postado em 18/08/2013 08:00
Na busca por proporcionar mais qualidade de vida aos bichos, a medicina veterinária vem expandindo seu leque de especialidades. A oftalmologia animal é um exemplo de área em expansão. Há pouco tempo, as técnicas disponíveis não eram tão precisas, o que prejudicava o diagnóstico e fazia com que muitos cães e gatos perdessem a visão em decorrência de problemas relativamente simples. A percepção dos donos também evoluiu. Antigamente, as enfermidades oftalmológicas dos pets eram subestimadas ; a perda de visão era encarada como algo "normal", decorrente da idade avança da mascote. "Realmente, esse aspecto era negligenciado ; as pessoas achavam que muitas doenças eram incuráveis, nem sequer procuravam saber as causas", explica o veterinário Leandro Arévolo Pietro, dono de uma clínica especializada no trato da visão.
"Hoje, o animal de estimação faz parte da família, portanto, recebe o tratamento que receberia um parente. A especialização da veterinária é uma necessidade e tem feito bem aos donos, aos animais de estimação e à medicina veterinária", afirma o veterinário Mário Falcão, chefe do serviço de oftalmologia da Clínica Peteye e do Centro Veterinário da Visão.
Entre as doenças que mais frequentemente cegam cães de forma irreversível, estão o glaucoma e a úlcera de córnea. A primeira ocorre devido ao aumento da pressão intraocular (PIO), que pode provocar alterações degenerativas na retina e no nervo óptico. Mário informa que, em cada 200 cães, um desenvolve a doença devido a particularidades anatômicas e fisiológicas, por isso, a importância da medição da PIO. "O glaucoma é um desafio, pois não há cura, apenas o controle da pressão intraocular e o tratamento para o resto da vida", completa o especialista.
A úlcera corneana é definida como uma lesão na camada exterior da córnea e é mais recorrente em cães de focinho curto, cujos olhos são mais expostos, como buldogues, pugs e lhasas apsos. "No caso deles, é importante tomar cuidado durante as brincadeiras com outros animais e sempre atentar se há objetos perfurantes por perto", recomenda Leandro.
Na úlcera de córnea, há uma perda das células que formam essa camada do olho do animal, o que pode ser revertido. No entanto, se não houver o tratamento adequado, podem ocorrer infecções e a lesão se espalhar para camadas mais profundas do globo ocular, levando à cegueira. Leandro explica que o tratamento é feito com colírios antibióticos, cicatrizantes e, nos casos mais graves, intervenção cirúrgica.
Meg, 5 anos, é uma pequena shih-tzu, raça que se encaixa na categoria dos cães braquicefálicos (de focinhos curtos e olhos expostos), e sofre de algumas dificuldades oftalmológicas. A cadelinha faz acompanhamento com um especialista há três anos. Sua dona, a servidora pública Carolina Malugane, 31, conta que Meg apresentou um entupimento dos canais lacrimais e precisou de um procedimento cirúrgico para resolver o problema. A patologia é recorrente e, nesse caso, foi causada pela grande quantidade de pelos em volta dos olhos do animal, aliada a um excesso de pele no focinho.
Além disso, alguns cuidados especiais precisam ser tomados. Meg começou a apresentar algumas manchas nos olhos, causadas por um acúmulo de proteínas, gordura e nutrientes. Carolina conta que, para diminuir as manchas, causadoras de certo incômodo, fez o uso de alguns medicamentos e modificou a dieta da shih-tzu. Hoje, o cuidado é constante, sobretudo no período de seca, agressivo para a visão. O alívio vem em forma de colírios lubrificantes e uma pomada que incentiva a produção de lágrimas. "No auge da estiagem, tem que ter muita disciplina, fazer o tratamento certinho. Passo o colírio de três a cinco vezes por dia e faço a limpeza para evitar o acúmulo de secreção", ensina Carolina.
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