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Pai todo dia

Separados, homens adaptam a rotina para estar próximos dos filhos em tempo quase integral e, assim, não perder nenhuma etapa do crescimento da criança

Ser pai pode não significa estar junto o tempo todo, mas quando ele é divorciado e a mãe tem a guarda do filho ; como ocorre na maioria dos casos, já que a Justiça brasileira costuma dar prioridade a ela ; acompanhá-lo em momentos do cotidiano e participar do dia a dia da criança pode ser um pouco mais difícil. Se antes, alimentá-la, dar banho, escovar os dentes e colocá-la para dormir eram hábitos naturais, em casas separadas, é preciso reorganizar o cotidiano para evitar ser o famoso pai de fim de semana.

A situação é também complicada, dependendo da idade dos filhos. Quando muito pequenos, podem sentir falta da mãe por perto e, à medida que crescem, querem fazer mais programas sozinhos com os amigos, principalmente nos fins de semana, dias normalmente estipulados para ficarem com o pai. A solução, para muita gente, é encontrar lacunas no cotidiano dos dois para que convivam e mantenham a relação pai e filho de forma saudável. Cada família organiza a vida e encontra o equilíbrio para atender às necessidades das crianças e do pai, que precisa delas tanto quanto elas dele.

Questão de amor e de geografia
Avós podem ajudar bastante. No caso de André Luiz de Mendonça, 37 anos, servidor público, e da filha Ana Cecília, 8, a avó paterna da menina é essencial. André e a mãe de Ana estão separados há sete anos, mas ele nunca esteve distante da pequena. Os fins de semana sempre foram alternados entres os dois e André não tinha dificuldade quando Ana Cecília era menor, pois, antes da separação, já era ativo nos cuidados com menina e, depois, ainda contava com a ajuda da mãe dele. André não se contentava, porém, com um fim de semana sim outro não, então, visitava a menina sempre que podia durante a semana. "Tivemos que mudar muito a rotina, mas faz parte do processo todo", conta.

Um pouco maior, atualmente, Ana Cecília vai à escola e também tem atividades à tarde, como natação. Como a mãe dela trabalha o dia todo, ela deixa a menina com a avó paterna pela manhã, que mora na Asa Norte, e só a busca no fim do dia. André mora em Águas Claras, mas trabalha perto da casa da mãe, o que facilitou a logística. Assim, ele almoça todos os dias com a filha e ainda a leve para a escola. O trajeto é sempre divertido para os dois. "No carro, ela vai me contando o que está aprendendo de novo na escola, o que tem feito com os colegas e, às vezes, até cantamos". Ela adora música sertaneja e sabe várias de cor.

Separados, mas unidos
Faz sete anos que Benhur Cardoso, 50, dentista e artista plástico, e a ex-esposa se separaram. O processo foi tão amigável que ele continuou morando em casa enquanto preparava o próprio apartamento. Lá, a primeira providência de Benhur foi organizar o quarto da filha, Fernanda Cardoso, 16. "A prioridade, para mim, é que ela quisesse vir para cá e se sentisse bem aqui", conta. Mesmo assim, o início foi difícil para os dois. Continuaram se vendo todos os dias, mas não seria a mesma coisa. Para Fernanda, a casa ficou mais vazia. Para Benhur, ele estava mais sozinho.

Não há regras rígidas sobre quando Fernanda fica com cada um dos pais. A mãe costuma levá-la à escola. Benhur a busca às segundas-feiras e sempre dá um jeito de vê-la. Os dois se encontram todos os dias, exceto domingos ; ainda assim, de vez em quando, acontece. Sexta-feira é o dia de folga do pai e os dois aproveitam para ficar juntos de manhã até a noite. Com horários mais maleáveis do que os da mãe de Fernanda, é mais prático para Benhur resolver as pendências da menina durante a semana.

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