postado em 21/07/2013 08:00
Os sintomas são confusos e podem levar a erros de diagnóstico, a doença é pouco conhecida e não existem muitas campanhas focadas em sua prevenção ou na importância da vacinação. Esses fatores, combinados à força do vírus CDV (Canine Distemper Vírus), fazem da cinomose uma das doenças caninas com maior taxa de mortalidade ; 85%.
A veterinária Maria Carolina Carvalho Mota e Silva explica que a cinomose é uma doença viral cuja gravidade depende do órgão afetado. "O vírus é muito inespecífico, então tudo depende de onde ele vai atacar", completa. A veterinária explica que o CDV é um vírus oportunista, atinge os animais que se encontram com o sistema imunológico enfraquecido, o que ocorre com mais frequência em filhotes e naqueles de idade avançada.
A cinomose é sintomática e caracterizada por fases. Os sintomas iniciais são menos preocupantes e podem ser confundidos com um mal-estar passageiro, o que geralmente acontece, resultando em um diagnóstico tardio, no qual as chances de recuperação são reduzidas. Os primeiros sistemas a serem atingidos são o respiratório e o digestivo ; daí os episódios de diarreia, vômitos, espirros e secreção nasal e ocular. Uma vez subestimado, o quadro evolui rapidamente para febre alta, pústulas e pneumonia.
Em seu estágio mais avançado, a cinomose atinge o sistema nervoso do animal. Os sintomas se caracterizam por tiques nervosos, espasmos musculares, comportamentos estranhos, como andar em círculos, convulsões e coma. Uma vez nesse estado, há poucas chances de reversão e, quando isso ocorre, o pet costuma ficar com sequelas.
O veterinário Gustavo Venezian Rovai explica que o foco do tratamento é diminuir o sofrimento da mascote. Quando os sintomas são tratados de forma isolada e sem o diagnóstico correto, o problema volta com maior intensidade. Diante dessa perspectiva, o pode ser feito? Segundo Maria Carolina, a única esperança reside no diagnóstico precoce. Se a cinomose for confirmada, deve ser ministrado um tratamento que não debilite ainda mais o cão, com remédios destinados a subir a imunidade. A partir desse momento, conta-se muito com a força do bicho.
Infelizmente, a sobrevida dos infectados é curta. "É difícil reverter o quadro de cinomose", reconhece Maria Carolina. Em geral, é feito um controle dos sintomas, o que permite que o cão tenha certa qualidade de vida enquanto o mal se instala. Esse foi o caso de Lobo, diagnosticado tardiamente, com apenas 3 meses de vida. Os estudantes de direito Bianca Ramos Coutinho, 26 anos, e seu namorado Victor Hugo Diogo Barboza, 26, perceberam que o filhote de pastor belga estava fragilizado logo após comprá-lo. Ele apresentava diarreia, mas os donos pensaram tratar-se de algum tipo de verminose.
O casal conta que, mesmo seguindo o tratamento, não havia sinal de melhora. Um dia, Lobo sofreu uma convulsão, o que os alarmou. Retornaram ao veterinário para que mais exames fossem feitos. A jovem conta que chegou a suspeitar de epilepsia e, para checar a genética de Lobo, ligou para a criadora que o vendeu. Esta negou que o cão tivesse qualquer problema de saúde e não deu mais informações.
Quando o diagnóstico de cinomose se confirmou, começou uma luta para que o filhotinho conseguisse se fortalecer e vencer a doença. Lobo chegou a ficar internado, mas seu sistema neurológico já estava comprometido ; o filhote faleceu com apenas 5 meses de vida. "Foi um mês de sofrimento, a doença é muito instável, você não sabe o que vai acontecer, se ele conseguiria reagir", lembra Bianca.
Leia a reportagem completa na edição n; 427 da Revista do Correio.