Por Ricardo Teixeira
Um novo estudo revela que quem sofre de enxaqueca na meia idade tem mais chance de desenvolver a Doença de Parkinson em idades mais avançadas. O risco chega a ser duas vezes maior. A pesquisa acaba de ser publicada pelo periódico oficial da Academia Americana de Neurologia.
Enxaqueca é o problema neurológico mais comum tanto entre as mulheres como entre os homens. Essa associação com a Doença de Parkinson é mais uma razão para um melhor controle daqueles que sofrem desse transtorno.
Para chegar a essa associação entre as duas doenças, mais de cinco mil voluntários islandeses com idades entre 33 e 65 anos foram avaliados. Eles mostraram que quem tinha crises de enxaqueca com aura, um tipo de enxaqueca em que sintomas como estrelinhas no campo visual acompanham a dor de cabeça, apresentavam um risco de desenvolver a Doença de Parkinson mais de duas vezes maior que indivíduos sem enxaqueca. 2.4% dos portadores de enxaqueca com aura tinham o diagnóstico da Doença de Parkinson comparado a 1.1% daqueles sem qualquer tipo e enxaqueca.
Além disso, quem tinha enxaqueca com aura apresentava membros da família com a Doença de Parkinson de forma mais frequente.
Uma disfunção no sistema do neurotransmissor dopamina é considerada a principal falha da Doença de Parkinson, disfunção que também é considerada na enxaqueca. Não há razão para grandes alardes. É importante ter em mente que a associação entre as duas doenças parece existir, mas o risco não é grande.
*Dr. Ricardo é doutor em neurologia pela Unicamp e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília