postado em 01/09/2013 08:00
A criocirurgia é uma técnica muito usada em seres humanos para o tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. O procedimento é baseado no uso de substâncias congelantes (nitrogênio líquido) com o intuito de necrosar células e tecidos doentes. O uso veterinário é muito similar, incluindo o aparelho de aplicação, que é o mesmo. Alexandra Greuel, veterinária com especialização em oncologia, explica que a área da pele prejudicada é queimada por meio do nitrogênio líquido. "As células que causam a lesão são congeladas e se rompem, o que faz com que o tumor desapareça", esclarece a especialista.A veterinária Sabrina dos Santos Costa Poggiani explica que o necrosamento das células cancerígenas permite, por exemplo, a renovação do epitélio. Ela ressalta que a criocirurgia não impede o aparecimento de novas lesões, sendo responsabilidade do proprietário estar atento a qualquer anormalidade no pet. Em animais, a técnica é usada apenas em lesões externas, diferentemente do que ocorre em humanos.
Os tipos de lesão que os pets podem desenvolver na pele variam entre melanomas, adenomas, tumores nas glândulas sebáceas e carcinomas, sendo esses os mais comuns. "Cães e gatos tendem a desenvolver carcinomas quando jovens, antes dos 6 anos", explica Sabrina. Além da idade, outro fator que influencia o aparecimento do tumor é a cor da pelagem. Pit bulls e gatos brancos estão entre os mais expostos ao câncer de pele.
Outra indicação da criocirurgia é a remoção de verrugas. A ocorrência dos chamados condilomas aumenta com a idade. Raças como poodle e cocker spaniel têm predisposição a desenvolver o problema. Alexandra Greuel explica que a verruga, em si, não traz nenhum problema de saúde ao animal. No entanto, tudo depende de sua localização. "O animal se incomoda e pode coçar ou morder a verruga, que sangra e acaba se tornando uma lesão", completa a veterinária.
Mike, um simpático fox paulistinha de 9 anos e apenas três patinhas, se beneficia da criocirurgia. Maria Auxiliadora Ribeiro Fortes, 80, é a orgulhosa dona do cãozinho. A aposentada explica que o pet tem pouca pigmentação e é geneticamente predisposto a desenvolver lesões cutâneas, o que sempre exigiu grande cuidado. "Inicialmente, ele estava sendo tratado com pomadas, para pequenas manchinhas e verrugas, mas, da última vez, foi mais sério porque o câncer já tinha afetado os linfonodos", conta.
O tumor nos linfonodos (nódulos linfáticos) foi um susto para a aposentada. Mike apresentava sinais da doença há um mês, e, em abril, passou pelo primeiro procedimento. O desenvolvimento foi rápido e, quando Mike foi levado para a mesa de cirurgia, a lesão, posicionada logo abaixo da pata dianteira esquerda, já estava do tamanho de uma bola de tênis. Durante a operação, verificou-se que a lesão já havia se espalhado e Mike teve a pata amputada para evitar metástases. Em outra ocasião, os veterinários notaram manchas suspeitas no pênis de Mike e tiveram de retirar o órgão.
Foi nesse ponto da história que o fox paulistinha passou a ser submetido a criocirurgias preventivas, bem menos traumáticas. O restante do tratamento consiste no uso de protetor solar fator 30 e quimioterapia. Apesar da praticidade e da alta taxa de sucesso do procedimento, Sabrina Poggiani ressalta que é muito importante não banalizar o procedimento. "A criocirurgia nunca pode ser realizada sem uma biópsia prévia, você não pode remover um tumor sem saber a sua natureza", alerta a veterinária.
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