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Fases escolares

Saiba como enfrentar, ao lado do seu filho, as mudanças dos ciclos educacionais de forma tranquila para que ele tenha o melhor rendimento acadêmico possível

Renata Rusky
postado em 26/01/2014 08:00

Saiba como enfrentar, ao lado do seu filho, as mudanças dos ciclos educacionais de forma tranquila para que ele tenha o melhor rendimento acadêmico possível

Com a Copa do Mundo, as aulas este ano começam mais cedo em muitas escolas, ainda em janeiro. Para alguns, isso significa adiantar uma grande mudança a ser enfrentada: a passagem do ensino fundamental 1 para o 2 ou do ensino fundamental para o ensino médio. Essa transição implica alterações grandes e importantes na rotina dos estudantes. "Trata-se de uma ruptura, uma descontinuidade, que as escolas tentam amenizar, mas que deve ser trabalhada com muito cuidado pela família também", alerta o psicopedagogo Airton Rodrigues, diretor de uma escola de reforço. De qualquer forma, o pedagogo Paulo Foerstnow garante que as mudanças são positivas: "Elas mostram aos alunos que um ciclo foi superado e um novo alcançado, de maturidade e crescimento".

O trabalho para que a criança ou o adolescente se adapte bem à nova fase é tanto da escola quanto dos pais e responsáveis. No ano passado, os dois herdeiros da advogada Michella Simões, 39 anos, estavam em fases de mudança escolar. Nicole, 11, ia para o 6; ano do ensino fundamental 2 e Leonardo, 6, entrava no ensino fundamental 1. A experiência foi feliz para a família ; o que a mãe atribui ao fato de sempre incentivar ambos a fazerem os deveres de casa direitinho. Nicole, além de entrar no 6; ano, mudou de escola. "Ela estava bem na anterior, mas queríamos um ensino mais forte", explica. Respeitando as diferenças dos filhos, Michella e o marido perceberam que Leonardo ainda não estava preparado para trocar de escola. Enquanto Nicole largou a vigilância rígida nas tarefas, Leonardo começou a precisar disso mais do que nunca, afinal, neste ano, ele começa a ter provas.

No ensino fundamental 1, ainda há a figura de uma só professora ; "a tia" ;, que dá aulas tanto de português quanto de matemática. A partir do 2; ano, as crianças começam a ter provas. Os deveres de casa vão além do intuito de criar o hábito e a disciplina, mas também formam a base para todas as séries seguintes. No 6; ano, a quantidade de professores pula para cerca de 10. Cada um passa um dever de casa diferente. Além disso, é natural que um ou outro aluno se incomode com a forma como o professor trabalha. É quando o estudante precisa aprender a lidar com pessoas e personalidades diferentes e respeitar todas elas. "Por estar a todo tempo com os alunos, ;a tia; conseguia perceber melhor a necessidade da turma. Já a partir do 6; ano, a prova é a mesma para todas as turmas", observa André Pereira Brito, orientador do ensino fundamental 2 de uma grande escola.

Em se tratando da entrada no ensino médio, as alterações na rotina escolar vêm acompanhadas de mudanças físicas e psicológicas. "É o auge da adolescência, momento de maturação física e emocional e de aumento das relações interpessoais. Eles querem namorar, querem ir a festas", exemplifica Rodrigues. A quantidade de eventos sociais aumenta, e a de professores e de conteúdo também. A forma de cobrança é bem mais pesada. O fantasma do vestibular começa a assombrar ; como também o de provas, como Enem e PAS ; e a pressão dos pais e da escola pode ser demais para o aluno.

Os adolescentes no ensino médio têm muito mais poder de decisão, mas também mais responsabilidade. A autonomia é representada por deixar de usar o uniforme completo ; coisa que a maioria das escolas permite. Segundo a orientadora de alunos do ensino médio Alessandra Noceti, essa é a maior ansiedade de quem está entrando nessa série. "Poder usar calça jeans na escola é o que eles mais querem. Trata-se de um símbolo de liberdade. O problema é quando não percebem que a autonomia vem cheia de responsabilidade", explica. "Mesmo sendo um ciclo que se requer e se espera autonomia dos alunos, a família continua tendo um importante papel como formadora de valores e busca de informações que vão auxiliar nas novas escolhas", completa a psicopedagoga Amanda Payne.

A hora da mudança
Da educação infantil para o ensino fundamental 1:

O que muda
Começa-se a ter provas.
Há menos tempo para brincadeiras.

O que o aluno pode fazer
Por serem muito novos, é realmente pouco o que eles podem fazer sozinhos.

O que os pais podem fazer
Estar seguro e passar essa segurança ao filho. Não demonstrar que não quer deixá-lo lá.
Olhar a agenda todos os dias.
Estimulá-lo a fazer tarefa sozinho e, depois, questionar se foi feito e se há alguma dúvida.

Do ensino fundamental 1 para o 2:

O que muda
Há mais professores.
Os horários de aula são delimitados.
Há mais deveres de casa.
As provas são iguais para todas as turmas.

O que o aluno pode fazer
Anotar tudo na agenda.
Estabelecer prioridades em relação aos deveres. Checar os prazos de entrega mais apertados.
Tomar cuidado ao arrumar a mochila para não esquecer nada (nem na escola nem em casa).

O que os pais podem fazer
Ter contato com a escola, além das reuniões de pais e mestres.
Evitar aumentar o medo da criança com comentários sobre as dificuldades que tiveram.

Do ensino fundamental 2 para o ensino médio:
O que muda
A aula de ciências, por exemplo, se divide em biologia, química e física.
Há mais professores por matéria.
Além das provas bimestrais, há simulados e, no fim do ano, o PAS.
Começa-se a pensar em uma profissão.

O que o aluno pode fazer
Muitas escolas têm pessoas para orientar os alunos a respeito do ingresso na universidade. É bom que eles entrem em contato com elas, mesmo que a escola não os obrigue.
Manter uma rotina de estudo. Assim, nas épocas de prova, não será um martírio aumentar um pouco o tempo diário dedicado aos livros.
Fazer amizades faz bem e é muito mais fácil nessa fase da vida. Saia com eles sem se esquecer das obrigações.

O que os pais podem fazer
Não tratá-los como se ainda fossem crianças, mas é importante ser vigilante quanto aos deveres de casa e aos estudos.
Há tempo para tudo, estudar e sair com os amigos. Portanto, não é necessário proibi-los de aproveitar os fins de semana.
Conversar sobre profissões, mas não forçar a escolha nem julgar a opção deles. Eles só precisarão definir isso no 3; ano e, até lá, eles ainda podem mudar de ideia.

O que pais e alunos precisam saber
Vestibular: exame tradicional de admissão a um curso universitário. Pode ser semestral ou anual. No caso da UnB, há uma prova anual.

PAS: o Programa de Avaliação Seriada é um processo com três etapas de avaliação, uma ao fim de cada ano do ensino médio. As notas das três provas compõem a nota final do estudante, que, com ela, será aceito ou não no curso escolhido na UnB. O estudante só precisa decidir o curso que deseja em seu último ano escolar.

Enem: criado em 1998 apenas para avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica, hoje ele já pode substituir o vestibular e o PAS nas universidades públicas. A nota também pode ser usada para adquirir bolsas de estudos em universidades e faculdades privadas.

Sisu: no Sistema de Seleção Unificada, desenvolvido em 2009 pelo Ministério da Educação, a prova do Enem substitui o vestibular. Atualmente, são 170 mil vagas em cursos de ensino superior de 115 instituições distritais e federais do país. Nesse caso, o estudante pode disputar uma vaga em universidades de todo o país.

Prouni:
é um programa do Ministério da Educação, criado em 2004, que concede bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições privadas de ensino superior. A nota na prova do Enem é um critério para a aquisição da bolsa.



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