Dentre as centenas de frases e versos eternizados por Vinicius de Moraes, uma das mais celebradas é a que ele diz: "O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado". Mas, no que toca à pesquisa da chef e produtora gastronômica Daniela Narciso, muito mais que Buchanan;s, o que o Poetinha apreciava mesmo era a boa mesa. "Ele tinha a fama de quem gostava de beber, mas o que ele amava mesmo era comer."
Tanto é que sua relação com a gastronomia virou livro. Na obra Pois sou um bom cozinheiro, de Daniela Narciso e Edith Gonçalves, companheira por 23 anos de Luciana de Moraes, filha de Vinicius, esse lado pouco conhecido do poeta vem a público e o leitor tem a chance de descobrir que, desde criança, ele se aventurava pelos versos e pelas panelas. A obra começou graças ao esforço da filha, hoje falecida, que queria tornar conhecida essa faceta do pai.
Em 2010, Daniela cuidava de um projeto para a Bienal do Livro, em São Paulo. "No (espaço) Cozinhando com palavras, montamos uma tenda gastronômica com eventos que homenageavam escritores que citavam a gastronomia em suas obras. Além disso, 17 restaurantes fizeram pratos temáticos com os autores", lembra. A família de Vinicius de Moraes foi a única que dispensou o tributo. Com a negativa, veio o conhecimento da pesquisa que Luciana de Moraes vinha fazendo das relações do pai com a gastronomia. E foi aí que Daniela entrou no projeto.
"Quando ela morreu, Edith continuou o trabalho e eu fui conversando com parentes e amigos, juntando informações e manuscritos familiares e me apaixonando mais pelo Vinicius." O poeta foi criado, segundo os irmãos, entre pudins e lombinhos, em porções que já anunciavam seu hedonismo tão celebrado na vida adulta. Daniela conta que leu várias cartas dele, já em sua época de carreira diplomática, na qual pedia pratos específicos para os familiares, na ânsia de sentir novamente os sabores da infância.
Pudim de pão do vovô
" (...) esta do vovô é feita com pão amanhecido e um toque de rum."
Ingredientes
Pudim
8 xícaras (chá) de pedaços de pão velho
1 xícara (chá) de açúcar
2 xícaras (chá) de leite
Canela em pó a gosto
6 ovos
1/2 dose de rum
1 xícara (chá) de uvas-passas
1 e 1/2 xícara (chá) de açúcar para o caramelo
Molho
1 xícara (chá) de açúcar
1 garrafa de vinho tinto
2 ramas de canela em pau
1 colher (sopa) de amido de milho
Modo de preparo
Preaqueça o forno em temperatura média (180;C).
Numa tigela, misture o pão com o açúcar, o leite e a canela. Deixe amolecer por alguns minutos. Leve essa mistura ao liquidificador, acrescentando os ovos e o rum. Depois de bem batido, retire do liquidificador e misture as uvas-passas.
Em uma fôrma de pudim, caramelize o açúcar até ficar dourado, girando a fôrma para distribuir o caramelo por toda a superfície interna.
Transfira a mistura do pudim para a fôrma e leve ao forno para assar em banho-maria por aproximadamente 2 horas ; o pudim deve primeiro crescer, depois abaixar e, então, dourar por cima. Para testar se está pronto, espete com um palito.
Enquanto o pudim estiver assando, prepare o molho misturando o açúcar, o vinho e a canela. Deixe ferver até evaporar o álcool (dá para sentir quando o aroma estiver apenas com cheiro de uva e não mais de vinho). Dilua o amido de milho em 1/2 xícara (chá) de água fria e junte ao molho de vinho, mexendo bem até engrossar.
Tempo de preparo: 2h
Rendimento: 12 porções
Leia a íntegra da matéria e a receita de "Amarelinhas" na edição impressa