Há quem veja uma taça de espumante e já pense em comemoração. Não deixa de ser verdade. Porém, cada vez mais, ele vem se tornando uma opção comum para o dia a dia, seja apenas para relaxar depois do trabalho, seja para harmonizar um jantar. "Espumante combina com tudo. Muito mais com o momento do que com o prato que está sendo servido. Além do que, na prática, é mais fácil harmonizar um espumante do que um vinho tinto", afirma o produtor Adolfo Lona, proprietário da vinícola que leva seu nome. A Revista conversou com especialistas para tirar dúvidas sobre a bebida e elaborar uma carta de degustação com espumantes brasileiros.
Dal Pizzol Brut Tradicional ; R$ 43
Chandon Brut Rosé ; R$ 66
Monte Paschoal Moscatel ; R$ 22
Por onde começar?
O moscatel é um espumante tradicionalmente doce, feito a partir da uva moscato. Por ter uma quantidade mais elevada de açúcar, não pode ser fermentado durante muito tempo. Por isso, seu teor alcoólico é mais baixo quando comparado a outros espumantes. "E também porque é preciso equilibrar os sabores para sentir o doce da uva, mas sem o gosto do álcool", explica Luiz Augusto Cronhal, gerente de vendas da Salton.
Os espumantes demi-sec estão em um meio-termo na quantidade de açúcar ; os brut representam o extremo, com pouco açúcar residual. "O brut é um dos mais versáteis porque, dependendo do gosto da pessoa, há como servi-lo desde a entrada até a sobremesa.
A partir do momento em que você passa para um demi-sec ou moscatel, eles serão trabalhados de forma diferentes, já que a harmonização deles com pratos salgados é mais difícil", detalha Dirceu Scottá.
Para quem quer se iniciar, o melhor é escolher entre o moscatel e o demi-sec. "Dando preferência ao último. O moscatel se torna enjoativo no excesso. E, quanto mais você se habitua com o sabor, quer menos açúcar. É quando entra no brut", esclarece Luiz Augusto.
Há ainda a categoria dos espumantes extra brut, na qual se encontram produtos mais concentrados, envelhecidos e, muitas vezes, de maior valor.
Dirceu ainda aponta os vinhos frisantes, que têm menor nível de gás carbônico, como mais uma opção aos que querem experimentar uma bebida similar ao espumante. O importante, afirmam os especialistas, é manter o próprio gosto em foco.
"Se você gosta de espumante demi-sec e quiser harmonizar do início ao fim, por mais que a lógica diga que isso não vai cair muito bem, é seu gosto e não há regra que vai negar que está certo", completa o especialista. No Brasil, há marcas de qualidade em todos os segmentos.
Espumante Pedregais Brut ; R$ 50
Salton Reserva Ouro ; R$ 30
O que combina com espumante?
Se depender dos produtores, tudo, já que a opinião entre eles é unânime: o espumante é a mais versátil das bebidas. Mesmo que, por ser um vinho, ele siga regras, sua leveza faz com que tenha menos amarras. "Podemos combiná-los com a entrada, com o prato principal e com a sobremesa. Todos os cursos de sommelier têm a orientação de que o espumante pode ser trabalhado em diferentes formas e com diferentes pratos", afirma o vice-presidente do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho, Dirceu Scottá.
De acordo com ele, as possibilidades são tantas que já se tornou comum, em festas de carnaval no Rio de Janeiro, combinar a bebida com feijoada. Isso mesmo! "Não é harmonização, mas contraposição. Você pega um prato mais gorduroso e une com um produto de acidez elevada e gás carbônico, que ajuda a limpar suas papilas gustativas.
Por isso, cai perfeitamente." Atualmente, o grande esforço das vinícolas é mostrar ao público que o consumo da bebida não deveria estar restrito a celebrações de fim de ano. "Há um cacoete de condená-la a momentos festivos.
Mas o brasileiro começa a ver que não é preciso ser assim. Comprovamos que o brasileiro mudou de hábitos porque, antigamente, 80% das vendas se concentravam nos últimos meses do ano. Agora, são 40% no primeiro semestre e 60% no segundo", explica Adolfo Lona. O produtor afirma que é preciso tornar a bebida mais comum no litoral do país por conta do clima. "O mercado cresce entre 5% e 10% ao ano há décadas. Acredito que o espumante tenha um futuro brilhante no país", projeta.
Joaquim Espumante Branco Brut (blanc de blancs) ; R$ 69
Chandon Réserve Brut ; R$ 62
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