse e sedentarismo.
De acordo com o veterinário Luiz Machado, a primeira coisa a observar é se bichano está irritado aparentemente sem motivo. Mas há outros aspectos a considerar: o animal apresenta dificuldade para urinar? Está fazendo as necessidades em local inadequado? Está sem apetite? Mia diferente durante a micção? Parece sentir dor na região abdominal? Em casos mais sérios, a mascote pode até mesmo ficar sem urinar ; isso ocorre quando o canal urinário está totalmente obstruído. Essa situação é mais comum em machos, pois a uretra deles é mais fina que a da fêmea.
Esse foi o caso de Tom, o gato de 3 anos da aposentada Maria das Dores Freitas, 69 anos, que não percebeu os sintomas iniciais e acabou indo parar na emergência com o seu pet. Maria só se assustou quando o felino apareceu com a barriga inchada. No veterinário, descobriu que se tratava de obstrução do canal urinário causada por descamação da bexiga.
Em um primeiro momento, as peles foram retiradas com sonda e Tom foi pra casa, onde foi medicado com antibióticos para prevenir novas crises. Após 15 dias, os sintomas voltaram, Maria explica que, dessa vez, notou imediatamente as reclamações do seu pet. "O Tom ficava enlouquecido, miando em cima da gente. Devia estar sentindo muita dor", avalia.
Depois de o gato apresentar uma nova obstrução, a única solução encontrada foi a cirurgia que consiste na abertura da uretra, com a retirada do pênis, o que permite que o canal urinário fique mais largo, evitando novas obstruções. Além da cirurgia, o tratamento é feito com antibióticos e com a ração urinária, específica para gatos que apresentam a DTUIF. A cirurgia de desobstrução só é recomendada em último caso e quando outros métodos não surtem efeito.
O tipo de tratamento varia caso a caso. Em quadros de urolitíase ou de cistite, deve ser feito um acompanhamento periódico de modo a evitar a evolução da doença, além do uso de anti-inflamatórios e antibióticos. Já em situações de micção inadequada, causada por distúrbios de comportamento ou estresse, é indicado o tratamento com antidepressivos (sem dispensar as necessárias alterações ambientais). Juliana Rosito reforça a importância de se observar a quantidade de água ingerida diariamente pelo gato.
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