Quaisquer dúvidas que eu tinha da ciência envolvida na gastronomia foram sanadas em todas essas colunas. De ler e testar em casa aquelas receitas, e ver os ingredientes se tornarem algo comestível ; rindo dos erros e voltando aos restaurantes só para sentir aquele gosto de novo ;, vi que nada ali é por acaso. E que, da mesma forma como nas descobertas científicas, um imprevisto é de grande valia.
Daí você se pergunta: "Sim, qual é o lance aí com essa introdução toda?". Bom, é que, na semana passada, descobri que quando você mistura vodca com suco, prova e põe mais um tico de um ou do outro está também fazendo um pouco de ciência. E que quando o bartender daquele restaurante legal balança a coqueteleira enquanto dança, em uma mise-en-sc;ne única da profissão, ele não quer apenas chamar a atenção. Antes, houve todo um estudo para que aquele drinque ficasse com o sabor e a aparência que chega à mesa.
Esse leve insight se deu enquanto eu rodava Brasília passando pelos restaurantes, bares e pubs participantes do Cocktail;s Day, uma iniciativa da marca de vodca Ketel One para estimular o consumo de drinques no país. Como a cerveja e o vinho já fazem parte do hábito brasileiro ; aliás, o uísque também, sendo Recife (PE) a cidade que mais consome a bebida no mundo, segundo a revista inglesa The Whisky Magazine ;, a iniciativa tenta diversificar o paladar de quem gosta de beber.
Apesar de ter o nome day (dia, em inglês), o festival acontece durante todo o mês de outubro. Participam 70 estabelecimentos de 20 cidades. Em cada um deles, o bartender é desafiado a criar um drinque especial para a disputa. E o vencedor ganha uma viagem para a Holanda, país onde a marca nasceu, para um curso especial de coqueteleria. "É a segunda vez que estamos fazendo o Cocktail;s Day. A ideia é criar um networking entre todos os bares, tornando os coquetéis o grande incentivo de vendas e dando protagonismo ao bartender", explica Fabrício Marques, embaixador da marca no Brasil.
Em Brasília, sete casas estão na disputa. Conheci quatro delas. Todas as criações tiveram como mote um filme. Como não tenho tanto conhecimento nesse universo, convidei o servidor público Bruno Rizzi, 28 anos, para me acompanhar na empreitada. Além de viajar muito, ele é admirador da boa mesa e do bom copo e me ajudou a definir cada um dos drinques provados. O teste era o seguinte: após provar cada uma das receitas, ele dava um veredicto inicial. Só então eu o avisava dos ingredientes e, daí, tínhamos mais uma discussão sobre os candidatos. Enfim, uma brincadeira que pouca gente dispensaria. Abaixo, a opinião dele sobre os quatro drinques.
Baseado na trilogia De volta para o futuro (1985, 1989, 1990)
Servido no; Paradiso Cine Bar
Bartender: Victor Quaranta
50ml de sweet sour de frutas amarelas (maracujá, abacaxi e manga)
1 colher de bar de camomila
50ml de vodca
Por cima:
50ml de creme de leite fresco
1 colher de bar de cream cheese
Guarnição: caviar de frutas amarelas
Borda: crosta de camomila em pó
Opinião do leitor: o drink já me chamou a atenção porque gosto muito da trilogia. Entendi o porquê de usar o queijo, apesar de não ser algo que eu iria querer em um drinque. Mas a brincadeira é interessante porque ele é surpreendente e, como tudo que surpreende, primeiro assusta. Depois do susto, você finalmente gosta, mas não pediria como primeira opção. A apresentação é excelente.
Leia a reportagem completa na edição n; 441 da Revista do Correio.