Saindo do DF pela BR-020, pegamos a GO-118/BR-010, rumo à Chapada dos Veadeiros. À medida que os quilômetros passam, a paisagem vai mudando e vão aparecendo veredas e morros arredondados. Nos últimos anos, a paisagem tem sido alterada pelo agronegócio, mas, quanto mais próximo da Chapada, mais preservado está o bioma.
Não ficamos na capital dos Veadeiros, Alto Paraíso, invadida por ETs e cheia de discos voadores. Vamos andar mais 90km para chegar em Cavalcante ; um dos municípios mais antigos de Goiás, fundado nos meados do século 18, no ciclo do ouro. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros tem 60% de seu território dentro das linhas de Cavalcante e não há uma entrada pela cidade.
Seria bom, mas o lugar conta com centenas de outros atrativos. Bem pequena, a cidade tem cerca de 9 mil moradores, a maioria nas áreas rurais. Pouco lembra o período colonial, só o adobe. Terra de muita água, belos morros, vãos e veredas. O convívio com a cultura kalunga é o traço mais marcante. Na gastronomia, tudo tem baru e gergelim, vindos dos quilombos Engenho, Vão de Almas e Moleque. A cachoeira eleita a mais bela da região está dentro do sítio histórico dos kalungas: Santa Bárbara tem as águas azuis e a areia branca no fundo do poço. Além de belas fotos, dá para trazer tecidos bordados com paisagens cerratenses, trabalho de Beatriz e Fernando, artistas locais, com mulheres kalungas.
Em tempos de turismo de ostentação, ir a Cavalcante é um luxo!