postado em 02/03/2014 08:00
Em tempos de Oscar, abster-se totalmente dos comentários em torno da premiação é quase impossível. Em uma mesa de bar, na fila do cinema ou no escritório, o assunto vem à tona. Se não para julgar, criticar ou analisar os favoritos ao prêmio da Academia; pelo menos para julgar, criticar e analisar as roupas, o decote, a fenda, o cabelo e a maquiagem das indicadas a ele. Este ano, concorrem aos prêmios de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante Cate Blanchett, Sandra Bullock, Judi Dench, Amy Adams, Meryl Streep, Sally Hawkins, Jennifer Lawrence, Lupita Nyong;o, Julia Roberts e June Squibb. A julgar pela lista de nomes ; Cate Blanchett raramente fica fora do grupo das mais bem vestidas, e Jennifer Lawrence, além de favorita ao prêmio é embaixatriz da Dior ;, as revistas e os blogs de moda e de celebridades terão assunto por um bom tempo, seja lá qual for o resultado das premiações. Além disso, Lupita, queniana que concorre como atriz coadjuvante pela sua atuação em 12 anos de escravidão, tem brilhado tanto nos tapetes vermelhos que vem deixando grandes estrelas, como Julia Roberts, um tanto apagadas em assunto de celebridade.
Lupita, Jennifer e Amy Adams junto com algumas outras jovens atrizes fazem parte do que tem sido considerada a nova leva de "divas" de Hollywood, ainda que a denominação possa causar alguma polêmica para os fãs de mulheres do porte de Greta Garbo, Marylin Monroe e Elizabeth Taylor. Mas, unânimes ou não, são elas que hoje guardam o papel de seduzir pela beleza, impressionar pelo talento e influenciar pelo estilo.
"Para mim, a melhor definição de ;diva; é a mulher que decidiu dedicar sua vida ao cinema e se destacou muito. Por isso, a tevê não tem divas, porque é uma obra coletiva, algo muito mais ligado à audiência do que a uma única estrela", define Sara Duarte, pós-graduada em História do Cinema e professora do curso grandes divas do cinema no Núcleo de Cultura e Beleza da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. E talvez seja essa, segundo a especialista, a grande diferença entre as divas de outros tempos e as fabricadas quase que em série hoje em dia. "Hollywood mudou muito seus parâmetros", ela diz. "Antes, uma pessoa só recebia um Oscar quando tinha realmente um talento acima da média. Hoje, vemos pessoas muito jovens sendo premiadas. Elizabeth Taylor tinha mais de 40 anos quando ganhou o primeiro Oscar. O prêmio era o reconhecimento de uma carreira e não uma aposta. Por isso, hoje temos novatas sendo elevadas ao posto de divas."
Uma delas, provavelmente a maior queridinha do cinema atualmente, Jennifer Lawrence, tem apenas 23 anos e um Oscar já na coleção, o de Melhor Atriz por O lado bom da vida, no ano passado. Neste ano, é uma das favoritas à estatueta de coadjuvante por sua atuação em Trapaça. Além disso, acaba de renovar, por US$ 15 milhões (cerca de R$ 36 milhões) o contrato como garota propaganda da Dior. "A maior candidata a diva atualmente é a Jennifer. Mas acho que ela é muito estabanada para o título. Não consegue nem usar um Dior sem cair na escada para receber o Oscar", brinca Sara, lembrando da queda da atriz quando subiu ao palco para receber a estatueta. "Uma diva tem um papel a cumprir. Ela é um modelo para as outras pessoas. Uma jovem de menos de 25 anos nem sabe o que isso significa. Ela chegou até a falar mal dos vestidos de Alta Costura da Dior que usou em Jogos vorazes. É como um elefante em uma loja de cristais, que sai derrubando tudo. Ela é boa, mas por não saber se controlar, pode colocar tudo a perder", opina a professora.
Outra candidata ao posto de nova diva hollywoodiana, ainda mais meteórica do que J-Law, é Lupita. Essa sim, segundo Sara Duarte, merecedora do status de diva do cinema, mesmo com a pouca idade ; a atriz tem 30 anos. "A Lupita é linda. De vestido de gala, ela é encantadora, mas vai ter o velho problema de ser lembrada depois para filmes que não falem de escravidão, porque Hollywood tem dificuldade de aproveitar atores negros. Ela é diva por natureza, mas vamos esperar para ver como vai ficar no mercado daqui para frente", analisa.
LUPITA NYONG;O
Queniana, 30 anos
12 anos de escravidão (2013)
Sem escalas (2014)
Diva porque;
Ninguém sabia quem era Lupita Nyong;o até outro dia. A atriz queniana não tem uma carreira longa ; Patsey, a escrava a quem dá vida em 12 anos de escravidão, foi seu primeiro grande papel ;, mas o que fez até aqui foi suficiente para lhe render uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. As escolhas da atriz para os tapetes vermelhos ; como o Gucci, do Screen Actors Guild Awards ou o Ralph Lauren, do Golden Globes ; fizeram dela um ícone de elegância e bom gosto e a levaram a ser escolhida a nova garota propaganda da Miu Miu. Só no mês de fevereiro, foi capa das revistas New York, Dazed & Confused e da Vogue Itália.
JENNIFER LAWRENCE Americana, 23 anos
X-Men: primeira classe (2011)
Jogos vorazes (2012, 2013, 2014)
O lado bom da vida (2012)
Trapaça (2013)
Serena (2013)
Diva porque;
Coleciona uma lista de prêmios e indicações da qual nem mesmo divas de carteirinha podem se gabar. Aos 20 anos, foi a terceira atriz mais jovem a ser indicada ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar. No ano passado, aos 22, ganhou a estatueta de Melhor Atriz por O lado bom da vida e, hoje, deve levar o prêmio de atriz coadjuvante, que concorre pela terceira vez, pela sua atuação em Trapaça. Além disso, Jennifer acaba de renovar seu contrato com a Dior por mais três anos ; o que significa que deve continuar ainda por um tempo fazendo aparições em vestidos alta costura da marca. Além disso, é conhecida pelo bom humor: a internet é cheia de vídeos de piadas e entrevistas bem-humoradas concedidas pela atriz às emissoras ; mesmo quando leva um tombo na escada segundos antes de receber o Oscar, como aconteceu no ano passado. Quando todos se levantaram para aplaudi-la, ela disse: "Ah, vocês estão fazendo isso só porque eu acabei de cair".
GRETA GERWIG Americana, 30 anos
O solteirão (2010)
Sexo sem compromisso (2012)
Para Roma, com amor (2012)
Frances Ha (2012)
Diva porque;
Greta Gerwig não é exatamente figura frequente em tapetes vermelhos. A atriz , que também é roteirista e diretora, é mais do cinema independente e alternativo ; ela é bastante ligada ao movimento nova-iorquino de cinema Mumblecore, que habita mais o universo underground de cinema e as mostras on-line do que as salas de cinema. Talvez seu papel mais conhecido seja o de Florence, no filme Greenberg, que lhe rendeu uma indicação de melhor atriz no Independent Spirit Award. Também interpretou Sally, em Para Roma, com amor, de Woody Allen, e coescreveu, com o namorado, Noah Baumbach, o filme independente Frances Ha, superelogiado pela crítica. Em breve, estreia na televisão com a série How I met your dad, também produzido por Baumbach, no papel principal, a Sally.
LÉA SEYDOUX E AD;LE EXARCHOPOULOS
Francesas, 28 e 20 anos, respectivamente
Léa
As melhores amigas (2006)
A bela Junie (2008)
Bastardos inglórios (2009)
Meia-noite em Paris (2011)
Azul é a cor mais quente (2013)
Ad;le:
Les enfants de Timpelbach (2008)
Chez Gino (2011)
Quando eu era sombrio (2013)
Azul é a cor mais quente (2013)
Divas porque;
Duas atrizes jovens e bonitas que convenceram a crítica com suas atuações em Azul é a cor mais quente, filme que teve oito indicações ao César, prêmio mais importante do cinema francês. Léa Seydoux já vinha ganhando destaque há algum tempo, por suas participações em Bastardos inglórios, Robin Hood, Meia-noite em Paris e Missão Impossível ; Protocolo Fantasma. Além disso, entrou para a lista de queridinhas da moda ao interpretar Candy na série de três curtas de divulgação da fragrância Prada Candy L;Eau, dirigidas por Roman Coppola e Wes Anderson. Ad;le, de apenas 20 anos, é novata, mas a pouca carreira que tem até aqui já dá sinais de que a menina tem futuro. Seu primeiro papel de destaque, em Azul é a cor mais quente, já lhe rendeu uma Palma de Ouro em Cannes, em 2013.
AMY ADAMS Italiana, 39 anos
Prenda-me se for capaz (2002)
Encantada (2007)
Trabalho sujo (2008)
Na estrada (2012)
O homem de aço (2013)
Ela (2012)
Trapaça (2013)
Diva porque;
A ruiva de 39 anos sempre foi mais dos papéis divertidos e românticos ; como no filme de conto de fadas Encantada ;, mas agora resolveu assumir sua faceta femme fatale. Amy sempre chamou a atenção nas suas passagens pelo tapete vermelho por sua beleza. Mas sua participação como Sydney, em Trapaça, a golpista em cena ao lado de Christian Bale, sem economia de decotes e provocações, a colocou em evidência, a ponto de ser uma das indicadas ao prêmio de melhor atriz.