Revista

A prata fina da joalheria brasiliense

A arquiteta brasiliense Thelma Aviani encontrou nas joias o caminho certo para explorar toda a sua criatividade. De hobby, virou profissão

postado em 18/05/2014 08:00

A arquiteta brasiliense Thelma Aviani encontrou nas joias o caminho certo para explorar toda a sua criatividade. De hobby, virou profissãoNem de longe Thelma Aviani acertou sua vocação de primeira. Sabia que tinha um pouco de linhas, de desenho e de inspiração, um pouco de arte e poesia. "Eu não posso fazer teste vocacional, que dá música. Minha vida inteira foi assim. Eu adoro música, tenho muita facilidade, já até fiz canto, mas nunca quis trabalhar profissionalmente com isso." Formou-se arquiteta no fim dos anos 1990, pela Universidade de Brasília. Não era nem uma coisa nem outra. Há 12 anos, Thelma vive do seu talento para as linhas e as formas, mas em outra área: descobriu o verdadeiro tino na joalheria. Suas peças em prata, de formas geométricas e linhas delicadas, conquistaram admiradores ecléticos pela capital.

Thelma é brasiliense ; nasceu no Hospital do Gama, onde "todo mundo nascia nos anos 1970" ; e, como toda criança que cresce cercada pelos traços modernistas de Niemeyer, encantou-se pela arquitetura. Talvez tenha levado o encantamento a sério demais. "Trabalhei com muita gente bacana na arquitetura, escritórios muito legais, mas eu não estava satisfeita, estava um pouco desiludida. Em 2000, me vi fazendo testes vocacionais de novo", lembra. Não foi nele que encontrou a solução para sua angústia. Andando por uma feira da cidade, a arquiteta se deparou com as pratas da joalheira Cláudia Salles. "Perguntei onde ela tinha aprendido aquilo e, dois dias depois, estava tendo aulas", lembra.

Na joalheria, Thelma não apenas encontrou vazão para sua criatividade, como descobriu que podia vê-la materializada quase imediatamente. "Na arquitetura, o processo é mais lento. Demora muito até você ver uma obra terminada. O que me deixou mais satisfeita nas joias é que eu não dependia de ninguém para concluir meu trabalho. Eu conseguia ver uma peça terminada, às vezes, no mesmo dia."

De hobby a coisa séria, o negócio andou bem rápido. Um ano depois da primeira aula de joalheria, Thelma embarcava para Melbourne, na Austrália, para se especializar na nova profissão. Voltou e começou a vender em feiras, projetos coletivos e eventos do gênero. As peças agradaram depressa. Em 2007, fez um liceu em joalheria artística na Escola Massana, em Barcelona, na Espanha. Essa foi, se não a mais comercial, a época provavelmente mais criativa do seu trabalho em joias. "Eu pirei totalmente nesse período, foi quase como se eu tivesse inventado outra personalidade", lembra. As peças criadas na época ; a joalheira artística vê cada peça como uma obra de arte, única e conceitual ; chegavam a levar três semanas para serem concluídas. Materiais como papel, madeira e plástico viraram joias pelas mãos de Thelma. Um ano depois, a brasiliense expunha seu trabalho na Schmuck, a mais importante feira de joalheria contemporânea do mundo, que ocorre na Alemanha todos os anos.

A arquiteta brasiliense Thelma Aviani encontrou nas joias o caminho certo para explorar toda a sua criatividade. De hobby, virou profissão

Hoje, sua produção comercial é 99% feita em prata. O trabalho é quase minimalista, de linhas geométricas, porém imperfeitas ; as peças são feitas à mão, uma a uma. Peças circulares e vazadas, que fogem do tradicional e deixam a pele à mostra são o grande diferencial da joalheria de Thelma. Qualquer semelhança com a arquitetura, ela diz, é mera coincidência, embora não negue as origens. "Eu não gosto de me inspirar literalmente na arquitetura. Por exemplo, me inspirar em Brasília e reproduzir uma minicatedral em uma peça. Hoje em dia eu tenho me inspirado em mim, nas minhas ideias", diz.

O 1% restante do que não é prata, Thelma reserva à joalheria personalizada, especialmente casais que a procuram para que ela imprima sua assinatura nas alianças da união. "É muito legal essa coisa de você poder pegar um pouco da história do casal e conseguir passar isso para a aliança, mantendo o minimalismo que a peça exige. É uma outra viagem", conta. A joalheira já vendeu suas peças em espaços de design e moda, mas hoje atende a clientela no ateliê, em casa.

Formada em arquitetura pela UnB, Thelma Aviani fez cursos na Austrália e na Espanha

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação