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Pai todo dia

Separados, homens adaptam a rotina para estar próximos dos filhos em tempo quase integral e, assim, não perder nenhuma etapa do crescimento da criança

Renata Rusky
postado em 10/08/2014 08:00

Ser pai pode não significa estar junto o tempo todo, mas quando ele é divorciado e a mãe tem a guarda do filho ; como ocorre na maioria dos casos, já que a Justiça brasileira costuma dar prioridade a ela ; acompanhá-lo em momentos do cotidiano e participar do dia a dia da criança pode ser um pouco mais difícil. Se antes, alimentá-la, dar banho, escovar os dentes e colocá-la para dormir eram hábitos naturais, em casas separadas, é preciso reorganizar o cotidiano para evitar ser o famoso pai de fim de semana.

A situação é também complicada, dependendo da idade dos filhos. Quando muito pequenos, podem sentir falta da mãe por perto e, à medida que crescem, querem fazer mais programas sozinhos com os amigos, principalmente nos fins de semana, dias normalmente estipulados para ficarem com o pai. A solução, para muita gente, é encontrar lacunas no cotidiano dos dois para que convivam e mantenham a relação pai e filho de forma saudável. Cada família organiza a vida e encontra o equilíbrio para atender às necessidades das crianças e do pai, que precisa delas tanto quanto elas dele.

Questão de amor e de geografia
Separados, homens adaptam a rotina para estar próximos dos filhos em tempo quase integral e, assim, não perder nenhuma etapa do crescimento da criançaAvós podem ajudar bastante. No caso de André Luiz de Mendonça, 37 anos, servidor público, e da filha Ana Cecília, 8, a avó paterna da menina é essencial. André e a mãe de Ana estão separados há sete anos, mas ele nunca esteve distante da pequena. Os fins de semana sempre foram alternados entres os dois e André não tinha dificuldade quando Ana Cecília era menor, pois, antes da separação, já era ativo nos cuidados com menina e, depois, ainda contava com a ajuda da mãe dele. André não se contentava, porém, com um fim de semana sim outro não, então, visitava a menina sempre que podia durante a semana. "Tivemos que mudar muito a rotina, mas faz parte do processo todo", conta.

Um pouco maior, atualmente, Ana Cecília vai à escola e também tem atividades à tarde, como natação. Como a mãe dela trabalha o dia todo, ela deixa a menina com a avó paterna pela manhã, que mora na Asa Norte, e só a busca no fim do dia. André mora em Águas Claras, mas trabalha perto da casa da mãe, o que facilitou a logística. Assim, ele almoça todos os dias com a filha e ainda a leve para a escola. O trajeto é sempre divertido para os dois. "No carro, ela vai me contando o que está aprendendo de novo na escola, o que tem feito com os colegas e, às vezes, até cantamos". Ela adora música sertaneja e sabe várias de cor.

Separados, mas unidos
Separados, homens adaptam a rotina para estar próximos dos filhos em tempo quase integral e, assim, não perder nenhuma etapa do crescimento da criançaFaz sete anos que Benhur Cardoso, 50, dentista e artista plástico, e a ex-esposa se separaram. O processo foi tão amigável que ele continuou morando em casa enquanto preparava o próprio apartamento. Lá, a primeira providência de Benhur foi organizar o quarto da filha, Fernanda Cardoso, 16. "A prioridade, para mim, é que ela quisesse vir para cá e se sentisse bem aqui", conta. Mesmo assim, o início foi difícil para os dois. Continuaram se vendo todos os dias, mas não seria a mesma coisa. Para Fernanda, a casa ficou mais vazia. Para Benhur, ele estava mais sozinho.

Não há regras rígidas sobre quando Fernanda fica com cada um dos pais. A mãe costuma levá-la à escola. Benhur a busca às segundas-feiras e sempre dá um jeito de vê-la. Os dois se encontram todos os dias, exceto domingos ; ainda assim, de vez em quando, acontece. Sexta-feira é o dia de folga do pai e os dois aproveitam para ficar juntos de manhã até a noite. Com horários mais maleáveis do que os da mãe de Fernanda, é mais prático para Benhur resolver as pendências da menina durante a semana.

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