Renata Rusky
postado em 20/10/2013 08:00
Ônibus, carro ou avião. Pegar táxi, usar o transporte público ou alugar um veículo no destino. Hotel ou albergue; no centro ou mais afastado. Mar, montanha, neve, serra ou mato. Compras ou diversão; cultura ou estudo. Criança, família ou lua de mel. Decidir é um verbo imperativo quando o assunto é viagem. Como as possibilidades são muitas e as expectativas maiores ainda, certos fatores são importantíssimos antes de investir todos os seus sonhos e dinheiro num pacote de férias. Orçamento, tempo, quantidade e idade dos viajantes são alguns deles. "Sabe aquela propaganda em que o casal vai à agência de turismo com o intuito de comprar um pacote para eles e os filhos bagunceiros para meditar na Índia?", lembra Carlos Vieira, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Distrito Federal (Abav;DF), para exemplificar o quanto o planejamento é pessoal e necessário.Apesar disso, há quem ignore essa necessidade. São os adeptos do "seja o que for": decidem tudo às pressas, não ligam muito para as consequências do jeitão intempestivo e garantem boas surpresas pelo caminho. Outros terceirizam o trabalho, confiando o planejamento aos companheiros de viagem ou a profissionais de agências. E há aqueles que fazem questão de ficar a cargo de tudo. Estudam cada detalhe para fazer as escolhas que mais condizem com suas necessidades ; para esses, a internet é uma ferramenta indispensável.
Nas próximas páginas, a Revista do Correio juntou um punhado de dicas para quem se adapta a qualquer um desses perfis de viajantes ; uma oportunidade para quem já está de olho nas férias da alta temporada ou até para mais adiante.
Erik von Behr, 23 anos
Passou quatro meses viajando pela Europa com pouco dinheiro
Ele aconselha: planeje algumas datas para estar em determinados locais, mas deixe espaço para as decisões de última hora
Um lugar que estava fora dos planos, mas que valeu a pena: Os Bálcãs (foto)
Um site legal: o site Couch Surfing (www.couchsurfing.org). Com mais de 1 milhão de cadastrados de mais de 180 países e territórios, a rede social funciona como uma forma de conectar os moradores de uma cidade aos turistas que pretendem visitá-la. Aquele residente que tem um sofá ou uma cama sobrando se dispõe a receber visitantes de outros lugares do país e do mundo. Depois, turista e anfitrião trocam referências, que ficam nos perfis de cada um na rede social.
Na estrada
O estudante Erik von Behr, 23 anos, acredita que as melhores viagens são aquelas não programadas. "São as inesperadas mesmo. Quando não esperamos algo e vem coisa boa, ela parece ser ainda melhor", explica. Erik passou quatro meses viajando pela Europa. Havia algumas datas marcadas, nas quais deveria estar em determinados lugares, mas várias outras livres, em que não fazia a menor ideia do que faria. Em uma dessas lacunas, visitou os Bálcãs. Achou que seria um lugar pobre e descobriu uma realidade bem diferente.
No início, ele se limitava a 20 euros por dia. Com o tempo, o gasto precisou cair para 10 euros. Com um orçamento tão apertado, ônibus, trens, hotéis e, às vezes, até albergues estavam fora de cogitação. A alternativa para ele foi recorrer a caronas ; o maior trecho que percorreu foi de 1.200km ; e a um site chamado Couch Surfing. Assim, era difícil prever qualquer coisa: "Eu já peguei carona com uma família, que deu uma volta enorme para me deixar dentro da cidade, e já peguei com um traficante maluco".
Em uma das vezes, um gato vomitou em seu colo; na outra, ele foi deixado no lugar errado. Com tudo isso, ele aprendeu a não ser surpreendido pelo desespero. De acordo com Erik, tempo e dinheiro escassos ; as duas condições juntas ; são o que exigem planejamento. A ele, faltava dinheiro, mas não tempo: "Esse meio termo entre planejamento e espontaneidade é bom. Assim, a gente se permite, mas não dá mole".
Dicas de Erik para pegar carona
- Não entre em desespero.
- Nos EUA, na Itália, na Espanha e em Portugal é necessário ter mais paciência.
- Tire os óculos de sol e olhe nos olhos.
- Se o motorista for mulher, é bom sorrir mais; se for homem, ficar mais sério.
- Um cartaz com o destino ajuda muito.
Ecoturismo e aventura
Glauber Jackson Silva, 29 anos, administrador e advogado, é adepto de aventuras desde os 15 anos. Quando era escoteiro, já acampava e fez um curso de paraquedismo. Seu primeiro salto havia sido quatro anos antes, com o pai, paraquedista há 30 anos. A mãe de Glauber morre de medo: "O dia em que eu cheguei em casa com uma moto de trilha, ela quase me colocou pra fora". Mesmo assim, ele não para.
Com alguns amigos, o administrador gosta de viajar a lugares pouquíssimo explorados e fazer expedições. O objetivo dele é exatamente mapear essas áreas para possibilitar o acesso, embora Glauber acredite que a facilidade no acesso acaba implicando em degradação: "Com trilhas muito abertas, muita gente visita e deixa lixo, por exemplo". Por esse motivo e também pelo perigo de alguns caminhos trilhados por ele e pelos amigos, alguns dos mapas feitos por eles apenas são deixados com guias e outros responsáveis pelo turismo local. "Alguns lugares só dá para ir com guia mesmo e é bom porque são pessoas que também cuidam do lugar e impedem que o sujem."
Para ele, é essencial estar fisicamente preparado: "Não pode ser sedentário, não se alimentar direito, se não vai passar mal. Fazer trilha não é igual passear no parque". Além disso, ele alerta que há lugares em que só se deve entrar com guias: "Quem procura informação acha. Isso é muito importante porque, às vezes, não se sabe o perigo de uma trilha".
Leia a reportagem completa na edição n; 440 da Revista do Correio.