Luis Rafael Feitosa Campos
postado em 22/12/2013 08:00
Tente ler a frase seguinte sem ficar com água na boca: imagine um pão quentinho, saído do forno. Agora, pense na manteiga derretendo nele e, em seguida, você dando aquela mordida. Não é preciso muita descrição para fazer com que os pães se tornem um alimento atrativo. Seja acompanhando um prato, seja a única coisa que você tenha como refeição, poucos alimentos são mais queridos ; e, justamente por serem tão gostosos, temidos nas dietas.
Um que mais gosto de comer é o que a minha avó faz em casa. Ele vem em uma forma, tem aparência de bolo, mas com a pitada de sal necessária, e pede por uma boa manteiga. Sim, em casa quase tudo fica com mais amor, e, como garante o chef Juan Torassa, da Benedetto Pane, fazer pão caseiro é uma experiência simples e gratificante. ;É uma das receitas mais fáceis que existem. É preciso perder o medo, primeiramente. O processo é longo, mas simples: farinha, água, sal e fermento. Não há muito segredo.;
Argentino, ele tem família de ascendência italiana e, quando criança, ficava nas barras das saias da mãe e da avó não por mimo, mas prestando atenção em tudo que elas faziam. A tradição familiar sempre envolveu a panificação e esse é um dos motivos pelos quais tem uma relação tão íntima com ela: hoje, ele cria pães que levam ingredientes dos mais diversos, em um clube de assinaturas que faz entregas na casa dos clientes. São itens como o açaí. Tipicamente brasileira, a fruta conquistou o chef portenho. ;A primeira vez que experimentei, achei esquisito, porque ele tem um sabor muito particular. Mas comecei a colocá-lo em molhos e vi que precisava usá-lo em um pão.;
Para Juan, o pão caseiro é uma forma de celebração. E, apesar de as preocupações de réveillon focarem muito mais a ceia, pensar um pouco no que vai à mesa no primeiro café da manhã do ano pode ajudar a trazer ainda mais sorte para o resto dos meses. ;A minha ideia de cozinhar passa pela comunhão entre as pessoas. Começar o primeiro dia do ano com um pão caseiro se torna uma parte importante da união que as família tem. Sem falar do sabor artesanal e do momento de acordar e fazer juntos o pão que vai à mesa.; E ele diz que, no seu caso, há sempre uma boa meia hora para tomar o chimarrão.
Juan analisa que o brasileiro gosta muito de pão e tem começado a olhar mais para o seu lado gastronômico. ;Na Argentina, todos os restaurantes servem uma cestinha com pão quando o cliente se senta à mesa. Meus clientes aqui são pessoas que querem fugir das grandes indústrias e tentam, de alguma maneira, saber mais sobre o que estão comendo.; Sem adição de conservantes, feitos de forma artesanal, os pães caseiros também ensinam mais sobre a compra de produtos frescos e como eles podem ser acondicionados para manter o sabor.
;Um pão com conservantes pode durar meses, mas ele vai ter uma quantidade de substâncias que, de alguma maneira, será nociva. Claro que há pouca gente que pode acordar todo dia e fazer um pão, não falo disso. O artesanal pode ser guardado no freezer e levado para a torradeira, mantendo o sabor por ter sido feito com matéria-prima mais nobre.;
Pão de romã
Ingredientes
; 750g de farinha de trigo
; 20g de manteiga sem sal
; 250ml de água
; 250g de polpa de romã
; 20g de fermento
; 10g de açúcar
; 20g de sal
Modo de preparo
Misture o fermento fresco com a água morna, o açúcar e uma colher de chá de farinha de trigo até virar uma pasta. Reserve para que ela possa inchar. Em uma vasilha grande, coloque a farinha de trigo e misture com o sal. Misture a pasta fermentada e a polpa de romã. Sove a massa até que ela fique lisa e, depois disso, adicione a manteiga. Ponha a massa em uma forma. Leve ao forno pré-aquecido por 20 minutos.
Tempo de preparo: 40 minutos
Rendimento: dois pães grandes
Leia a coluna completa na edição n; 499 da Revista do Correio.