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Uma brasiliense na Marinha

Luana Rosa faz parte da primeira turma de aspirantes do sexo feminino da Escola Naval. É o terceiro passo da Força a reforçar o compromisso pela igualdade de gênero

postado em 25/05/2014 08:00

Há 33 anos, a Marinha do Brasil permitiu o ingresso de mulheres. Três décadas mais tarde, em 2012, houve a primeira promoção de uma mulher ao cargo de oficial general do Brasil. O passo mais recente nessa direção foi a primeira turma feminina de aspirantes na Escola Naval, em janeiro deste ano.

"O primeiro aspecto positivo é a sinalização que a Marinha está dando para a sociedade, no aumento de oportunidades para as mulheres, reforçando seu compromisso com a igualdade entre os gêneros", explica o contra-almirante Campos, Comandante da Escola Naval.

Foram 12 jovens selecionadas por um disputado concurso público para o ingresso no Curso de Graduação da Escola Naval. Uma delas, Luana Rosa, de 21 anos, nasceu em Brasília. À Revista, ela conta um pouco da rotina na escola e de como foi sua preparação para estar nessa turma pioneira.

Luana Rosa faz parte da primeira turma de aspirantes do sexo feminino da Escola Naval. É o terceiro passo da Força a reforçar o compromisso pela igualdade de gêneroSobre Brasília
"Meus pais são do Rio de Janeiro. Meu pai é militar do Exército Brasileiro, atualmente, ele é subtenente. No ano de 1990, formou-se na Escola de Sargentos das Armas (Essa). Em fevereiro de 1991, veio para Brasília e, em maio do mesmo ano, casou-se com minha mãe. Eu e minha irmã nascemos em Brasília. Meu pai foi transferido para o Rio de Janeiro em outubro de 1995 e permanecemos por lá até novembro de 2005, quando meu pai foi transferido para Altamira, no Pará. Nesse tempo na cidade do Rio de janeiro, meu tio Nelson, sargento da Marinha, foi transferido para Brasília e, dessa forma, visitei a cidade por mais duas vezes, em dezembro de 1999 e dezembro de 2000. Não me recordo de muita coisa na época em que morava em Brasília, só lembro que, por muitas vezes, pedia ao meu pai para irmos à cidade, me sentia muito importante por ter nascido na capital. Quando fui visitar meu tio, fiquei muito feliz e encantada com o lugar."

A escolha pela Marinha
"Sempre admirei a carreira de meu pai e, por isso, alimentava a esperança de um dia poder seguir a carreira militar. Na Escola Naval, vi a possibilidade da realização desse sonho. Meu pai é militar do Exército e meu tio, militar da Marinha."

A preparação
"Passei três longos anos distante de meus pais e de meus irmãos, estudando. Foi bem difícil pra mim, mas pude contar com a ajuda de minha avó, meus tios, amigos e, principalmente, de Deus. Comecei a me preparar em 2010 em Resende. Mas, em 2011, como já havia terminado o ensino médio, fui para o Rio de Janeiro e passei três anos estudando e tentando vários concursos, renunciando a várias coisas em prol da realização de um sonho. O pior momento pra mim foi quando meu pai foi transferido para o Acre, mas Deus me ajudou a superar. Soube da aprovação em 10 de dezembro de 2013, estava fazendo o último concurso do ano quando me deram a notícia."

A nova rotina
"Somos do Corpo da Intendência e, sendo assim, atuaremos nas áreas de contabilidade, auditoria, finanças, economia, abastecimento, administração e outros relacionados. A rotina é assim: às 6h, toca a alvorada; às 6h30, toca o reunir para todo o Corpo de Aspirantes, quando são passadas as informações sobre as atividades daquele dia. Em seguida, tem o café da manhã. Às 7h30, começam as aulas. Ao término das aulas, tem o almoço. Logo em seguida, tem o sétimo tempo de aula em que são realizadas diversas atividades, como parada escolar e ordem unida. Logo após, realizamos o Treinamento Físico Militar (TFM). Em seguida, o jantar. Depois, a turma do primeiro ano realiza o estudo obrigatório em sala de aula. Às 22h, toca o silêncio e vamos dormir no alojamento."

O estudo
"Português, inglês, cálculo, história do pensamento humano, fundamentos da tecnologia da informação, fundamentos navais, navegação, legislação militar naval, expressão oral e desenho técnico são as matérias que temos com os nossos colegas de turma, a única matéria que é diferente é cultura organizacional militar, que temos no lugar de física."

O pioneirismo
"É uma sensação muito legal saber que faço parte da história da Marinha do Brasil e devo isso tudo, principalmente, ao meu Deus, que sempre prometeu me honrar e eu nunca imaginei que seria dessa forma. Eu sou muito grata a Ele e a todos que me deram suporte ao longo do período que me dediquei aos estudos para alcançar a vitória."

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